08. A Flor

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Naquela manhã de sábado, Gustavo não estava muito interessado em trabalho. Cansado já de fazer notas, esticou a cadeira para trás e ficou olhando pela janela. Já mais cedo, tio Romão lhe tinha perguntado se ia trabalhar ou ver Elisa. Ver Elisa! Obviamente se referia ao desenvolvimento de seu plano. Havia um pouco de sol e as flores pareciam bem bonitas. Olhou o relógio e viu que faltavam vinte para o meio dia. Decidiu sair para buscar uma flor para Elisa. Certo de que isso o ajudaria em seu plano, escolheu a que achou mais bonita. E aproveitando uma oportunidade em que ela se encontrava sozinha, foi lhe entregar. Era um risco que corria com Nono estando no cômodo ao lado, mas queria mesmo estar com ela antes de partir. E também, mesmo que Frosina não gostasse dele, confiava que os protegeria de alguma forma. De fato Nono chegou logo após Elisa sair. Gustavo deu uma desculpa para sua ausência, e conversando sobre sua suposta noiva com Nono, respondeu as perguntas novamente pensando em Elisa, se atrapalhando um pouco quando falou da idade, já que não tinha muita certeza da idade dela. Por fim seu Nono pediu para ver uma foto dela. Tudo bem, arrumaria qualquer coisa.

No dia seguinte, domingo, Gustavo decidiu passar na casa de seu Nono para devolver uma chave e assim demonstrar preocupação. Quem sabe via Elisa? Chegou em hora atribulada com Tomáz brigando com seu Nono e disposto a sair de casa. Ainda veio ameaça-lo! Com seu temperamento explosivo não conseguia lidar com seu Nono. Além do mais a desconfiança que tinha de Gustavo e o ciúme que parecia sentir da relação deste com seu pai o impedia de aceitar ajuda de Gustavo, preferindo acusa-lo de interesseiro e de um mero puxa-saco.

Dessa vez, no entanto, mesmo receoso, responderia Tomáz a altura das acusações. Acreditava que por conta dessa briga não correria risco de seu plano falhar em relação a seu Nono. Conversando com seu Nono entendeu melhor o que se passava e aconselhou seu Nono a se entender com o filho. Explicou que achava importante pois sentia muito a falta do pai. Procurou não se estender sobre o assunto que lhe causava muita dor. Nono porém estava resolvido a deixar Tomáz partir e colocar Gustavo em seu lugar. Gustavo se surpreendeu com essa declaração, mas uma imensa satisfação tomou conta de si: Nono estava em suas mãos. Enquanto refletia vitorioso, aproveitou para comemorar consigo mesmo, bebendo do leite que ignorava tinha sido o motivo da briga de pai e filho.

Gustavo não encontrou Elisa, mas encontrou seu Anselmo. E vendo-o perguntar de Elisa, decidiu sonda-lo para saber do verdadeiro interesse que este tinha por Elisa. O que pensava sentir sobre ela? Não queria que seu plano prejudicasse terceiros, mas queria ter garantias de que daria certo e que não tivesse ninguém atrapalhando isso. Se seu Nono insiste nessa história há um grande risco de tudo dar errado. Se por outro lado, o próprio Anselmo desiste dessa ideia, haveria uma maior garantia de sucesso.

Anselmo, no entanto, não parecia disposto a mudar de ideia. Acreditava ser genuíno seu interesse por Elisa. Para completar ainda conta feliz do seu plano de comprar um anel de noivado como presente de aniversário para Elisa. Gustavo ficou tenso com essa notícia. Um anel de noivado ia deixar tudo mais oficializado...

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