16. O retrato

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A manhã do dia seguinte à festa estava um pouco agitada com seu Nono bem animado, ao contrário de quando foi dormir, ainda por conta da festa. Enquanto se servia o café da manhã, se distraiu um pouco observando Elisa e quase que Frosina lhe servia leite. Evitou a tempo para se manter fiel à mentira que contara a seu Nono sobre seus costumes alimentares, apenas para agrada-lo mais de sua pessoa. Após o café, aproveitando que seu Nono se mantinha distraído jogando com seu Anselmo, foi até o jardim encontrar-se com Elisa. Estava ansioso para encontra-la depois da festa de ontem. Dessa vez conseguiria falar sobre como seria a negativa dela a seu Anselmo. Era importante incentiva-la nesse aspecto para que não temesse a negativa. Igualmente necessário era planejar bem isso. Não queria que seu Anselmo se sentisse ofendido e além do mais o motivo que desse deveria ser convincente, pois qualquer erro desses poderia prejudicar todo o andamento do plano. Gustavo achava que estava conseguindo acalma-la em relação a essa tarefa.

Aproveitou para ficar um tempo a mais com Elisa e ao voltar para casa teve uma surpresa ao encontrar Nono procurando por ele no escritório. Estava abalado porque seu Anselmo, parece, continuava desconfiado das intenções de Gustavo para com Elisa. Gustavo justificou sua ausência usando da desculpa costumeira. Com isso seu Nono nada estranharia, mas seu Anselmo com suas cismas poderia suscitar desconfianças em seu Nono. Gustavo resolveu então mostrar a foto de sua suposta noiva. Acreditava que isso pudesse acalmar seu Anselmo. Tinha conseguido a foto uns dias antes de se mudar para casa de seu Nono. Na vez que seu Nono pediu para ver uma foto dela pensou em providenciar uma e resolveu ligar para uma amiga que conhecera nos tempos de faculdade. Sabrina tinha sido namorada de um amigo seu do curso de administração e sendo uma pessoa bem tranquila, achou que podia contar com ela para fornecer-lhe esta foto que usaria como sendo de sua noiva. Estava certo: Sabrina logo concordou com a brincadeira e na primeira oportunidade, ele foi à capital buscar a tal foto. Manteve a foto na carteira aguardando a necessidade de mostra-la a seu Nono. Era então chegada essa hora. Ficou muito feliz quando viu que a ideia estava dando certo. Nono também achou que a foto acalmaria a cisma de seu Anselmo e foi correndo lhe mostrar. Gustavo se sentiu satisfeito porque por ora, seu Anselmo pararia com suas implicâncias.

Infelizmente essa calmaria não durou muito tempo. Nesse mesmo dia, aproveitando o descanso do seu Nono foi passar mais um tempo com Elisa, até serem interrompidos com a segunda visita de seu Anselmo. Gustavo achou por bem não ficar por perto, mas assim que seu Anselmo se afastou descobriu por Frosina e Elisa que seu Anselmo continuava desconfiado. Pensou então que só havia uma coisa a fazer: convidar Sabrina para se passar pessoalmente por sua noiva. Não estava em seus planos fazer isso e não sabia se ela aceitaria, mas resolveu arriscar. Era possível que devido a seu jeito tranquilo ela aceitasse. Telefonou para ela imediatamente e felizmente ela se dispôs a tirar um dia para visita-los como sendo sua noiva.

Decidiu então fazer logo o anúncio a seu Nono aproveitando a presença de seu Anselmo. Pediu a Frosina que preparasse um café para levar para seu Nono para ter como desculpa para ir até o quarto. É claro que fingiria ser coincidência e que não pretendia falar na frente de seu Anselmo para demonstrar que sua presença ali naquele momento teria sido por acaso. Ainda conseguiu apresentar indiferença com a abordagem dele, como se não soubesse o que ele tinha a dizer. Seu Nono, como sempre, veio em seu socorro obrigando-o a falar e impedindo a tempo seu Anselmo de se manifestar. Achou que foi tudo perfeito. Depois de anunciar que a noiva tinha voltado de viagem mais cedo, iria leva-la até lá para conhecê-los. Por fim ainda fingiu-se interessado no que seu Anselmo teria a dizer.

Gustavo ficou muito satisfeito com sua atuação e sua nova ideia. Tudo se encaminhava bem agora. Não era possível que seu Anselmo continuasse com sua desconfiança.

Nessa noite, seu Nono também resolveu introduzir mais uma de suas idiossincrasias ao sugerir uma refeição de oito minutos. Comer em oito minutos? Pra que? Que diferença fazia? Gustavo procurou concordar com tudo, aceitando com naturalidade mais essa ideia estapafúrdia, como costumava fazer para não contrariar seu Nono. Mas não deixou de se preocupar ao observar Elisa, que parecia abalada em ter que lidar com mais isso. Pensou então em consola-la demonstrando que não estaria sozinha nessa nova empreitada. Esperou seu Nono se retirar para o escritório, para então lhe fazer um gesto que indicasse isso, antes dele mesmo voltar para o trabalho com seu Nono. Sentiu-se bem ao ver que sorriu. Ainda mais encantado, se voltou para olha-la mais uma vez enquanto partia. Estava muito feliz por poder estar com ela.

O jantar acabou sendo atribulado. Além de terem de comer depressa demais, Tomáz apareceu e se mostrou revoltado por Elisa ter que passar por isso. A briga entre ele e Nono parecia que ia piorar, quando Nono, provavelmente ainda movido pela noite anterior, interrompeu a confusão porque se dizia muito feliz e não queria que nada atrapalhasse essa sua felicidade. Saiu e todos estranharam. Gustavo ficou pensando o que poderia ter motivado tal comportamento e o que isso iria implicar em sua vida.

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