O lado de Gustavo

12. A mudança de Gustavo

Era chegada a hora de partir. Gustavo estava muito abalado em deixar dona Judite. Naquela última noite na casa dela tinha tido mais uma de suas conversas com tio Romão sobre o andamento de seu plano e fez uma última tentativa de descobrir o que ele guardava no seu bauzinho. Tio Romão foi severo ao impedir que mexesse então Gustavo não teve sua curiosidade satisfeita.

Agora sair da casa de d. Judite estava sendo muito difícil para ele e também para ela, pois tinham se apegado muito um ao outro. Ele até se preocupou em continuar ajudando, pagando ainda o aluguel do quarto que deixava. Sempre teve essa preocupação e estima para com ela. Da vez que seu Nono inventou de visitar seus inquilinos de surpresa para poder aplicar-lhes multas, escolheu ela logo de primeira deixando Gustavo perturbado. Provavelmente fez isso de propósito para evitar que Gustavo a avisasse. Ele sempre desconfiou que Gustavo pagava escondido o aluguel do quarto e dizia que era sua protegida, mesmo que Gustavo tivesse dito tantas vezes que isso não acontecia. Felizmente, apesar dessa desconfiança, Nono nunca deixou de confiar sempre e mais nele, o que ajudou muito no andamento do seu plano.

Agora a partida se fazia necessária para continuar seu percurso e foi com muita tristeza que Gustavo deixou a casa de dona Judite, recusando tomar um chazinho do tio Romão.

A chegada à casa de seu Nono até que foi tranquila. Procurou falar tudo o que lhe pudesse agradar, especialmente no interrogatório que Nono fazia a respeito de comida. Nono estava muito feliz em ter Gustavo como seu novo hóspede, pensando provavelmente o quanto poderia explorar sua presença ali. Surpreendente neste momento foi a chegada de Elisa usando uma estranha maquiagem. Na hora Gustavo ficou sem jeito: não sabia como agir, o que fazer?, mas acabou rindo se deixando levar pelas provocações de seu Nono. Logo viu o erro que cometera: rir-se de Elisa poderia colocar tudo a perder. Viu que ela tinha ficado decepcionada e ele ficou muito perturbado: não adiantaria ganhar toda a confiança de Nono se perdia o interesse de Elisa. Precisava manter os dois em pé de igualdade. Mas pensaria nisso depois. Neste momento não teria como contornar a situação. Talvez, dessa vez, fosse mais fácil convencer Elisa...

Naquela noite Gustavo parecia ter estranhado o colchão da nova cama, o que era incomum, já que esteve se mudando e viajando tantas vezes. Lembrou de ir buscar seu cigarro no casarão. Pensava no que dizer a Elisa, quando como uma sorte a encontrou no meio da noite. Teve que mais uma vez improvisar e achou que poderia usar de seu artificio para convence-la se desculpando com suas falsas palavras românticas. Elisa se mantinha aborrecida, contestando essas suas palavras. Gustavo achou encantador esses seus lamentos e não resistiu a um gracejo, sem precisar usar de suas falsas palavras. Pensou que estava quase convencendo ela, quando Frosina apareceu interrompendo mais uma vez. E estava bem contrariada, ameaçando Gustavo se estivesse enganando Elisa. Ele até tentou contestar: não gostava quando Frosina duvidava de seus interesses para com Elisa. Porém ficou bastante preocupado com a ameaça.

Gustavo não soube como teria sido a próxima entrevista a sós com Elisa, porque seus erros foram abafados pelo acontecimento seguinte.