Capítulo 3: É nosso segredo de Natal.

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Bia

Fiquei do lado da porta do banheiro, enquanto Florence e Emma estavam sentadas na cama lendo as instruções da caixa do teste de gravidez. Anne abriu a porta, depois de ter ficado 10 minutos lá dentro, com os olhos arregalados e o rosto tão vermelho quando as bochechas.

—Eu vou ser mãe! —Exclamou, parecendo muito assustada. —Eu não sei cuidar de um bebê! Como vou conseguir ser mãe? Posso acabar derrubando ele. Aí meu Deus, e se for menina? Acho que eu vou passar mal...

—Calma, Anne! —Exclamei, puxando ela até a cama, vendo que ela estava à beira das lágrimas.

—Calma? Calma? —Repetiu, soltando um grunhido. —Como vou contar isso pro Peter? Meu Deus, eu consigo ver a reação dele daqui.

—Ele vai desmaiar. —Emma murmurou, soltando uma risadinha. —E eu vou rir da cara dele.

—Emma! —Anne chiou, passando as mãos no rosto. —É sério. Vocês estão entendendo o que está acontecendo?

—Você está grávida. —Florence afirmou, sorrindo tanto que as bochechas estavam rosadas. —E nós vamos ser tias!

Olhei pra elas, pensando na minha última conversa com Zack. Quando se vem de uma família com muitos filhos e irmãos, o assunto "gravidez" é algo bem recorrente. Sempre me senti sozinha quando era apenas eu. Então veio meus primos e logo em seguida veio o Adam, que é como um pontinho de luz na minha vida. Sempre quis ter um irmão. E tenho certeza que vou ter mais de um filho também.

—Ai meu Deus! —Anne se deitou na cama, se sentando segundos depois, arregalando os olhos quando alguém bateu na porta.

—Anne? —Peter tentou abrir a porta, mexendo na maçaneta. —Por que a porta tá trancada? O que vocês estão fazendo aí dentro?

—Vá embora, Peter! —Emma exclamou, fazendo uma careta para a porta. —Isso aqui é coisa de mulheres.

—É o meu quarto, sua maluca! —Peter gritou, batendo na porta. —Sabiam que o Snow está parado aqui fora querendo entrar também? Abram logo!

Olhemos para Anne, tentando saber se ela queria abrir a porta naquele instante ou não. Ela olhou pra nós por alguns segundos, antes de disparar em direção ao banheiro, levando as caixas dos testes junto, antes de fechar a porta e a trancar. Esperamos até ouvir o som do chuveiro ligado e então caminhamos até a porta juntas e a abrimos.

—Finalmente, hein! —Peter resmungou, passando as mãos pelos cabelos cheios de flocos de neve. —Tá um frio desgraçado lá fora. Só quero trocar de roupa e me esquentar.

—Tudo bem, chato. Já acabou com a nossa diversão mesmo. —Emma afirmou, mostrando a língua pra ele quando saiu do quarto.

—Cadê a Anne? —Peter indagou, passando por Florence e eu pra entrar no quarto.

—Ela foi tomar um banho. Estava se sentindo um pouco mal. —Afirmei, abrindo um sorriso pra ele, que me olhou com os olhos cerrados. —Não se preocupe, ela está bem. Sabe mais do que ninguém como ela fica quando está doente.

Peter não respondeu, porque eu já havia saído do quarto e o deixado sozinho. Florence e Emma desceram para a cozinha, enquanto eu calçava minhas botas e ia pra garagem pegar as caixas com decorações de Natal que havia comprado antes de Emma me chamar pra dentro.

Meu amor pelo Natal não mudou com os anos. Na verdade, acho que está maior ainda. Depois daquele Natal onde tudo entre Zack e eu aconteceu, essa data acabou se tornado ainda mais especial pra mim. Não é só a parte romântica por ele ter me pedido em namoro nessa data. É a parte da família também.

Olhei para o portão da garagem quando ele se abriu, sorrindo ao ver o carro de Zack entrar e estacionar ao lado do meu. Desviei minha atenção para as caixas no banco de trás do meu carro, pegando uma delas com cuidado, antes de sentir a presença dele atrás de mim.

—Oi, linda. —Murmurou, puxando a caixa da minha mão quando me voltei pra ele. Abri um sorriso maior ainda, sentindo meu estômago se encher de borboletas quando ele se aproximou, beijando meus lábios com uma necessidade que deixava claro que estava com saudades.

8 anos juntos e tudo que eu mais ouço são perguntas sobre quando vamos nos casar. Mas o que é um papel assinado perto do que temos? Já moramos juntos e já temos uma vida juntos. Óbvio que quero me casar e tenho certeza que Zack vai me pedir em breve, mas não me incomodo de chamá-lo de namorado ainda. Não quando eu sei que o que temos vai durar pra sempre.

—Senti sua falta. —Ele se afastou, deixando um selinho nos meus lábios. —Senti falta das duas.

—De nós duas? —Indaguei, vendo ele olhar pra mim com um sorriso tão grande que deixava a mostra aquelas covinhas apaixonantes.

Zack deixou a caixa dentro do meu carro de novo, antes de olhar para a porta que dava para dentro de casa e então se ajoelhar na minha frente. Não importava quantas vezes ele fazia aquilo, meu coração sempre dava uma cambalhota no peito e acelerava como se fosse explodir em milhões de fogos de artifício.

—Das duas. —Concordou, colocando as mãos na minha barriga. —Oi, bebê, papai voltou. Estava com saudades.

E essa era a parte que eu me derretia por completo, sentia vontade de chorar e de enche-lo de beijos. Mas acho que toda essa coisa sentimental demais e essa vontade absurda de chorar por qualquer demonstração de amor dele pelo bebê é mais do que normal em uma gravidez.

Faz tão pouco tempo que sabemos e já é algo nosso. É nosso segredo de Natal.

—Está ouvindo, linda? —Ele encostou a testa na minha barriga, enquanto eu acariciava seus cabelos macios, vendo os fios castanhos, quase loiros, se enrolarem nos meus dedos. —Papai já está mais do que ansioso pra te conhecer.

—Como tem certeza que é uma menina? —Indaguei, vendo ele deixar um beijo demorado ali e se levantar, me abraçando pela cintura.

—Intuição de pai. —Ele me deu um selinho demorado. —Não vejo a hora de dividirmos isso com todo mundo.

Soltei uma risada, afundando meu rosto na curva do pescoço dele. Havíamos descoberto a gravidez algumas semanas atrás. Na verdade, foi ele quem percebeu. Não me senti tão mal e muito menos notei algo diferente. Mas Zack notou. Citou cada coisa que estava diferente no meu corpo e nos meus hábitos. Fizemos o teste juntos e comemoramos juntos.

Fizemos um acordo de contar pra todos juntos no Natal, quando toda família estaria reunida aqui. Não contei para Anne, Florence e Emma por isso. Mas também não vou contar a Zack sobre Anne, porque é ela quem tem que decidir quando contar.

De qualquer forma, temos nosso próprio milagre aqui. E tenho a sensação que esse era o último motivo que faltava para Zack me pedir em casamento. Tenho a sensação de que vai fazer isso. E acho que vou morrer de ansiedade até descobrir se sim.



Continua...

10 Maneiras de Salvar o Natal / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora