Capítulo 10: O melhor presente.

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Anne

Me encolhi na cama, encarando a janela e vendo a neve cair lá fora. As conversas altas e risadas ecoavam do andar de baixo, mas meu nervosismo me impedia de ficar animada. Eu estava ansiosa para contar para Peter e não sabia como chamá-lo e começar a falar. Fazer uma supresa nunca foi algo tão difícil como agora.

Ergui os olhos para a porta quando escutei uma batida, antes de ver ela ser aberta e Peter passar por ela, girando os olhos pelo quarto até parar no meu corpo sobre a cama. Me encolhi ainda mais, vendo ele franzir a testa e abrir um sorriso ao mesmo tempo.

—O que está fazendo, ruiva? Está se sentindo mal? —Indagou, se aproximando da cama até se sentar. Senti a mão dele tocando meu tornozelo, com o polegar fazendo círculos na minha pele, em um movimento carinhoso. —Quer que eu faça algo por você? Tem algo que eu possa fazer?

Olhei pra ele por alguns segundos, sentindo meu coração acelerar e a vontade de chorar aumentar. Nem sabia porque estava com vontade de chorar, mas eu sei que eu queria fazer aquilo o tempo todo. Era estranho e eu odiava.

—Deita aqui comigo. —Pedi, me afastando um pouco para que ele se deitasse atrás de mim. Peter fez na mesma hora, tirando o tênis e os chutando para o lado. Ele se deitou, abraçando minha cintura e me puxando até que minhas costas estavam colocadas com o peito dele.

—Agora vai me falar o que está havendo? —Ele beijou a curva do meu pescoço, escorando o queixo no meu ombro. —Você está estranha comigo a dias e isso está me deixando confuso, ruiva. Fiz alguma coisa errada?

—Você não fez nada de errado. —Murmurei, segurando as mãos dele e entrelaçando nossos dedos. —A única vez que fez algo errado foi quando jogou aquela torta em mim.

—Hm... jurei que já havíamos superado isso. —Ele sorriu quando eu acabei soltando uma risada. —Sim, a torta. Nunca vamos esquecer disso, não é? Onde tudo começou.

—Onde tudo começou. —Concordei, virando a cabeça para olhá-lo por cima do ombro. A respiração de Peter acariciou minha bochecha e ele sorriu mais ainda quando percebeu que eu o estava encarando. —Estamos a muito tempo juntos.

—Sim. E eu já teria me casado com você se não fosse tão malvada comigo. —Afirmou, fazendo um biquinho triste com os lábios, mas eu ainda podia ver a diversão cintilando nos seus olhos azuis. —Quantas vezes eu pedi? Mais de 100 vezes, tenho certeza.

—98. —Corrigi, vendo ele soltar uma risada e esconder o rosto no meu ombro. —Mas quem é que está contando, né?

Ele mordeu meu ombro de leve, me fazendo soltar uma risada e afundar o rosto no travesseiro. As mãos de Peter deslizaram pela minha cintura e pararam na minha barriga, me fazendo ficar rígida no lugar, lembrando do real motivo do porque estávamos ali. Peter se afastou quando percebeu o que havia acontecido, me deixando ver sua expressão confusa quando o olhei por cima do ombro de novo.

—O que foi? —Ele juntou as sobrancelhas. —Está naqueles dias?

Senti vontade de rir, porque aquilo era o tipo de coisa que Peter perguntaria. Me virei e segurei o rosto dele, deixando um beijo demorado nos seus lábios, antes de saltar da cama.

—Fique bem aí. Vou pegar uma coisa que tenho pra você. —Falei, vendo ele se sentar com as costas na cabeceira da cama, me olhando com as sobrancelhas erguidas, parecendo ainda mais confuso.

Fui até o armário, puxando a gaveta e pegando a pequena caixa branca com um laço prateado. Engoli em seco, me virando para Peter, vendo que ele estava observando cada movimento meu com muito interesse. Voltei para a cama com a atenção dele na caixa. Peter abriu um sorriso muito grande, parecendo ansioso pra ver o que iria ganhar.

—Você comprou um presente pra mim? —Questionou, animado. —Ah, ruiva, por que comprou um presente pra mim? Ainda não é Natal.

—Pois é. Mas o presente foi uma surpresa pra mim também. —Comentei, vendo ele franzir a testa, sem tirar os olhos da caixa. Me sentei na cama, vendo Peter balançar a cabeça e me puxar para o seu colo, rindo ao ver minha careta. —Ei... —Puxei a caixa para longe dele quando Peter tentou abri-la. —Só respira fundo e fica calmo, tá bom?

—Eu estou calmo. —Ele deixou um beijo nos meus lábios e pegou a caixa, parecendo mais do que ansioso em ver o que eu havia comprado.

Senti meu coração martelando no peito, enquanto via Peter deixar a caixa entre nós dois e então puxar o laço, olhando pra mim com um sorriso antes de puxar a tampa e finalmente ver o que havia ali. Olhei pra ele, vendo seus olhos ficarem fixos no par de sapatinhos que havia na caixa. Ele pegou um, deixando-o na palma da sua mão, o observando com a testa franzida e os lábios unidos.

Peter não disse nada por um longo tempo. Apenas observando aquilo sem nem ao menos piscar. Senti minhas mãos soando de nervosismo quando ele pegou o outro sapatinho e colocou na palma da sua mão ao lado do outro, engolindo muito lentamente, antes de soltá-los de volta dentro da caixa. Percebi nesse momento que ele estava um pouco pálido. Talvez, muito pálido.

—Peter? —Chamei baixinho, vendo ele erguer os olhos até os meus, um pouco assustados. —Eu preciso muito que você diga algo.

Ele soltou uma respiração pesada, olhando para o par de sapatinhos, antes de tirar a caixa do espaço entre nós e me abraçar apertado, afundando o rosto nos meus cabelos.

—Isso não é brincadeira, é? —Perguntou, com a voz abafada e trêmula. —Meu Deus, ruiva, me diz que isso não é brincadeira!

—Não é brincadeira. —Afirmei, vendo ele se afastar e me encarar, com os olhos um pouco vermelhos. —Vamos ser pais, Peter. Eu e você.

Soltei uma risada quando ele soltou um grito super animado e me puxou para um abraço ainda mais apertado, enchendo meu rosto de beijos de uma forma que fez meu coração derreter dentro do peito.

—Eu te amo, te amo, te amo! —Declarou, segurando minha cintura e me colocando deitada de costas na cama, antes de espalmar as mãos na minha barriga. —Meu Deus, acho que eu vou passar mal... Para, fica bem paradinha.

Peter me segurou quando fiz menção de me sentar. Fiquei parada, olhando ele se deitar ao meu lado, com o rosto próximo a minha barriga. Ele ergueu um pouco minha camiseta, tocando minha barriga com a palma da mão, enquanto estava com um sorriso muito, muito grande no rosto. Ele soltou uma risada, deitando a cabeça ali e abraçando meu quadril.

—Esse é com certeza o melhor presente que eu poderia ganhar, ruiva. —Ele deixou um beijo demorado na minha barriga, soltando um suspiro de felicidade antes de encostar a bochecha ali, ao mesmo tempo que eu passava as mãos nos seus cabelos. —Eu te amo. Obrigada.

—Você está me agradecendo por isso? —Soltei uma risada, vendo ele balançar a cabeça afirmativamente, sem desgrudar da minha barriga. —Eu também te amo, Peter. Agora vamos ser três.

—Ou quatro. —Comentou, como se não fosse nada, fazendo meus olhos se arregalarem ao perceber que aquilo realmente era possível.

Peter soltou uma gargalhada, se erguendo para me puxar para um abraço, segurando meu rosto e me beijando com tanta força que fiquei sem ar. Mas passei meus braços ao redor dele, feliz ao sentir que aquele era meu lugar favorito.

—Anne? —Ele afastou os lábios dos meus, ainda com aquele ar de felicidade presente nos olhos. —Pelo amor de Deus, casa comigo? —Ele afundou o rosto no meu pescoço de novo quando soltei uma risada, beijando meu ombro e me apertando entre seus braços. —É sério, ruiva, casa comigo?

Passei meus braços ao redor dos ombros dele, sentindo o calor do seu corpo me deixar feliz e relaxada. Abri um sorriso e beijei o pescoço dele, antes de finalmente responder.

—Sim.



Continua...

10 Maneiras de Salvar o Natal / Vol. 4Onde histórias criam vida. Descubra agora