Capítulo 9.

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No final, decidimos ficar no vilarejo mesmo. Enquanto nos aproximávamos, víamos todas as pessoas saindo de suas casas, indo em direção ao nosso destino. Cada pessoa carregava, consigo, alguma coisa para ajudar no churrasco. Não consegui distinguir bem o que estavam levando, mas devia ser mais carne e outros tipos de comida. Parei de analisar o lugar quando escutei a voz de Bárbara.

- É... Gente... Eu tô vendo a minha ali, eu não acho-
- Quê? Onde? - Olhei em volta, curiosa. Ela apontou discretamente para que eu a visse, e quando a avistei, é claro que fiquei nervosa.
- ... Eu não acho que é uma boa hora pra causar uma cena, eu não sei se eu deveria ficar aqui.
- Você quer ir pra casa? A gente te leva.
- ... E se eu me esconder em algum lugar e 'oceis pegar churrasco pra mim levar, hein?
- Olha, Bárbara... Se você achar melhor, a gente pode pegar sim. Quer dizer, não sei se eu posso, mas... Sei lá. Minha mãe nem deve estar aqui-
- Anastasia!! Que bom que veio!! - Escutamos a voz de Wagner de longe. Nem ferrando que ela estava aqui... Logo agora. Tapei a boca na hora. Eu estava no campo de visão dela, até Amelie entrar em minha frente.
- Tome cuidado! Vamos pro canto.

Nós andamos um pouco mais perto das árvores, nos escondendo atrás de um dos troncos. Até que fomos interrompidos por Adrian, que andava até nós (mais especificamente, até Milo) com os braços abertos.

- Milo!! - Milo ficou radiante com a presença dele, e eles se abraçaram.
- Adrian!
- E aí, garotão? - Enquanto isso, Amelie puxou eu, novamente, e Bárbara para trás dela. Fiquei apenas escutando e vendo toda a conversa, de fininho. - Como é que tá? Eu fiquei hoje pra comer um churrasquinho... Eu trouxe um monte de coisa do barco, amanhã eu tenho que ir embora mais tarde, com um monte de coisa.
- É, hoje foi um dia um pouco diferente... Você normalmente me conta várias histórias, mas acho que eu vou finalmente contar uma história interessante.
- Ah... Eu tô vendo que você conheceu a... Como é que tá? Colou um...? - Ele fez uns sons de beijinho com a boca. Eu me segurei para rir, e Bárbara também.
- ... Até você, Adrian? Enfim... Olha isso aqui. - Ele levantou a perna para mostrar a picada.
- Quê isso!? Quê que 'cê fez? Você fudeu com a perna! Quer dizer, você estragou a sua perna!
- É... Uma cobra.
- Uma mordida de cobra...?
- ... Venenosa...
- Venenosa!?
- Eu tô bem, já! Eu tô bem!
- Eu ia chamar a Návia, tá maluco.
- Quê? Não, não. Inclusive, foi ela que me socorreu... Eu quase morri hoje, mas... Enfim, é uma história. Mas eu peguei o remo, e bati nos cachorro! Cachorro selvagem, eu não via cachorro a muito tempo! Acho que a gente fez muito barulho na praia, daí vieram uns cachorro, cobra, nossa... Foi difícil, mas foi mais um dia diferente. Eu conheci gente nova, é... Foi bom. Acho que, quando eu tiver um bom tempo, vou conseguir te contar algumas coisas que eu descobri sobre a Ilha. - Adrian o olhava, com um sorriso orgulhoso, prestando atenção em toda a história.
- Tio Adrian, tio Adrian!! - Amora veio correndo até ele, que a abraçou.
- Ah, Amorinha!!
- Tio, 'cê nem acredita! O Super Milo salvou o Bisteca! Ele salvou o Bisteca!
- Ele o quê?
- E olha aqui o que eu ganhei o que eu ganhei da Amora! - Ele puxou um papel de seu bolso. Provavelmente seria um desenho super fofo dela. Eu guardo até hoje todos os que ela fez pra mim.
- Você que fez isso, Amorinha?
- É... Essa aí tem futuro, hein?

De longe, Barnabé começou a se aproximar de nós. Eu queria falar com ele, mas estava com medo de que dona Anastasia me visse.

- Ah... E aí?
- Opa, Barnabé!
- Como é que tá, irmão?
- Tô... Tô bem!
- É verdade, viu Adrian? Esses menino aí são de ouro, aquele ali atrás também. - Ele apontou para Olivier.
- ... Opa...!
- Pode chegar aí, Olivier! Vem cá! - Assim, ele foi lentamente até Milo.
- Então Adrian, esse aqui é o Olivier, aquela ali é...
- É, eu conheci eles no barco, eles me ajudaram um monte, inclusive! Deu um problemão no barco. Você não viu? Um monstrão de três 'braço, começou a subir o barco! Se não fosse esse aqui, ó. - Ele apontou para Olivier. - Tá maluco...
- Nossa, fui eu, seu mentiroso! - Amelie exclamou.
- Não, ela tava lutando com o outro que apareceu na frente! Um polvo com dez tentáculos! Essa cicatriz aqui. - Ele apontou em seu próprio rosto. - Foi nessa hora.
- É verdade, é verdade. Eu era o tentáculo.
- Eu espero que você consiga me levar nessas suas aventuras aí. Você vive me contando, e eu tô louco pra participar.

Us Against the Dark (O Segredo Na Ilha | Amelie Florence).Onde histórias criam vida. Descubra agora