Julieta Belmonte tem plena convicção de que a sua amizade com Romeu Martinelli não possui a mínima chance de se colorir.
Com dezessete anos e várias experiências amorosas que foram um tremendo fiasco, a última coisa que Julieta queria era se apaixo...
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A resposta me fez dar um passo para trás, em um misto de descrença e dúvida se tinha realmente ouvido direito.
— O quê? Isso é absurdo, Romeu! — Convicção recheou as sílabas. — Caramba, há quanto tempo a gente é amigo?
— Sei lá, uns doze anos... — Imergiu em um silêncio analítico por um instante, como se estivesse confirmando mentalmente sua fala. — Por isso é perfeito. A gente se conhece o suficiente pra saber que não somos o tipo um do outro, então, não corre o risco de dar errado.
Balancei a cabeça em negação, totalmente-por-cento convicta em rejeitar sua proposta.
— Isso é maluquice! — ênfase inundou as sílabas — Não aprendeu nada com o filme da Mila Kunis que a gente viu ontem? Eles ficam juntos no final, completamente apaixonados!
— A gente não está em uma comédia romântica, Julieta. — Ergueu a sobrancelha. — E as coisas não são como nos filmes. A gente pode ser tipo o porco voador que você falou. Tipo, nada ia mudar entre a gente, a única coisa que teria de novo é que eu vou ter acesso à sua boca, e você, à minha.
Ponderei por alguns segundos, deixando um manto de silêncio se estender sobre nós por não saber ao certo se era uma ideia estupidamente boa ou estratosfericamente ruim.
Seria mentira se eu dissesse que nunca olhei para Romeu e meus olhos caíram, por um milésimo ou dois, para os seus lábios.
Porém, isso era perfeitamente justificável. Afinal, ele era um belo exemplar de Homo sapiens sapiens a e uma bomba de hormônios típicos da adolescência circulava pelas minhas veias, inundando o meu sangue com desejos estranhos que ocasionalmente flutuavam até a superfície na sua presença.
Porém, não era como se eu deixasse essas ervas daninhas invisíveis e filhas da mãe se proliferarem em torno do meu peito, porque sabia que, hora ou outra, elas podiam esmagá-lo e me fazer cometer algum tipo de coisa impensável, como beijar o cara que era o meu melhor amigo desde os cinco anos.
Sem dúvidas, isso estava fora de cogitação, porque que eu não fazia ideia do que poderia acontecer depois. E se o universo explodisse em caos por ter a ordem natural das coisas interrompida bruscamente com um simples toque de bocas? E se eu determinasse o fim do mundo com um beijo?
— Eu nem sei se me sinto atraída por você. — falei, na esperança de ser um argumento válido.
Ele com certeza percebeu o tremer por entre as sílabas, denunciando uma fala mentirosa que nem eu sabia que era tão inverídica até deixá-la pairar no ar.
Romeu cortou o espaço remanescente entre nós e carimbou as digitais na lateral do meu pescoço, a ponta dos dedos derramando faíscas que correram rumo ao órgão pulsante em meu peito, fazendo-o entrar em uma disritmia súbita.
Minhas íris resvalaram pelos contornos do seu rosto, observando os pequenos sinais de sol que se espalhavam por sua pele feito constelações inteiras flutuando no universo até as maçãs mais profundas sobre o maxilar, onde eu costumava traçar oceanos de tinta com os dedos quando éramos pequenos.