9: Pairando na Atmosfera de Vênus

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Eu descobri três coisas nas primeiras horas que fiquei no aniversário de Vance Rocco

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Eu descobri três coisas nas primeiras horas que fiquei no aniversário de Vance Rocco.

A primeira foi que quem definiu a decoração da casa provavelmente estava chapado até os ouvidos, porque me parecia ser a única explicação plausível para ter cinco flamingos de jardim na piscina, um unicórnio inflável tomando sol em uma das espreguiçadeiras e duas dezenas de pisca-piscas de flores acesos na sala, mesmo com o sol flamejante característico das três da tarde.

A segunda é que Luís Aguiar tinha o pior beijo que eu já provei na minha vida, coisa que verifiquei assim que sua língua explorou um dos buracos do meu nariz com a maestria de uma minhoca gigante. O conceito astronômico de buraco de minhoca nunca fez tanto sentido para designar minhas narinas. Só era triste o fato de nenhuma das duas levarem a dimensões paralelas.

A terceira foi que adolescentes podem ser terrivelmente irritantes em festas, especialmente um que se senta ao seu lado no sofá e passa cerca de vinte minutos despejando um monólogo existencial sobre si mesmo.

Uma combinação explosiva de tédio e frustração se mesclavam no meu peito enquanto o ouvia no meio daquela comemoração estranha, por, assim como todas as outras vezes em que estive em festas, não estar me divertindo do jeito que hipoteticamente deveria estar.

Só me livrei do garoto falante quando Laura afundou no vão entre nós e Cris, sua prima, se permitiu desmaiar ao meu lado, mergulhando os cachos fartos pintados de rosa no estofado assim que deixou a cabeça pender para trás.

Meio segundo depois, visualizei o cara saindo do meu campo de visão à caminho do tapete próximo a nós, no qual algumas pessoas guerreavam ferrenhamente com o controle do vídeo game, berrando xingamentos de todos os tamanhos.

— Eu preciso urgentemente de um hambúrguer, daqueles cheios de bacon e ovo. E de um cara ou uma garota de sobremesa, se possível. — Laura entoou,  seu tom banhado de falsa melancolia. — É pedir demais?

Dei risada, virando-me para fitá-la.

Minha amiga tinha cortado o cabelo recentemente, quando decidiu substituir o volume de cachos crespos que lhe caiam quase até a cintura por um corte pixie, com as laterais curtíssimas e um topete deslumbrante em cima.

— Meu primo de treze anos me falou que pediu um caminhão de prostitutas no Natal. Isso, sim, é pedir demais. — brinquei.

Ela balançou a cabeça quando riu, as argolas douradas nas suas orelhas tamborilando no processo.

— Genial! — exclamou, a palavra recheada da empolgação que lhe era típica.

— Por que está com essa cara de peixe morto, Juju? — Cris indagou.

— Nada demais. Só tô a fim de um cara que saiba beijar bem. — Soprei o ar em frustração.

— Eu posso te sugerir uns que parecem ser bons nessa coisa, e o que você gostar mais, vê se pinta um clima para beijo. — Laura sugeriu, dando de ombros. — Ricardo Alencar ou David?

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