Vanilla & Cinnamon [DEGUSTAÇÃO]

Capítulo 6

"Não sou sempre fria

Eu sou apenas boa sozinha, tão boa sozinha..."

Good Thing – Zeed ft. Kenlani

Elise

Caminho pelos corredores do colégio da mesma maneira de sempre: ombros para trás, olhos no chão.

Só que diferente dos outros dias, hoje está um pouco peculiar. Eu não costumo me atrasar, mas não ouvi o despertador, tive sonhos estranhos com meu furão e um cara com medo de ratos tentando escaldá-lo para preparar uma sopa.

Foi um tanto bizarro.

Eu bato com força contra uma pessoa vindo na minha direção e meus livros caem no chão.

— Elise! — Lizbeth exclama com a mão no nariz. — A gente sempre se esbarra, está virando hábito. — E sorri para mim, se abaixando para recolher nossas coisas.

— Obrigada — digo e seus olhos verdes caem em mim. Ela arfa com um sorriso e os olhos brilhando.

— Meu Deus, o seu cabelo! — Vem para perto, me inspecionando. — Caramba, ficou lindo.

No final de semana, cortei o meu cabelo, finalmente. Um chanel sem bico e sem franja, na altura do queixo. Eu costumava usar no passado, mas resolvi mudar por um tempo.

Aceno em agradecimento e Lizbeth grita olhando para minhas costas:

— Dakota, vem cá! — Me vejo segurando um sorriso. — Fala se ela não está gata pra caralho!

Lizbeth aponta para mim com as duas mãos e encaro Dakota Bennett, com seus cabelos loiros e olhos azuis translúcidos.

— Nossa! Você queria mesmo uma mudança, Elise. Ficou demais.

Aceno outra vez e ela se aproxima, fazendo um carinho breve no meu ombro.

— Por falar em mudanças... — Lizbeth se aproxima e nos fecha em uma rodinha, falando baixo em tom de confidência: — Dakota está namorando.

A loira fica vermelha e bate no braço da amiga, que só gargalha.

— Estamos no início ainda. — Dakota me explica e eu assinto, tentando escorregar para longe, mas acabo presa quando elas iniciam uma conversa.

Isso deveria me incomodar. Essa insistência em me incluir e me querer por perto, mas não acontece, pelo contrário; eu me sinto muito longe de desconfortável.

Quando disse para Lizbeth que não precisava ficar se esforçando para isso, ela ouviu e respeitou, não me chamando para perto deles o tempo todo, mas sempre que me vê, puxa assunto e conversa com a maior naturalidade.

Essas garotas são estranhas. Todas as pessoas simplesmente ficam longe de mim como se eu tivesse uma doença infecciosa, mas elas não. Quanto mais eu me esforço para que fiquem longe, mais para perto me trazem.

A solidão não me incomoda, ela foi opcional e gosto de mim sozinha, porém a atitude delas me agrada mais do que deveria.

— Não vou te chamar para sentar com a gente, porque você vai falar não. — Lizbeth franze os lábios para esconder o sorriso. — Mas sabe onde nos achar.

— Tchau, Elise — diz Dakota acenando alegre e as duas saem de braços dados, enquanto me movo de volta para meu caminho.

* * * * * * * * * *

Fico de pé perto do carro de Spencer, como sempre e a julgar pelos olhares que recebo todas as vezes, devem estar pensando que vou fazer a farra com ele.