Missão

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— Tomadachi, como vai, meu amigo? Tenho alguma missão?

— O esquadrão de caçadores envia pêsames pelo seu mestre.

"Como o esquadrão soube tão rápido?! A fofoca espalha rápido né."

— Porém, também venho enviar a sua próxima missão. Deve seguir até a cidade grande, onde mora sua mãe, e encontrar outro caçador que foi enviado ao mesmo lugar para investigar uma suspeita de oni naquela região.

— Ok, e como é esse caçador?

— Ele veste um haori quadriculado e tem brincos de cartas hanafuda.

— Tipico do esquadrão não falar o nome. — Revirou os olhos — Vou partir agora mesmo!

Miko entrou em sua casa e rapidamente se trocou, vestiu seu uniforme e Zenitsu se acomodou na caixa, até que era confortável. Mikoto vestiu a caixa e parou na porta.

— Então vamos, naku. Naku? Ah, você... dormiu?

  Apoiando a mão na porta fechada, fechou os olhos e abaixou a cabeça.

— Adeus. — E, assim, partiu para sua missão.

                               《☆》

Desceu novamente a montanha, em direção ao metrô, fazia muito tempo que não ia para a cidade onde sua mãe morava.

Mikoto se mudou para a casa de seu mestre com, pelo menos, 12 anos. O motivo da mudança foi o sonho de se tornar uma caçadora, e sua mãe não era exatamente a melhor pessoa para esse treinamento.

Mas ainda assim, conseguiu valiosas lições com ela. Inclusive, se inspirou nela para criar sua própria respiração.

Não é possível afirmar uma maternidade perfeita, justamente pelo tempo longe. Porém, quando podiam estar juntas, aproveitavam o tempo ao máximo. E tinha um "irmão" mais velho, muito irritante e ciumento, inclusive.

O caminho inteiro que o metrô percorreu da vila até a cidade, Mikoto pensou seriamente se deveria visitar sua mãe. Adoraria fazê-lo, só que o motivo que a levou lá era outro.

Tinha que focar na missão acima de tudo.

Mal sabia ela que o destino daria um pequeno empurrão nesse quesito.

                              《☆》

Assim que desceu do metrô, entrou em uma locomotiva, mais conhecida como carroça ou carruagem.

— Para o centro da cidade, por favor. — Disse entregando algumas moedas que pagariam o transporte.

— A moça bonita tem algum compromisso importante? — o homem que dirigia pegou as moedas e as analisou, olhou então para Mikoto, abaixou o olhar para as pernas da mesma — Se quiser, pode pagar de um outro modo. — O sorriso pervertido já mostrava exatamente do que se tratava o assunto.

— É mesmo? — Respondeu Mikoto com uma voz aveludada —  Posso então pagar depois para que um policial o coloque em uma cela com muitos amigos depois de ser acusado de assédio sexual e um provável abuso. O que acha?

O homem engoliu seco, não esperava uma resposta dessa.

— Estou farta de acharem que vou cair nos braços do primeiro homem que me olhar. Eu fui treinada para matar. E, se não quiser ver parte desse treino na pele, é melhor seguir a viagem em silêncio e olhando somente para o caminho. Estamos entendidos?

— S-sim estamos, senhorita, me desculpe. — Ele ligou a carruagem suando frio, a voz dela emanava algo que faria o mais corajoso homem que fosse, tremer de medo.

O ódio de ter que passar por esse tipo de situação todo dia por simplesmente ter nascido bonita, Mikoto não suportava mais ser assedia daquela maneira.

Assim que o carro parou, ela desceu e fechou a porta, parou, olhou para o vidro da carroça e não pensou duas vezes.

— O que acha de olhar minhas pernas agora desgraçado?! — Levantou a perna girando o corpo e quebrou o vidro. Apesar de ter arranhado parte do pé. Rindo, satisfeita pelo ocorrido, entrou na cidade.

Mesmo estando de noite, a cidade estava tão clara que fazia seus olhos arderem. Além da luminosidade, a multidão de pessoas a deixava sufocada. Odiava pessoas e de ficar perto delas. Isso ela devia agradecer a sua genética.

Empurrando o tumulto como se fosse um grande rebanho, chegou a calçada do outro lado da rua e já encontrou a barraquinha com seu udon preferido.

Sentado no banco, estava um garoto, pelo menos 2 anos mais novo que Miko. Tinha cabelos vermelhos como chamas e olhos da mesma cor, usava um haori quadriculado e brincos de cartas hanafuda.

"É ele. O caçador que mandaram encontrar." 

  Mikoto sempre teve o dom de enxergar as coisas muito bem. Além da visão impecável, podia praticamente ver emoções. Ela sempre sabia em quem deveria confiar. E sempre sabia o que estavam sentindo.

  E, naquele cara, ela somente via bondade. Ele era tão bom, que chegava a sentir empatia por um oni antes de matá-lo.

Ela até poderia considerar isso uma fraqueza, mas alguma coisa naquele menino dizia que fraqueza não é comum nele.

Além disso, uma garota, que deveria ter pelo menos 14 anos, cabelos escuros com mechas laranjas na ponta e os olhos rosa, usava um quimono rosa florido e tinha uma beleza estonteante, estava ao lado dele.

A garota usava um bambu na boca, como uma mordaça. Mas isso não mudava nada, sua beleza era tão grande que deixou Mikoto sem chão por alguns instantes. Mesmo sabendo ser um oni.

Mikoto também sentiu grande bondade vindo da oni ao lado do garoto, não era tanto quanto ele, mas tinha sim, grande bondade no coração. Parecia que os dois eram irmãos.

Saindo do transe, pediu um udon com inhame ralado, tamanho médio. Esperou em pé na frente da barraca. Estava em silêncio, até o jovem puxar assunto.

— Ei! Você é uma caçadora de oni? — Perguntou, tombando a cabeça levemente para a esquerda.

— Sim, sim eu sou. Imagino que tenha vindo por uma missão? — Um belo sorriso estava estampado no rosto de Miko, nunca tinha falado com alguém que passa-se esta energia tão boa.

— Muito prazer em conhecer você. Me chamo Kamado Tanjiro.

— O prazer é meu. Me chamo Mikoto... Agatsuma Mikoto. E você... — Se interrompeu ao ver um homem com um terno preto no meio da multidão.

  Sua visão a ajudou a perceber os mínimos detalhes do "homem". Sua pele era mais branca que o normal, e seus olhos eram vermelhos como sangue.

  Aquilo não era um homem, aquilo era um oni. E não um oni qualquer.

Era Muzan kibutsuji.

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