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Vestígios de Quem já Deixei para Trás

Que estranho achar esse daqui. Ele é de 2019.

Eu sempre me pego refletindo sobre os meus excessos, e... bem... confesso que não gosto muito de saber que sou uma pessoa excessiva. Entretanto, entendo que a explicação para isso — além de extensa — não é de todo mal. Ser excessivo, por exemplo, me permite fazer coisas legais e solidas, como a minha arte, num geral. Eu gosto do jeito que ela soa atemporal, por mais que eu consiga enxergar vestígios do contexto em que ela foi escrita.

Por outro lado, reconhecer minhas próprias limitações (ou falta delas) me ajuda a mensurar como posso achar o caminho para o equilíbrio. A tarefa de tomar distância das coisas e enxergar a sua totalidade ao invés da parte é difícil, mas necessária. Tenho em mente que isso é por mim, então, vale a pena. Particularmente, gostaria de pedir desculpa às pessoas em que descontei os meus excessos, mas não posso esquecer que sou humano. Cometer erros faz parte do caminho.

Sobre este abaixo, a única coisa que posso dizer é que já sei o que é essa tal coisa que refletia tanto no passado, e... vou manter a resposta comigo. Isso se já não a dei em algum poema dos outros livros. E sim, isso é uma vitória pessoal. Ponto pra mim! Uhul!!

— Delgado.

.          .          .

Você ainda reside em mim,
E vem buscar-me quando estou sozinho.
Todas as vezes, sem nenhuma excessão.

Vivi tempo demais moldando alguém que vejo todo dia pelo reflexo do meu espelho,
Achando que, algum dia, poderia achar algo melhor do que isso.
Portanto, descobri que estava errado sobre tudo que achava que conhecia de mim,
E esse era só mais um ponto entre tantos.

Era como um outro alguém,
Que tomava conta da minha mente e do meu corpo, fazendo-me ir tão longe e tão fundo somente com a força do pensamento.
Céus, como me enganei por tanto tempo
Acreditando no que você dizia a mim
E em todas as expectativas que alimentou dia após dia,
Me deixando cada vez mais apaixonado
Por alguém que nunca existiu.

(Ao menos não neste ponto de vista,
Porque esse alguém existe:
Sou eu)

Mesmo que tenha descoberto isso tão tarde, agradeço por não ter sido mais cedo.
Porque agora sei o meu valor, e a cotação é dólar
Porque a vida é louca mano, a vida é louca...

Ela nunca será uma linha tênue
Tampouco contínua.
Porque só aprendemos quando ela se enrosca sobre si mesma,
E te aperta até não aguentar mais.

Se não fosse por isso, nunca teria dado conta que você de fato existia.
Sempre dentro da minha cabeça, me visitando quando me sentia sozinho, alimentando o inexistente
Sempre querendo que eu tirasse de mim e desse para o outro ou a outra.

Foi o caminho que achou para tomar o controle e me fazer sentir-se mal comigo, incompleto.
Enrustido de algo romantizado, como uma praga.
Portanto, necessário.

Você ainda está aqui, e eu sinto isso.
Converso com você todos os dias, só para ter certeza de que nunca mais tomará conta de mim. Não agora. E muito menos desse jeito. Você tem que aprender também.

Assim como me ensinou a amar o próximo (mesmo que esse conceito de "próximo" está mais para "fique longe de mim por toda a minha vida"), quero te ensinar quem você deve amar primeiro:
Você.

Que, por coincidência, também sou eu.