Após despertar com os feixes de luz que entravam pela janela, tomo uma xícara de café e me apronto para mais um dia cheio de burocracias no escritório, hoje é o dia mais importante do ano, dia de reunião com os acionistas da empresa.
Odeio terno e gravata, mas hoje me vejo na obrigação de estar aprazível, visto então um terno de corte italiano cinza, camisa social branca e uma gravata na mesma cor do terno.
Olho rapidamente a barra de notificações do celular, ignoro algumas e abro a mensagem de Désirée.
"Não irei hoje ao escritório" -Désirée Leblanc 04:33 am.
Franzo a testa e ligo para Désirée, o telefone chama por diversas vezes e cai na caixa postal, após mais uma tentativa deixo um recado.
— Désirée, como você deve saber hoje temos uma reunião importante no escritório, e não ir obviamente não está dentre as opções.
Calço os sapatos e acendo um cigarro, não demora muito o telefone começa a tocar, olho o visor e o nome de Désirée surgi a tela, largo o cigarro sob o cinzeiro na mesa de centro e atendo.
— Aconteceu alguma coisa? — Pergunto, colocando a chamada no viva-voz.
— Não, só estou bêbada, não consigo lidar com aquele bando de engravatado idiota, incluindo você. — Ela me responde, entre soluços.
Solto um riso nasal antes de responder.
— Bem, bêbada ou não, preciso de você no escritório hoje, ou então está demitida.
— O quê? Você não faria isso.
— Eu ainda sou seu chefe Désirée, não se esqueça disso.
Encerro a chamada antes que ela possa responder, pego o cigarro no cinzeiro dou uma longa tragada sentindo a nicotina preencher os meus pulmões, em seguida vou soltando lentamente a fumaça antes de apagá-lo pressionando a brasa acessa contra a porcelana vermelha do cinzeiro, em seguida me levanto do sofá apanho a chave do carro sob o balcão da cozinha e deixo o apartamento.
[...]
Quarenta minutos e um péssimo trânsito depois, estou sentado na cadeira da minha sala, olhando impacientemente para o relógio na parede, são 7:00, a reunião é daqui vinte e cinco minutos e nenhum sinal da Désirée, incomodado com isso, levanto da cadeira e deixo a sala.
Caminho de um lado para o outro, enquanto os minutos passam como raios, percebo Angelina chegar, então vou até ela a fim de saber notícias sobre Désirée, já que as duas saíram juntas daqui ontem.
— Bom dia Angelina, poderia me dizer onde a Désirée está? — Pergunto, ao me aproximar.
— Não nasci grudada com ela, Robert. — Ela me responde com desdém sem ao menos me olhar.
— Vocês saíram juntas daqui, não é possível que você não saiba me dizer onde ela está, a propósito, você está atrasada.
Sinto meu rosto aos poucos começar a esquentar, reflexo do estresse nas primeiras horas da manhã, Angelina me olha e solta um riso nasal.
— Você está parecendo um pimentão Robert, a Désirée me deixou em casa ontem e saiu, não sei para onde ela foi e desde quando você se preocupa com ela?
— Ela é a porra da assistente financeira desse escritório, não é com ela que me preocupo, mas sim com o meu cargo que está em xeque se ela não aparecer.
Angelina sacode a cabeça em negação.
— Você é um escroto mesmo né? — Ela diz e em seguida passa por mim esbarrando propositalmente em meu ombro.
Volto para minha sala, batendo a porta com força atrás de mim, ligo para Désirée novamente, mas só dá caixa postal.
O relógio já marca 7:15, o telefone sob a mesa toca, atendo com certa impaciência.
— Os acionistas chegaram Robert, estão na sala de reuniões esperando por você. — Verônica diz do outro lado da linha.
— Já estou indo, obrigado Verônica.
Deixo o meu escritório e caminho pelo largo corredor, entrando na grande porta de vidro ao final dele.
Cumprimento a todos os presentes e me sento na cabeceira esquerda da grande mesa de vidro.
— A senhorita Leblanc não irá participar dessa reunião conosco, Robert? — Pergunta um dos acionistas.
— Ela irá, mas o trânsito não está ajudando hoje, vocês poderiam me dar licença por um minuto.
— Claro, temos alguns minutos de sobra. — Responde outro acionista.
Deixo a sala a tempo de ver Désirée saindo do elevador, ela está péssima, com a mesma roupa de ontem, cabelos desalinhados e olhos inchados, sua aparência está horrível de um jeito que eu nunca vi antes.
Corro até ela a puxando pelo braço para um canto com pouca visibilidade.
— Ai, que isso? — Ela diz, segurando minha mão tentando se desvencilhar. — Está machucando!
Agarro o outro braço dela a segurando firme para que ela me olhe.
— Que cheiro é esse? Isso no seu sapato é vômito? — Pergunto, ao perceber uma mancha amarelada no bico do sapato dela.
Désirée rir antes de responder.
— Dever ser, não sei. — Ela responde, olhando para o seu pé.
— Que porra aconteceu com você?
— Você aconteceu comigo Robert, me solta, já disse que está me machucando.
Solto os braços de Désirée e a encaro por um momento, percebo seus olhos se encherem de lágrimas.
— Desculpa, não deveria ter te segurado dessa forma.
Désirée não me responde, somente desvia o olhar, não demora muito, Angelina se aproxima e eu me afasto um pouco.
— Robert, estão te chamando na sala... — Angelina para de falar abruptamente ao se deparar com o estado deplorável de Désirée.
— Dá um jeito nisso, preciso dela no mínimo apresentável.
— Ela não é uma boneca Robert, dá licença. — Angelina diz pegando na mão de Désirée indo em direção ao banheiro feminino.
Inspiro pesadamente passando a mão na nuca e retorno a sala de reuniões.
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JOGO PERVERSO [DEGUSTAÇÃO]
RomansaDésirée Leblanc, tem 25 anos e ao se mudar de Nice (França) para Edimburgo (Escócia) em busca de uma vida melhor conhece Robert Scott, quinze anos mais velho e acaba se apaixonando por ele. O problema não é a diferença de idade entre eles e sim a...