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Após Désirée deixar a sala, fico encarando Carter por alguns segundos, até que ele finalmente resolve abrir a boca para dizer algo

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Após Désirée deixar a sala, fico encarando Carter por alguns segundos, até que ele finalmente resolve abrir a boca para dizer algo.

— Eu não estava assediando a senhorita Leblanc, você sabe que não sou o tipo de homem que faz isso.

Na verdade, Carter é exatamente o tipo de homem que faz isso, não sei quantos processos por assédio moral e sexual esse imbecil tem nas costas, mas por ter bastante dinheiro e influência nunca respondeu por nenhum deles.

Continuo o encarando, mas antes que eu possa abrir a boca para responder, Angelina retorna à sala para me entregar alguns papéis me fazendo lembrar que ainda estou no meu ambiente de trabalho.

Agradeço a Angelina que em seguida deixa a sala, coloco os papéis sob a mesa.

— Bem senhores, foi uma grande satisfação estarmos todos juntos novamente e dessa vez com boas notícias.  — Digo, para os outros acionistas presentes no recinto. — Espero encontrar vocês na nossa confraternização na próxima noite, será um prazer recebê-los, temos muito o que comemorar.

Me viro novamente para Carter e dou um tapa amigável no seu ombro.

— Eu juro por todos os santos que se você colocar essas suas mãos nojentas outra vez sob a Désirée eu mesmo faço questão de arrancar todos os seus dentes com um alicate 5/8. —Digo, num tom de voz baixo, quase como um sussurro.

— Está me ameaçando, senhor Scott?

— Eu não levaria como uma ameaça se eu fosse você, é mais uma promessa. — Digo para Carter, dando-lhe um sorriso.

— Acho que você esqueceu da existência da hierarquia empresarial, que me põe acima de você.

Dou um riso debochado para Carter, que me olha com superioridade.

— Acho que você esqueceu que eu não dou a mínima, se eu sequer sonhar que você olhou para Désirée de forma desrespeitosa, se disse qualquer coisa inapropriada ou se olhou mesmo que de maneira ínfima para ela dentro desse departamento, além de arrancar seus dentes te quebro ao meio. Entendeu?

O olhar de superioridade de Carter é substituído por um olhar apavorado, me fazendo rir por dentro.

— Vou entender o seu silêncio como um sim.

Carter engole seco e eu lhe dou outro sorriso antes de deixar a sala de reuniões.

Volto para o meu escritório e tento me concentrar em trabalhar, mas simplesmente não consigo, extrapolei ao segurar a Désirée daquela maneira.

Depois de vários minutos nada produtivos sinto a necessidade extrema de fumar, então deixo novamente o escritório e vou para o fumódromo, pego um cigarro solto que estava perdido dentro do bolso interno do meu terno levo-o a boca e acendo enquanto observo os outros colegas de trabalho, o burburinho ao fundo e a agitação constante, estão colocando enfeites natalinos por todo o departamento, já tem até uma guirlanda pendurada na porta da minha sala.

Sempre achei curiosa a adoração por esta época do ano, mas não é porque eu a detesto que os outros também devem detestar, veja bem, o Natal sempre foi uma época difícil, desde a minha infância, graças ao meu pai, que a vida inteira teve problemas com bebida, então todas as festas que eu me recordo, ele acabava se embriagando e agredindo alguém, mas na maioria das vezes era minha mãe.

Aceitei jantar com Désirée mais como forma de agradecimento pelo que ela fez desde que chegou aqui do que pelo simbolismo da data, todos temos traumas, digamos que meu pai e o meu divórcio são os meus.

Com o cigarro quase no fim saio dos meus devaneios, jogo o filtro no cinzeiro e em seguida deixo o fumódromo.

JOGO PERVERSO [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora