Graham's House

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É claro que ela havia me confundido, obviamente.

Mas aparentemente a moça que ela estava esperando não apareceu... minha barriga começa a doer tamanha a minha fome.
Decido que vou tomar um banho, comer alguma coisa e deixar um bilhete de papel com explicações e dinheiro para compensar a quase hospedagem.

Uau que banheiro incrível! Parecia uma obra de arte, tudo tão lindo que nem parece real. A senhora faladeira tem um excelente gosto para decoração.

Tomei um banho quente que teria durado mais se não fosse minha fome que já estava me matando, usei o maravilhoso shampo de morango e me apaixonei na toalha macia e branca. Coloquei o moletom que ela deixou na cama, bem confortável por sinal e desci na intenção de procurar a cozinha.

Eu estava andando distraída olhando as pinturas imensas na parede quando bati em um paredão. Ou melhor, achei que fosse um paredão.

- Quem é você? - uma voz rouca me confrontou e meus pelos se arrepiaram dos pés à cabeça.

Me afasto rapidamente e sinto meu rosto esquentar.

- O..oi eu sou a Claire.

O paredão mais conhecido como Sr. Fraser era um ruivo que parecia ter pelo menos 2m de altura. Ele tinha olhos azuis profundos e puxados como os de um gato, vestia kilt um suéter e continuava me encarando enquanto eu fazia essas avaliações.

 Ele tinha olhos azuis profundos e puxados como os de um gato, vestia kilt um suéter e continuava me encarando enquanto eu fazia essas avaliações

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- Ahh me desculpe, eu estou desnorteada, passei por poucas e boas até chegar aqui.

Vejo seu olhar passar de uma afronta curiosa para um curioso divertido.

- Humm tudo bem, mas quero entender o que uma sassenach está fazendo na propriedade dos Graham.

Eu respiro fundo antes de responder.

- Moço é uma longa história, mas eu estou morrendo de fome e vou desmaiar em 2 min se eu não comer algo. Será que pode me dar algum alimento por favor? Eu prometo recompensar depois.

Suas sobrancelhas se contraem e ele me avalia cuidadosamente, até meu estomago roncar.

- Está vendo? Eu não estou mentindo.

Ele aponta para o final do corredor e diz:

- Vamos até a cozinha, matar o que está te matando.

A cozinha é linda também, com prataria em todos os cantos, uma cristaleira cheia de taças valiosas e uma mesa de mogno digna de filme. Isso tudo deve valer uma fortuna.

Ele me pediu para sentar e fez um prato com queijo, pão, frutas e me trouxe uma taça de vinho

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Ele me pediu para sentar e fez um prato com queijo, pão, frutas e me trouxe uma taça de vinho.

Comi tudo tão rápido que nem processei os sabores, ele percebeu meu desespero e me trouxe algumas bolachinhas amanteigadas, quando saciei minha fome comecei a narração.

- Meu nome é Claire Beauchamp e sou advogada em Londres....

Contei tudo para ele, desabafei sobre minhas frustrações e como tudo naquela empresa me deixava indignada, disse a ele sobre minha confusão interna e sobre como eu vi os anos passarem sem eu ter aproveitado praticamente nenhum momento.

Ele foi um bom ouvinte, sempre me olhando com atenção e acenando para que eu continuasse. Quando percebi eu estava chorando novamente e as palavras se atropelavam para sair todas de uma vez, como se compartilhar aquilo com um estranho fosse me salvar da tormenta em que minha alma se encontrava.

Ele me estendeu a mão quente e enorme na tentativa de me reconfortar, e enquanto eu contava a ele como havia parado ali pensei em como aquele simples gesto aqueceu meu coração e me trouxe uma sensação de alívio, como uma ancora em meio a tempestade.

- Eu estou tão perdida que não consegui ao menos me explicar para a Senhora Graham, não quero que pense que sou uma ladra ou algo do tipo, mas eu realmente precisava de um banho e um pouco de comida. Se quiser posso me levantar e ir embora agora, vou deixar dinheiro em agradecimento pela ajuda e...

- Xiiiiuu Sassenach, fique tranquila. O Senhor e a Senhora Graham são pessoas de bom coração e jamais se importariam de ajudá-la, você está perturbada com tudo o que aconteceu e eu entendo perfeitamente o quanto isso tudo parece impossível de lidar, você deve ter vivido momentos sufocantes e eu não entendo como suportou por tanto tempo.

Sorri e sequei minhas lágrimas com os dedos. Ouvi minha voz embargada responder:

- Ó que bom ouvir isso de alguém, eu esperava encontrar um carregador e comida, mas você me deu muito mais que isso, me deu compreensão e apoio, e eu sou apenas uma estranha que invadiu seu trabalho Sr. Fraser.

Ele me deu um sorriso de canto que fez meu coração pular e disse:

- Me chame de Jamie, não precisa tanta formalidade e fique tranquila, você é uma boa moça. Posso perceber isso, vejo sinceridade em você e creio que posso ajudá-la.

Seus dedos quentes apertaram minha mão gelada e senti que ele estava dizendo a verdade.

- Me ajudar? Como?

Ele me olhou sem graça e disse:

- Você me falou que não tem para onde ir nesse momento e que não tem planos para os próximos dias. Se quiser me ajudar a cuidar das coisas por aqui enquanto eles estiverem viajando, pode ficar e dar um ar para sua cabeça, reorganizando suas ideias. Não há nada que o ar puro do campo não ajude a consertar.

Eu fiquei abismada com a ideia e perguntei:

- Desculpe, mas a casa não é sua, como pode me oferecer isso?

- Fique tranquila, eu realmente não sou dono de nada aqui, mas os Graham me criaram desde menino quando minha mãe faleceu e meu pai adoeceu de tristeza. Eles me consideram como filho apesar de eu não aceitar nada que é deles.

Aliviada, penso por um segundo antes de responder:

- Bem, já que é assim não vejo por que não aceitar. Mas como eu poderei te ajudar?

Ele parecia alegre enquanto respondia:

- O que mais tem aqui é trabalho sassenach, mas por agora vá descansar. Quando acordar me procure lá fora.

Concordei, agradeci pelo cuidado e segui para o quarto, pronta para tirar mais um cochilo.

Eu só não sabia que ali começaria a jornada mais louca da minha vida.

Uma longa jornadaOnde histórias criam vida. Descubra agora