Uma longa jornada

Towards the destination

Acordo com um solavanco, mega confusa percebo que já é noite e dormi por horas a fio.

Caramba, eu realmente estou muito cansada. Esperai, caramba! eu realmente surtei? Ok chegou o momento de lidar com tudo.

Avaliando o que aconteceu e os dias anteriores, era nítido que eu estava prestes a surtar, mas não esperava que fosse ser desta forma. Será que já posso me considerar como uma louca?

Olhei para a imagem refletida na janela, eu estou descabelada e com os olhos estalados, se não posso ser considerada louca, pelo menos pareço uma. Mas quais são minhas opções agora?

Ir para casa certamente não é uma delas. As notícias sobre meu surto com um dos donos de uma das maiorias empresas de direito do Mundo já devem estar estampadas na internet, além disso eu não me sinto realmente em casa no meu apartamento, parece mais uma extensão do sufoco que eu sempre sinto no escritório.

Voltar atrás na minha decisão também não é uma opção. Meu nome deve estar na blacklist de todas as empresas do ramo e não quero viver novamente esse inferno. Pelo menos eu ainda tenho dignidade.

Descer do trem agora? Sem chance, percebo que estou no nada no meio da noite e para onde eu iria? Sinto as lágrimas descendo pelas minhas bochechas, o que estou fazendo da minha vida?

Em um impulso acabei de renunciar ao meu maior sonho, no qual eu investi toda minha vida. Sério que simplesmente acaba assim?

Recentemente descobri que não amo ser advogada, mas me esforçava em ser a melhor em memória ao meu pai. Ahh que saudades, como eu gostaria de tê-los agora próximo a mim... apesar de que não sei como reagiriam as minhas últimas atitudes.

Meu pai era advogado e o meu avô também. Ele e minha mãe faleceram em um acidente de carro quando eu era só uma criança, e uma das minhas únicas memórias dele é sua voz me dizendo que eu seria a continuidade da família nessa profissão.

Tio Lamb me criou após a morte deles e cuidou de mim até seus últimos dias, ele nunca me pressionou quanto a nada disso, mas eu carreguei essa responsabilidade em meu peito. E cá estou eu, desempregada e desnorteada após viver uma vida que não era para mim.

Nem sei quem sou eu além da Claire advogada. Por tantos anos fui estudante de direito e sempre direcionei todo o meu tempo para isso. Depois que ingressei na área dediquei meu sangue e suor na função, e aparentemente esse esforço não me trouxe a nenhum lugar, a não ser esse vagão de trem.

Estou chorando, mas sinto um misto de alívio e medo do que está por vir. Por hora só posso descansar mais um pouco e esperar pela manhã, quando o dia amanhecer verei quais minhas possibilidades e o melhor a se fazer.

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- Senhorita? Senhorita acorde!!!

Sinto um cutucão em meu ombro e percebo que estava dormindo com a cara grudada na janela.

- Me desculpe, eu acabei caindo em um sono profundo – respondo ao guarda com olhar desconfiado na minha frente.

- Sem problemas moça, mas agora precisa descer, nós já chegamos.

Me levanto olhando ao redor e percebo que as poucas pessoas que ocupavam o vagão já se foram.

- Me desculpe novamente, mas onde estamos? - Seu semblante desconfiado fica ainda maior ao meu responder – Estamos em East Linton na Escócia.

- Ahhh claro obrigada. Eu sempre fico confusa ao acordar, por isso perguntei. - Falei disfarçando.

Ele concorda e aponta para a porta. Sigo nessa direção até ouvir sua voz: