A nice night

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O dia chuvoso me deixou indisposta para levantar-se da cama, mas após passar algumas horas encarando o teto sem encontrar uma posição confortável, decidi botar minha capa e bota de chuva e ir até o jardim.

Colhi algumas folhas para fazer um chá e com dificuldade em me abaixar, podei algumas ervas daninhas que ameaçavam uma infestação. Após meia hora, a chuva começou a engrossar e decidi ficar na estufa, mexendo no meu livro de plantas.

Perto do final da tarde retornei para casa e tomei um banho quente, meus pés estavam inchados e sentia dores nas costas, o peso da barriga me puxava para frente e quanto maior o tempo que eu passava andando, mais difícil ficava.

Faltavam apenas semanas para o nascimento de Faith, eu contara a Jamie sobre meu sonho e isso confirmou mais ainda nossas suspeitas sobre ser uma menininha, mas só saberíamos com certeza ao conhecê-la.

Jamie estava frequentemente em casa comigo, diminuira seu ritmo na destilaria e sua presença era constante cuidando de mim. Mas hoje ele precisou passar o dia fora resolvendo algumas pendências de urgência.

Me deitei no sofá com uma bacia de pipoca apoiada na barriga e o controle da TV em mãos, procurando alguma programação legal. Acabei cochilando por algumas horas e logo ouvi um som familiar de carro estacionando, mas eu estava tão cansada que não consegui acordar.

Ouvi no fundo de minha consciência, o som de seus passos e a porta se abrindo, ele pendurou as chaves e logo sua voz me chamou atenção.

- Sassenach - chamou ele da cozinha, sem conseguir me ver no sofá - Sassenach, tenho uma fofoca para te contar.

- Hummmm? - Murmurei, com preguiça de abrir os olhos.

Ele veio até mim e se ajoelhou na frente do sofá, afastando uma mecha de cabelo do meu rosto.

- Me desculpe amor, não sabia que estava dormindo porque ouvi a TV ligada.

Olhei para ele, parecia empolgado e maravilhoso como sempre.

- Sem problemas meu bem - respondi sonolenta - Eu não ando dormindo bem a noite, não acho uma posição confortável.

Seu rosto ficou aflito e ele beijou minhas mãos e minha face, com muito carinho.

- Gostaria de poder fazer algo por você, Claire - respondeu angustiado - Me sinto impotente.

Me sentei com dificuldade e o puxei para meu lado.

- Você já faz tudo o que pode, deixa essa parte comigo - expliquei - O que era a fofoca que queria me contar? Você pareceu muito empolgado.

- Ahh sim, você vai se surpreender - disse, motivado com minha curiosidade - Lembra-se do bastardo que te assediou na feira?

- Sim, lembro-me. O que tem ele?

- Descobri hoje que ele é neto do Sra. Michgall, o Senhor Crowley me contou. E adivinha? Ele foi preso por se envolver em uma confusão na semana passada.

- Não acredito!! - Falei surpresa, o sono me abandonando imediatamente - O que será que ele aprontou?

- Ahh não duvido de nada vindo daquele verme - Completou Jamie, ponderando internamente - Mas pelo que ouvi ele já estava com a imagem queimada no centro da cidade, vivia dando em cima das mulheres que passavam por lá.

- Jesus Cristo! Não tomou jeito então - Comentei - Precisava de mais um soco.

Ele riu, apoiando os pés na mesinha de centro.

- Mais um soco e eu o teria matado. Acabei de perceber que minha meia está furada.

- Vixi, essa é a sua preferida? - Questionei, observando seus longos pés cobertos pelo par de meias azuis.

- Sim, por isso não me admiro de estar um trapo, vou ter que jogar fora. Como foi seu dia?

Suspirei fundo, olhando para o teto.

- Entediante, sem novidades. E o seu?

- Um pouco turbulento, mas consegui resolver as pendências com os fornecedores. Senti sua falta. - Disse ele, me apertando em seu abraço.

- Eu também - Respondi, com sinceridade.

Ficamos ali conversando por algum tempo, compartilhando algumas histórias e trocamos carinhos. Jamie trouxera sopa da Senhora Fitz para o jantar e servi nossos pratos na bancada da cozinha.

Era muito agradável viver assim, em nossa casa, com sua companhia. Mesmo que eu me sentisse um balão agora, posso dizer que essa tem sido uma das fases mais gostosas de minha vida!

Nossa cumplicidade e parceria tornavam tudo tão leve! E a maturidade fazia com que os problemas do dia a dia se tornassem banais. Vivíamos uma tranquilidade em meio a rotina que criamos, onde prezávamos acima de tudo, pela nossa família.

Após o jantar, Jamie tomou um banho e ficamos na sala até tarde jogando um jogo de tabuleiro. Adormeci no sofá e acordei em seus braços, a caminho do quarto.

Ele me continuava me carregando com facilidade, como se eu não pesasse mais do que uma almofada. Beijei seu peito e adormeci, antes de chegar a cama.

Uma longa jornadaOnde histórias criam vida. Descubra agora