The dragonfly in Amber

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A feira de rua no centro de Inverness era o que podíamos chamar de 'diversificada'.

Composta por diversas barraquinhas coloridas, espalhadas pelas ruas, eu não pude deixar de ficar admirada com a riqueza da cultura local.

Uma das coisas mais legais foi ver que a maioria das pessoas aproveitavam esse dia para vestir seus melhores trajes escoceses. A rua era um festival de kits e tartãs, o que dava um ar medieval ao evento, como se estivéssemos voltado no tempo.

Até mesmo eu estava caracterizada, usando um vestido de aspecto antigo, composto por com saias de pregas, que por conta do volume praticamente escondiam minha gravidez de 07 meses. E para finalizar, meu xale com o padrão dos Fraser's, que me lembrava o orgulho de ser agora, uma cidadã escocesa.

Caminhei até uma barraca intitulada Nithean tearc, e meu crescente conhecimento em gaélico me trouxe a tradução "objetos raros" em minha língua. Aos poucos meu vocabulário estava aumentando, e creio que isso se devia a frequentemente ouvir conversas e resmungos escoceses, além de minhas tentativas em ler alguns livros no idioma.

Uma senhora idosa me atendeu, seu rosto carregava marcas de expressão, ela tinha um olhar sábio e em poucos segundos pareceu capaz de ver dentro de mim. Sorri sem graça e para disfarçar meu constrangimento, passei a olhar os objetos expostos com grande curiosidade.

Um item me chamou atenção, era uma espécie de pedra transparente com uma libélula dentro. Toquei nele e percebi que era quente, como se carregasse uma energia própria.

- Pode segurá-la minha jovem - disse a senhora, colocando-a em minha mão - Esta é uma libélula no âmbar.

Era mais pesada do que parecia e ainda mais linda de perto.

- É maravilhosa - respondi - nunca vi algo parecido.

- Sim, é um objeto cheio de significados, existe há muitos e muitos anos - explicou ela, observando-me - A libélula culturalmente representa transformação. Já sobre o âmbar, acredita-se que misticamente é capaz de proteger por milhares de anos quem o usa.

Um belo significado para um belo artefato, pensei, considerando que Jamie com certeza gostaria de algo assim. Portanto, tomei a decisão de comprá-lo, para dar de presente a ele.

- A senhora pode me dizer o valor? - questionei, entregando novamente a ela e fuçando minha bolsa, atrás do meu cartão - Gostaria de ficar com ela, meu marido irá adorar.

Ela sorriu para mim, um sorriso banguela e misterioso. Imediatamente me veio a palavra "bruxa" em minha mente e senti um arrepio na espinha.

- Fique com ela - disse a senhora, recusando o cartão - Ela pertence a você, não precisa comprá-la.

Sem entender, recusei, ao que ela insistiu, me entregando a pedra embalada em uma tira de tecido.

- É sua Claire, leve-a.

Um pouco perturbada com a situação, mas convencida por sua determinação. Peguei o objeto e agradeci, então ela me respondeu:

- Apenas cuide bem dela e sempre a tenha por perto.

Caminhei pela feira, minha mente ecoando as palavras "transformação e proteção". Acrescentei mentalmente o termo "preservação" na definição da tal pedra. Afinal, como a senhora havia sinalizado, ela já tinha muitos e muitos anos.

Imaginei a quantas pessoas ela deveria ter pertencido e quem havia sido seus últimos donos. É claro que superstições eram muito comuns na Escócia e não pude deixar de me arrepiar quando desenrolei a libélula do tecido e sua temperatura quente tocou minha pele.

Uma longa jornadaOnde histórias criam vida. Descubra agora