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Demora um tempo para meus sentidos voltarem. Meu coração está tão acelerado que sinto como se tivesse caído de um penhasco. Meu corpo inteiro está quente, a palma das mãos úmidas com suor.

O carro com o qual colidi é um sedã preto, mas antes de conseguir ver bem, a outra motorista sai do veículo batendo os pés com toda a ira de um buldogue raivoso.

Jennie Kim.

Caralho.

Meu choque se transforma em fúria. Tinha que ser ela. Sei que eu não estava exatamente olhando quando batemos, mas também sei que a preferência era minha. Jennie deve ter decidido que regras de trânsito não se aplicam a ela.

Minha adrenalina me faz sair do carro antes que possa pensar duas vezes. Eu bato a porta e a encontro no meio do caminho.

— Que merda é essa? — pergunto.

Os olhos dela relampejam quando me vê. Baixinho, ela diz:

— Você só pode estar me zoando.

Eu a ignoro e vou checar o para-choque. Milagrosamente, só tem um pequeno amassado; vou ter que consertar, mas ainda dá para dirigir.

Atrás de mim, Jennie examina o próprio carro.

— Merda — ela reclama. — Meus pais vão me matar.

— Bom, os meus também — digo, chutando minha roda da frente.

Consigo sentir lágrimas brotarem nos olhos, mas luto contra elas. Odeio a ideia de chorar na frente de Jennie Kim mais uma vez. Eu respiro fundo para me acalmar, mas, quando me viro para olhar o carro dela, o meu estômago se retrai.

O para-choque traseiro se tornou um desastre mutilado e torto; a parte da direita está pendurada, arrastando no asfalto. É impossível dirigir um carro assim. Minha raiva de repente vira pânico. Se o carro dela ficou pior do que o meu, isso significa que sou a culpada, mesmo que a preferência fosse minha?

Acalmo minha respiração e olho para ela.

— Droga. Me desculpa.

Os olhos dela acendem como se eu tivesse acabado de falar algo ofensivo.

— Você não sabe de nada? — ela briga. — Nunca se deve pedir desculpas depois de um acidente de carro. É uma admissão de culpa.

Fico tão consternada que só consigo encará-la enquanto diz:

— Sorte a sua que eu não sou o tipo de pessoa que vai fingir uma ferida séria ou algum trauma emocional falso para processar você e seus pais até arrancar todo seu dinheiro, mas outra pessoa poderia fazer isso. Use a cabeça.

A raiva se acende em mim de novo.

— Você está mesmo querendo dar uma lição em mim agora? Foi você que deu ré no meu carro!

— Por que você não parou quando me viu?

— Por que você não parou quando me viu?

Nós criamos uma confusão no estacionamento. Um monte de gente da nossa turma corre para o local, espiando para ver o que aconteceu. Mesmo que as aulas tenham acabado há algumas horas, ainda tem gente suficiente para que nosso acidente seja impossível de esconder.

— Vocês estão bem?

— Aaaah, sua traseira está fodida.

— Ah, merda! A Garota do Guincho fodeu o carro dela de novo!

Uma das líderes de torcida se apressa para o nosso lado, os olhos se arregalando para fora da cabeça. É a melhor amiga de Jennie, a mesma garota que me perguntou se eu estava bem antes: Im Nayeon. Ela é a tataraneta da lendária sra. Earl. A família dela ainda é dona do Empório, e ela é exatamente como você imaginaria uma menina que vem de uma família cujo negócio é o Natal. Tem uma voz doce, expressões de desenho animado e é um pouco avoada na maior parte do tempo. Como se um Ursinho Carinhoso tivesse ganhado vida.

A Jogada do Amor (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora