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Roseanne marca um treino de aquecimento na sexta-feira antes do novo semestre começar. É um bom jeito de voltar com calma para a escola depois da loucura das férias, e estou pronta para ter uma bola de basquete nas mãos e nada na cabeça exceto o jogo.

Até eu entrar no ginásio e perceber que Jennie marcou um treino das líderes de torcida para a mesma hora.

É a primeira vez que a vejo desde o nosso beijo na véspera de Natal, e a visão inicial que tenho dela é um momento em que alguém claramente a fez rir, porque há um sorriso grande e radiante em seu rosto. Ela cortou o cabelo - só alguns centímetros que aparecem no comprimento do rabo de cavalo - e está usando uma camiseta regata vintage do Tears for Fears com uma legging. Mesmo suada, desarrumada e sem nenhuma maquiagem, minha respiração falha quando a vejo.

Ela nota que estou ali e uma expressão curiosa toma conta do seu rosto. Os cantos da boca de Jennie se curvam para cima só um pouquinho.

Começo a sorrir de volta, mas, naquele momento, a porta do ginásio se abre. Nós nos viramos para encontrar o time de futebol marchando até nós, Charlotte Pascal na frente do grupo. Ela parece furiosa.

- Que porra é essa? - ela pergunta. - Não era pra nenhuma de vocês estar aqui. Eu reservei a quadra pro treino de futebol.

- Desde quando? - Roseanne diz. - A sexta-feira antes do semestre começar sempre foi o dia do basquete.

- Não este ano - Charlotte diz, a mão no quadril. - Você não olhou a lista de reservas?

- Treinem lá fora - Roseanne diz, desdenhando. Ela dá as costas para Charlotte e se vira para nosso time. - Tudo bem, comecem com bandejas. Dividam-se em grupos para que tenham rebotes.

Ela se adianta para passar a bola para Googy, mas Charlotte a intercepta, a bola batendo na palma dela com um barulho seco. A energia na quadra muda na mesma hora. Todo mundo fica imóvel.

Roseanne parece pronta para cometer um assassinato.

- Me dá a bola, Charlotte.

- Não, treinadora, acho que não vou, não - diz Charlotte, segurando a bola de basquete debaixo do braço.

Eu quero estrangulá-la. Minhas colegas estão espumando de raiva. As companheiras de Charlotte estão sorrindo torto, apesar de algumas parecerem desconfortáveis.

- O que houve? - alguém interrompe.

Lá está ela. Jennie, cheia de confiança, o rabo de cavalo no alto, os olhos incandescentes percorrendo a cena. Meu coração vai parar na garganta.

- Ninguém precisa de você aqui, Jenniezinha - Charlotte desdenha. - Essa discussão é para atletas.

Os olhos de Jennie fervem.

- Ainda bem que estamos aqui então, Char. Porque não só somos atletas, como também muito boas em determinar para quem se deve torcer em uma situação dessas.

O ar chia com a tensão. Charlotte dá um passo para a frente, a bola de basquete ainda segura embaixo do braço. O foco dela se volta para Jennie.

- E pra quem você está torcendo? - ela pergunta em uma voz perigosamente baixa. Ela se vira e gesticula para mim. - Sua namorada?

Meu coração pulsa em tom de presságio.

- Porque eu ouvi que vocês duas não estão mais juntas - Charlotte continua. - Pelo menos foi isso que pareceu quando vi Lalisa com a Tally Gibson na festa de Ano-Novo do meu namorado.

A mandíbula de Jennie estremece de maneira quase imperceptível. Os olhos dela viram na minha direção por um instante breve.

Faço tudo em meu poder para impedir que meu corpo core por inteiro, mas não adianta de nada. Minha pele está pegando fogo quando todo mundo olha para mim. É exatamente o sinal que Charlotte precisa.

A Jogada do Amor (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora