8

4.6K 517 394
                                    

O Halloween acontece em um borrão de doces e fantasias. Meus amigos e eu comemoramos no cinema, onde eles exibem uma seção de Abracadabra na telona pelo preço de três dólares. Eu secretamente espero encontrar a Tally - ela sempre amou o cinema Chuck Munny, e ficava comigo no balcão enquanto eu estava trabalhando nos dias mais parados -, mas quando olho no Instagram, vejo que está postando fotos de uma casa assombrada com seus novos amigos.

Minha família descobre sobre o meu novo "relacionamento" na primeira noite de novembro. Mamãe e papai estão se preparando para a noite da bolsa de faculdade, uma palestra entediante organizada pelo departamento de orientação escolar, quando Seulgi aproveita para jogar a bomba.

- Esse evento é só pros veteranos, certo? - ela pergunta, apesar de já saber a resposta. - Acho que significa que vocês vão encontrar a nova namorada da Lalisa.

Papai congela no meio do gesto de colocar o seu Crocs. Mamãe para de tentar tirar pelos de gato da jaqueta.

- Namorada? - os dois dizem ao mesmo tempo.

Lanço um olhar mortal para Seulgi, mas o dano já foi feito. Explico o mais vagamente possível, mas ainda assim eles conseguem arrancar de mim o nome de Jennie, a descrição e praticamente o signo dela.

- Mas é a garota do acidente de carro! - mamãe diz com um sorriso alegre. - E você disse que não gostava dela... que tal essa peça que o destino te pregou!

- É como dizem, Lisa - papai acrescenta. - Coisas lindas podem nascer da merda.

- Querido, não fale "merda" na frente das meninas - ralha mamãe, olhando para Minnie.

- Mãe, eu estou no sétimo ano - Minnie reclama, exasperada. - Hoje ouvi um dos meus professores falar "merda".

- Quê? Por quê?

- Ele estava falando de Candlehawk.

- Bom, nesse caso pode.

- Vamos, ou a gente vai se atrasar - papai diz. - Quero conhecer o novo amor de Lalisa!

- Tem certeza de que estamos felizes com isso? - pergunta Seulgi. - Estou preocupada que Lalisa esteja sofrendo de Síndrome de Estocolmo.

- Tipo a Suécia? - Minnie pergunta.

- Não, tipo A bela e a fera. Lalisa se apaixonou pela pessoa que a raptou.

- Ah, Seulgi, não seja desagradável - mamãe diz, dando um tapinha nela. Ela me leva na direção da porta, e lanço um último olhar feio para minha irmã. O timing dela não poderia ter sido pior. Eu ainda não estou com o meu carro, o que significa que tenho que ir com mamãe, papai e suas perguntas incessantes.

Encontro Roseanne e a sra. Park assim que entramos no auditório da escola.

- Me ajude a manter eles longe da Jennie - sussurro de lado para ela. - Seulgi já entregou tudo.

Rosé revira os olhos, mas nos leva para uma fileira no fim do auditório, separados da maioria dos veteranos e de suas famílias. Mamãe e papai ficam conversando animados com a sra. Park, mas os olhos deles continuam passando por todo mundo que chega, como se esperassem que Jennie aparecesse do meu lado a qualquer momento.

Felizmente, ela não faz isso. Eu nem tenho certeza de que ela está lá até encontrar as tranças loiro-claras de Nayeon no meio do auditório. Jennie está sentada perto dela, sussurrando em seu ouvido, os pais de ambas sentados nas cadeiras ao lado das filhas.

A palestra informativa dura cerca de 45 minutos. Eu basicamente ouço o que já sei: que meu plano de ir para Georgia State University definitivamente vai me fazer elegível para ganhar uma bolsa do estado. Eu meio que fico viajando depois disso, mas, quando os conselheiros começam a falar de bolsas para os atletas, observo Jennie se endireitar na cadeira. Me pergunto se a mãe dela nota. Me pergunto se a mãe dela sequer sabe que Jennie quer continuar sendo líder de torcida na faculdade.

A Jogada do Amor (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora