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Acordo muito cedo, tipo sete horas da manhã. A luz branca-azulada atravessa as cortinas, e o quarto está silencioso e calmo. Jennie dorme de bruços, a camiseta velha da mãe agarrada ao lado. O cabelo liso se espalha pelo travesseiro. É óbvio que ela é linda até quando está dormindo.

Saio da cama e me esgueiro até a cozinha, na esperança de encontrar um pão para fazer uma torrada, mas não estou tão sozinha quando eu esperava.

Nayeon está lá, sentada de pernas cruzadas na mesa, olhando o celular, o cabelo despenteado em ângulos estranhos.

— Lalisa! — Ela sorri animada. — Dormiu bem? Gostou do purificador de ar?

— A gente não usou — respondo em tom de desculpas. No fundo do meu cérebro, noto o quanto é estranho dizer a gente. Eu me sirvo do pão e encontro a geleia na geladeira.

— Fico tão feliz que Jennie tenha você agora — Nayeon me diz quando eu me sento. — Ela precisava de uma vitória depois de tudo o que aconteceu ano passado.

Meus ouvidos se empertigam.

— Você está falando da coisa com a Charlotte?

Nayeon estremece.

— Eu sei que ela parece ainda estar meio na da Charlotte, mas prometo que ela gosta de você. Eu sei das coisas. Ela fala de você o tempo todo. “Ah, a Lalisa tem duas irmãs. Lalisa foi superbem no treino ontem. Lalisa ama essa música.”

Quase engasgo com a torrada.

— Sério?

— Não seja boba — diz Nayeon com uma risadinha. — É tão bom ver Jennie com alguém que cuida dela. Ela é superleal. Se você é uma das pessoas com quem ela se importa, ela faz tudo por você. E tenho certeza de que você já descobriu que ela é muito romântica, mesmo que negue. Quer dizer, o filme favorito dela é Dirty Dancing. Ela ouve a música do fim sem parar. Tão cafona.

Não deixo de notar a ironia que é Nayeon chamar algo de cafona. — Claro.

— Ai, minha nossa — Nayeon diz de repente. — Sabe o que a gente precisa fazer? Ir a um encontro de casais! Você pode me arrumar um encontro com o Gunther!

— Ah... ok?

— Vai ser perfeito! Que tal no fim de semana que vem?

***

Nós vamos embora assim que Roseanne e Jennie acordam. Os jogos de futebol americano das faculdades rivais acontecem hoje e queremos assistir com nossas respectivas famílias. Jennie nos apressa para que ela consiga ver o jogo da Georgia/Georgia Tech com o pai dela, mas, antes disso, serve uma garrafinha térmica de café. Para cada uma de nós.

No instante em que deixamos Roseanne em casa, eu me viro para Jennie e desato a falar.

— Nayeon me encurralou para um encontro de casais. Eu, você, ela e o Gunther. Fiquei tão chocada que não consegui dizer não.

A cabeça de Jennie gira lentamente na minha direção.

— E?

— Então... isso... Tudo bem por você?

Ela suspira, cansada.

— Nós cavamos a cova. Melhor nos deitarmos nela logo.

Eu tamborilo os dedos na garrafa de café que ela me serviu. Jennie sabia que devia acrescentar leite, mas não açúcar. Ela toma um gole relaxado da própria garrafinha e se espreguiça no meu banco do carona como se já tivesse feito isso um milhão de vezes.

A Jogada do Amor (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora