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A festa é numa casa chique, quadradona e monstruosa, com janelas que vão até o teto, e a decoração que parece saída direto de Mad Men. É o epítome do estilo de Candlehawk. Consigo até imaginar o que meus amigos e minhas irmãs diriam se estivessem aqui. Roseanne iria me dar aquele olhar de soslaio que ela aprendeu com a mãe. Seulgi franziria o nariz como se estivesse cheirado um peido. E Jennie iria...

— Bem-vindas — diz um cara alto e taciturno com uma cerveja artesanal na mão. Eu o reconheço na hora. A camisa de linho parece amassada de propósito, e o cabelo, deliberadamente bagunçado, penteado com alguma marca de mousse para babacas. — Eu não te conheço. Meu nome é Prescott. Essa é a minha casa.

Ele não aperta a minha mão, quase como se a nossa apresentação dependesse do que posso oferecer em troca. Eu sei que você não me conhece. Meu nome é Lalisa. Essa é a minha ex-namorada.

— Lalisa — digo, acenando com a cabeça.

— Você é de Candlehawk?

— Não. Grandma Earl.

Ele ri. Ele simplesmente ri. Tally olha para mim, coloca a mão no meu braço como se eu fosse dizer alguma coisa.

— Você não namora uma menina de Grandma Earl? — pergunto, categórica. — Ou você só apaga essa informação quando está chupando a cara dela?

— Lalisa — Tally sibila.

Prescott me olha como um bicho de estimação engraçado que acabou de fazer xixi no tapete dele. Os olhos são enevoados; ele já bebeu demais. Mas então ele começa a rir de novo, inclinando a cerveja na minha direção.

— Você é descarada — ele diz. — Pode ficar.

Eu não faço ideia de como responder a isso, mas Tally me afasta de lá antes que importe.

No meio da casa, ao lado de uma lareira que deveria pertencer a uma estação chique de esqui, um monte de gente de Candlehawk está esperando em fila. Não consigo entender o porquê até ver uma parede cheia de vinhas com pequenas velas e cactos que pontuam as estantes. É um fundo para tirar selfies. Estão fazendo fila para tirar foto.

— É tão legal — Tally diz. — A estética da foto fica perfeita.

Um grupo de amigos entrega os celulares para os outros e se aglomeram na frente da parede de selfies. Um dos caras bagunça o cabelo, mantendo a mão ali como se estivesse no meio do movimento. A menina ao lado dele abre a boca para rir, mas não ri de verdade. Só fica na pose como se estivesse prestes a fazer isso. Eu me sinto como se tivesse acabado de entrar na quinta dimensão.

— Nós podemos tirar foto depois — Tally diz, alheia ao meu espanto. — Drinques primeiro.

Ela pega minha mão e eu a deixo fazer isso. Nós vamos para a cozinha, onde várias pessoas obviamente analisam nossa roupa de cima abaixo. Tally finge não perceber, mas alisa a camiseta embaixo da jaqueta de couro. Ela me leva até um balcão cheio de garrafas de bebidas alcoólicas.

— Aqui — ela diz, entregando uma lata na minha mão. Não é uma sugestão. Penso em Jennie indo para todas essas festas de Candlehawk com Charlotte ano passado, e consigo entender por que ela sempre queria ficar bêbada. Mas eu sei bem aonde isso a levou.

— Eu estou bem, na verdade — falo para Tally. — Hum. Minha garganta está meio arranhada. Vim só pegar uma água.

Tally parece surpresa, mas não insiste. Ela faz uma mistura e toma um gole longo.

Estou pegando água do filtro quando ninguém menos do que Charlotte Pascal se esgueira ao meu lado. Sinto os olhos dela em mim como um laser.

— Nós temos água mineral, sabe — ela fala arrastado.

A Jogada do Amor (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora