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Na sexta-feira começa o fim de semana de volta às aulas. Acordo bem cedo, aliso o meu cabelo e coloco a blusa da Rena Lutadora que tenho desde o primeiro ano. Minnie monopoliza o espelho do banheiro, pintando GE, as iniciais da cidade, em letras vermelhas brilhantes nas bochechas. O pessoal do fundamental sempre fica mais empolgado do que todo mundo para o nosso jogo de volta às aulas.

Em uma manobra irônica do destino, essa é a vez que fico pronta mais cedo durante toda a semana. Se eu estivesse indo buscar Jennie hoje, não tinha qualquer chance de ela estar me esperando lá fora. Quase desejo que ela precise de uma carona só para esfregar isso na cara dela. E talvez para poder pedir desculpas pelo que eu disse ontem.

Em vez disso, aproveito o tempo de sobra para pegar café para as minhas amigas. O Doce Noelle, o melhor café na cidade, pintou as janelas para o jogo de hoje à noite. Quando a garçonete me vê com a minha camiseta da Rena Lutadora, abre um sorriso e me dá um muffin de chocolate de graça. Eu o devoro quando volto para o carro, me deliciando com a privacidade de dirigir sozinha novamente.

Mas quando entro na escola alguns minutos depois, esse sozinha provoca uma sensação diferente. As pessoas olham para o meu carro, mas, quando sou a única que sai dele, elas se viram. Acho que não se importam comigo a não ser que esteja servindo de chofer para Jennie.

Volto a ser uma zé-ninguém, e odeio admitir que isso dói.

— Oi, sextou! — Gunther diz quando eu apareço com a bandeja de café. — Qual é a do presente? É só porque você nos ama?

— Porque eu amo vocês, e porque estou livre. — Jogo a minha mochila no chão e me recosto no armário de Rosé. — Chega de dar caronas.

Achei que ficaria eufórica em anunciar isso, mas surpreendentemente, parece meio vazio.

— Acabou-se o que era doce — Jisoo diz. Ela repassa os cafés, checando as descrições primeiro. — Tem certeza de que quer fazer isso, Gunther?

Gunther faz uma careta. Ele começou a tomar café preto porque acha que isso o torna mais sofisticado.

— Acho que sim. Mandem vibrações e boas energias. — Ele toma o primeiro gole como se fosse uma criança bebendo xarope.

— E amêndoas com expresso extra pra Rosé — Jisoo diz, repassando o copo. — Por que a dose extra hoje? A prova de literatura?

— Isso, porque eu tenho que ir melhor do que você — Roseanne diz, erguendo as sobrancelhas para ela.

Jisoo ri.

— Não é uma competição se só você está no jogo, Rosé.

— Ainda assim vou te deixar comendo poeira.

— Nós já entendemos, vocês duas são inteligentes — Gunther diz, revirando os olhos. — Dá pra gente focar no assunto atual? Lisa voltou a ser uma de nós.

Jisoo e Rosé riem.

— Tenho que admitir, estou meio chateada — Rosé diz. — Estava ficando acostumada com a nossa torcida.

— É, eu estava pronto para as líderes de torcida começarem a ir aos jogos de vocês — responde Gunther. — O que quer dizer que eu iria também.

— Elas nunca mudariam pra torcer pra gente — falo.

— Elas poderiam. Eu ouvi um monte delas falar sobre como vocês são boas. — Gunther faz uma pausa e, por alguma razão, as bochechas dele ficam rosadas. — Nayeon disse que vocês são mulher oínas.

Roseanne e eu começamos a rir, mas antes que eu possa responder, meu celular apita com aquele toque sinistro.

Tally Gibson: Fico feliz que você tenha se livrado dela.

A Jogada do Amor (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora