Pensamentos

Pensamentos: Oceano, silêncio.

[24 de agosto de 22]
[18:37]
🌘

Aqui sozinha, neste quarto, eu penso, penso

Por que essas coisas só acontecem comigo ?!

Abraço minhas pernas, talvez isso deva compensar a falta que eu sinto agora.

Um nó se firma em minha garganta, eu sinto vontade de vomitar, me espalhar em meio ao caos.

Porque é isso que eu sou agora, puro caos.

Eu não tô triste, só estou frustrada.

Não poderia ser com outras pessoas?

Por que comigo? Por que comigo?

Eu queria fugir, esquecer que um dia isso aconteceu e que eu cheguei a esse ponto.

Eu só queria ter uma vida normal, sem essa adrenalina negativa e ruim, como uma dose de V9 injetada em meu sangue.
E eu odeio tanto, tanto isso, que agora o sentimento se mistura com raiva.

Então respiro fundo e me deito no chão frio.

Eu tô melhor, o caos fora da minha bolha também cessou, ou pelo menos um pouco.

Minhas lágrimas estão secando, e minha garganta as acompanha.

Eu não quero sair agora, não quero que vejam que eu fraquejei.

Porque eu aguentei por tanto tempo, me mantive por tanto tempo, que agora que eu me esgotei, eu sinto que criei um mar.
Um mar obscuro, sombrio, de águas cristalinas porém traiçoeiras, de lindas baleias que escondem tubarões.

Mas agora as águas estão mais calmas, elas me levam junto a elas, e alguns marinheiros me ajudam.

Novas lágrimas escapam, não sei se são reflexo, ou do vazio ainda presente. Seco-as e volto a escrever.

Eles acham normal, tratam a situação como se nada tivesse acontecido, e eu não entendo o porquê de me senti assim, o porquê de desabar tanto, o porquê de parecer tão fraca, tão vulnerável.

Talvez por ter passado muito tempo me escondendo ou me forçando a não colocar pra fora, ou talvez porque eu tenha passado por isso desde o minha infância, segurando as lágrimas e tampando o choro só pra não ouvirem como eu também estava sofrendo com aquilo, e talvez eu fosse a mais machucada desse conto de fadas.

Outras pessoas, mesmo sentimentos, mesma angústia.

Aquilo era péssimo, a sensação de viver correndo, como se talvez minha vida dependesse daquilo, e talvez realmente dependesse.

Eu quero parar de escrever, me ajudou, muito, assim como os marinheiros no meio do mar.

Agora eu quero renascer, como uma fênix, no alto mar de lágrimas, de sentimentos, de gritos silenciosos e desesperados.

Eu quero ir lá fora, mas não quero que vejam o oceano que eu formei, pois nele á muita vida e muita morte que ninguém pode ver, que são muito preciosas para serem reveladas, ou muito perigosas para serem reconhecidas.

Eu não vou mais me envolver, vou deixar o mar me guiar, cravar meu coração em uma pedra e deixar meu ossos descançarem.

Não a lugar que eu esteja que com vocês eu não consiga fazer de lá minha casa.

☆~