Capítulo 3

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  Ao cair da noite o bar comandado por Cheng abre suas portas mais uma vez, rapidamente vários clientes aparecem e enchem o balcão e as mesas, conversando e rindo alto enquanto desfrutam de algumas bebidas, várias pessoas vinham especificamente ali para aproveitar noite, a maioria gente importante dentro do território de Gusu, entre eles políticos, mafiosos, gangster, empresários famosos e alguns traficantes de armas e drogas ilícitas, um público realmente diversificado.

Wei e Norami ajudam Cheng no bar, servindo as mesas ou até mesmo preparando as bebidas, tudo da forma mais discreta possível, todos eles evitam falar com os clientes já que alguém do misterios poderia ir facilmente até ali, tudo que faziam era sorrir e serem os mais gentis possíveis. Naquela noite em específico o movimento estava calmo e leve, Norami servia as mesas com Cheng enquanto Wei permanecia detrás do balcão preparando alguns drinks ou apenas servidos bebidas comuns a pedido dos clientes, muitos homens e mulheres tentavam atrair sua atenção ,deixando seus números de telefones junto com a gorjeta pela bebida em cima do balcão, outros puxavam assunto e até tentavam tocá-lo, mas ele era bom em ignorar todas aquelas tentativas ridículas, dormir com qualquer umas daquelas pessoas poderia ser perigoso e arriscado, ser esfaqueado pelas costas não lhe parecia um jeito legal de morrer.

Entretanto um cliente em específico chamou sua atenção, ele havia acabado de entrar no bar sozinho segurando um casaco pesado em seu braço esquerdo, era alto, cabelos compridos e vestia uma roupa formal, havia um pequeno sorriso em seus lábios enquanto aproximava-se do balcão e sinalizava para ele vir atende-lo, seus olhos o avaliaram não deixando de notar a bela aliança de prata em seu dedo.

Um belo homem comprometido, pensou.

Pelo visto tinha perdido seu achado interessante da noite.

— Boa noite senhor, o que deseja beber? — perguntou segurando um copo entre suas mãos — Algo mais leve ou algo mais forte? Fique à vontade para escolher.

— Apenas algo mais leve, tenho que ir para casa hoje e meu marido não gostaria de me ver bêbado — riu suavemente — Voltei de viagem hoje, estou apenas descansando por um momento.

— Claro, um drink suave para você — serviu-o, empurrando o copo pelo balcão — Um homem tão bonito casado, eu diria que isso é um desperdício, mas na verdade seu marido é que tem sorte.

— Obrigado, na verdade eu que me considero um homem de sorte, meu marido é um belo homem — ergue o copo em sinal de um brinde, recebendo um aceno como resposta — Você tem um belo olho, é a primeira vez que vejo alguém com o olho dessa cor.

Wei sorri, levando sua mão distraidamente a seu rosto, lembrando-se simultaneamente da cicatriz que tinha ali acompanhado por aquele detestável tapão.

— Minha mãe tinha olhos dessa cor, ela era uma mulher linda — murmura — Tive sorte de puxar para ela, pelo menos nesse detalhe. Mas minha amiga tem olhos mais bonitos assim como meu irmão, ela tem olhos brancos e ele olhos violetas.

— Um grupo de pessoas interessantes eu poderia dizer. Não é nada comum ver olhos dessas cores — termina seu drink deixando o copo sobre o balcão — Eu diria que é interessante.

— Você também tem belos olhos e não só eles são bonitos — cruza seus braços a frente de seu corpo.

— Flertando? — ergue uma sobrancelha — Admito que é bonito, mas sou muito fiel.

— Não se preocupe, homens casados não fazem minha vibe — ri suavemente — Já tive problemas suficientes em um tempo distante.

— Isso significa que está aqui a muito tempo, estou certo? — sua pergunta soa levemente curiosa.

A bela íris cinza o encara, brilhando suavemente como se naquele momento algo tivesse passado por sua mente e refletido sobre ela, ele se encosta no balcão e recolhe o copo vazio de lá, naquele momento pode notar tatuagens em suas mãos que sobem por seu braço coberto pela camisa de linho, e também a alguns anéis em seus dedos, por algum motivo aquele barman parecia ser alguém perigoso.

— Não costumo falar sobre minha vida por aí, estou abrindo uma exceção conversando com você para ser sincero — pisca para o outro — Mas não vai ter nada sobre mim, nem mesmo meu nome.

— Oh, entendo — o encara por alguns segundos, sua aura parece estranhamente ameaçadora — Acho que essa é minha deixa para ir, obrigado pelo drink — coloca-se de pé — Até logo.

— Sim, tenha uma boa noite, senhor.

O tal homem se afasta, seguindo rapidamente para fora enquanto Wei o observa sumir pela porta da frente saindo completamente de seu campo de visão, alguns clientes chamam por ele arrancando-o de seus pensamentos, um sorriso sobe novamente aos seus lábios assim que se aproxima para atendê-los. Norami retorna ao balcão e se junta a ele, a mais velha o encarou com curiosidade enquanto segura duas cervejas em suas mãos, Wei quer perguntar o que há, mas a muitos clientes falando consigo e uma conversa paralela apenas o atrapalharia, ele espera que o fluxo diminua para que possa atrair atenção da outra batendo seus dedos suavemente sobre seu ombro.

— Porque está me olhando assim? — pergunta, limpando suas mãos com um pano de prato — Sinto que acabei de fazer algo errado e estou prestes a ser repreendido.

— Quem era o tal cara que estava conversando? Vocês pareciam bem à vontade — encosta-se sobre o balcão — Isso é estranho vindo de você.

— Ah, ele era um cara bonito, pensei que talvez pudesse me arriscar — sorri suavemente — Mas ele era casado e eu não quero problemas, apenas trocamos algumas palavras, nada demais.

— Certo, tá sofrendo de tesão acumulado? Tem muitos caras aqui loucos para ter uma noite com você — zombou, recebendo um olhar mortal de Wei.

— Vai se foder, como se eu realmente estivesse interessado em algum desses cuzões cheios de grana — revira seus olhos — Estou bem assim.

— Sobre o que estão falando? — Cheng se junta a eles — Algo interessante aconteceu?

— Nosso WeiWei está querendo sair da seca — Norami diz, rindo — Eu o ofereci alguns caras do bar e ele sentiu-se ofendido.

— Eu também me sentiria se fosse ele, mesmo que sejam meus clientes e estão me fazendo ficar rico, jamais aceitaria sair com algum deles — faz uma expressão de deboche — Eles poderiam facilmente me matar enquanto durmo.

— Viu Norami, eu tenho razão — encara a outra que apenas revira seus olhos.

— Okay, okay, você tem toda razãoooo — fala, prolongando a frase — Mas por agora, vamos fechar o bar. O fluxo de clientes caiu e estou cansada — se move em direção ao salão para limpar as mesas — Feche o caixa WeiWei e venha nos ajudar. Quero ir o mais rápido possível para meu apartamento.

— Você está ficando velha, Norami — Cheng diz — Daqui a pouco vai começar a agir como uma senhorinha — brinca.

— Cala boca fudido de merda, e limpe logo isso — mostra seu dedo do meio para ele — Vocês dois só sabem me encher.

Wei apenas riu daquela pequena discussão, voltando a se concentrar em seu trabalho, os últimos clientes que ainda estão por ali despendem-se assim que percebem que o bar irá fechar, seguindo pelas ruas escuras aos tropeços. Do lado de fora o tal homem ainda permanece parado encostado em seu carro encarando a frente do bar, alguns pensamentos passando por sua cabeça enquanto permanece ali.

— Olhos cinzas? — fala consigo mesmo — Eu posso jurar que já ouvi isso em algum lugar, mas onde?

Segura seu celular em sua mão, tira algumas fotos do bar e o guarda novamente em seu bolso.

— Senhor Wen, temos que ir — seu motorista o chama — Já está tarde, ainda seguiremos pelo mesmo caminho?

— Sim, vamos para mansão Lan, quero encontrar meu marido ainda hoje — diz adentrando o carro, depois ele pensaria sobre aquilo — Vá rápido, perdi muito tempo aqui e não quero que as flores que darei a Qiren murchem — o motorista assente, partindo com o carro.

Ele olha mais uma vez para o bar antes que ele suma de vista.

— Olhos cinzas — murmura.

Youngblood - WangXian.Onde histórias criam vida. Descubra agora