Capítulo 2

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  Alguns estão aonde chegaram por mérito próprio e outros apenas não precisaram fazer esforço para estar lá, assim funciona a vida quando você abre seus olhos e se desafia a enxergar do outro lado muro, onde a sujeira e a podridão se misturam tornando-se apenas um, não existem bons homens quando a linguagem usada é a do dinheiro, pessoas não tem escrúpulos quando se trata de está no topo ou querer estar nele, limite é somente uma palavra que se torna nada rapidamente no submundo que chamamos de elite.

Wangji cresceu em cima do muro, seu pai era um homem bom que escolheu meios errados para ganhar a vida e ter toda a riqueza que tinha, os barões da sociedade o usaram para mascarar seus crimes pagando um preço alto pelo silêncio e a obediência, mas antes de tudo aquilo, seu velho foi um homem simples de trabalho humilde e uma vida humilde, não era algo relativamente ruim porém era menos do que ele sempre quis e almejou, seu pai queria mais do que comida no prato, contas fechando no vermelho no final do mês, ônibus lotado toda manhã e um salário de merda que mal dava para sobreviver, e não importava o que faria para ter um espaço junto aos poderoso, eles apenas desejava estar lá.

No final ele conseguiu o que tanto quis, dinheiro, poder, fama e um lugar no topo, lugar que foi arrancado pelas mesmas pessoas que o deram, seu pai foi da ascensão a lama, morrendo como um mero ninguém. Wangji aprendeu muitas coisas quando seu velho morreu e seu tio assumiu tudo, se quisesse se torna alguém precisava ser sujo e baixo como todos aqueles filhas da puta, mas mais do que ser alguém, ele queria vingança pelo seu pai, trabalhou duro dia e noite derrubando calmamente cada um daqueles que se achavam donos do poder de seu trono, tomando tudo deles e se colocando em pé no topo, sozinho.

O dinheiro lhe deixou arrogante, sua fama lhe deu confiança e o fato de ser temido lhe deu mais do que poder, lhe deu aquilo que todos queriam, um passe seguro e único para se tornar alguém como um rei, a elite da elite, como sempre almejou.

Wangji havia assumido o poder junto de seu irmão Xichen, ambos governavam parte da cidade e alguns pequenos bairros fora de suas próprias terras, tinham os melhores negócios nas mãos e todos queriam ter uma aliança com eles. Poucos ousavam desafiá-lo e passar por cima de suas leis, estava no controle de tudo e ninguém parecia disposto a tirá-lo de lá, entretanto, tanto poder também lhe rendeu inimigos e algumas ameaças de mortes, muitos o queriam fora do topo para assumirem e transformarem tudo em uma grande "favela", onde as leis são criadas por gangsters e alguns poderosos donos de cassinos e empresas que são usada como fachada para o tráfico de drogas e armas, ainda assim seria difícil tirá-lo do comando, afinal não morreria se tivesse a chance de matar aquele que veio executá-lo.

— O ministério parece desapontado com você desde do acontecimento de ontem — Xichen murmurou, observando-o rodar um pequeno isqueiro entre seus dedos — Seu nome não tem deixado a boca deles, alguns estão falando que você vai ser chutado.

— Ah, é mesmo? — acendeu o isqueiro olhando para a chama — Vão me chutar da mesma forma que tentaram me impedir enquanto eu arrastava um deles pela sala? Se for assim, vai ser divertido, a cara deles me vendo puxar o Yumo pela sala como um saco de merda foi cômica.

— Não acha que passou dos limites? Entendo que ficou com raiva — o encarou — Mas arrastar, matar e torturar um deles foi meio exagerado.

— Xichen, você me conhece, aquilo foi o mínimo — apagou o isqueiro — Poderia ter sido bem pior, além do mais, eu já não tenho uma boa fama o que vai mudar? Em uma próxima vez, vão pensar duas vezes antes de falarem merda sobre o tio.

Wangji se desencostou da parede e caminhou vagarosamente pela sacada com vista direta para toda cidade, as tatuagens em seus braços e mãos expostas pela camisa regata que usava naquele momento, eram dias quentes em Gusu.

— Estamos nisso a anos, eles sempre tentam me colocar pra fora e tomar meu lugar — se apoia sobre a beirada da mureta, os músculos de seus braços flexionando pelo ato — Mas a história se repete, depois daquela tentativa medíocre de me roubar, não tenho nenhum pingo de piedade desses filhos da puta.

— O Wen nos avisou naquele tempo, várias e várias vezes — deu de ombros — Um dia antes do roubo, Ruohan falou que os caras queriam passar você pra trás, a ideia era praticamente nos falir roubando as jóias.

— Que ideia estúpida — riu — Tão estúpida, que me pergunto porque não matei nenhum deles naquela época.

As jóias que haviam sido tirada de seu cofre faziam parte de uma coleção pessoal, nada que fosse realmente importante, já que tinha milhares de jóias semelhante a aquelas e até mesmo algumas de valores mais altos em um cofre fora do país, roubá-las não causariam um verdadeiro rombo em sua economia e dinheiro era algo que não lhe faltava, a ideia do conselho poderia ter sido promissora, mas sem nenhum tipo de efeito permanente em suas ações.

— Você se esqueceu do porque não fez nada? Eu me lembro muito bem — sorriu cinicamente — O Senhor estava muito ocupado, procurando por um certo ladrão de olhos cinzas.

— Xichen, não comece — revirou os olhos — Estava mesmo procurando ele, mas não aja como se eu estivesse obcecado.

— Claro que não, você? Obcecado? — riu — Nunca disse isso e jamais diria, afinal mover todos nosso homens dentro e fora da cidade durante dois meses em uma tentativa de encontrá-lo, não faz de você um obcecado, é apenas um engano meu.

Xichen afastou-se rapidamente em direção às escadas ao receber um olhar mortal de seu irmão que o seguiu. Wangji sempre esteve acostumado a estar acima de qualquer um, ninguém nunca o desafiava por não ter coragem e jamais imaginou que alguém algum dia faria algo como isso.

Mas para sua surpresa, um único homem com determinação e coragem veio as suas terras, invadiu sua mansão, roubou cinco de suas jóias e mesmo depois de ter sido pego o desafiou, agindo como se ele não fosse ninguém para temer, desdenhando enquanto sorria cinicamente diante da situação que se encontrava, sem contar no flerte descabido que foi usado para distraí-lo e assim pudesse fugir diante de seus olhos logo em seguida, levando não só suas jóias mas também um beijo que roubou na mesma ocasião.

O maldito homem que esteve em seus pensamentos por malditos fuckings cincos anos, o procurou por todos lugares daquela cidade, rastro por rastro e nunca o encontrou, em algum momento sentia que estava começando a ficar obcecado pelos dois pares de belas orbes cinzas que perturbam seus sonhos todas as noites o tirando do eixo, entretanto jamais admitiria isso em voz alta, diferentemente de seu irmão que havia acabado de jogar aquilo na sua cara.

— Você fala que estou obcecado, mas alimenta meu desejo de encontrá-lo — disse o seguindo escada abaixo — Me ajudou naquela época e continua me ajudando.

— Eu sou seu irmão, tenho que te apoiar — dramatizou — Me sentiria um cara horrível se não apoiasse você em suas loucuras, e eu sou incrível.

— Deus — empurrou Xichen para o lado — Sua autoestima está cada vez pior.

— Ah, não exagere irmão, veja bem — o abraçou pelos ombros — Lan Wangji, bonito, rico, gostoso, uma cara de mal com um corpo tatuado, todo mundo quer ter uma chancezinha sequer de beijar esses seus lábios — o puxa para mais perto — Entretanto, você passou cinco anos procurando por um cara em específico que sequer lembra-se do rosto.

O outro o empurrou para longe seguindo até sua cadeira onde se jogou colocando suas pernas sobre a mesa voltando a rodar o isqueiro entre seus dedos, enquanto encarava seu irmão com certo tédio.

— Eu tenho um interesse bem específico Xichen, não me importo com todas as outras vadias oportunista que querem me esfaquear enquanto eu durmo — sorri — Tem muitas dessas por aí, lembro bem da Hamin, se dependesse dela eu estaria sentado lindamente no colo de satã agora.

— E qual a diferença delas com o seu bandido? — sentou-se de frente para seu irmão.

— Digamos, que ele roubou algo bem precioso, mais precioso que aquelas jóias — deitou-se sobre a cadeira, sorrindo consigo mesmo por alguns segundos — E você pode ter certeza, eu vou encontrá-lo.

Youngblood - WangXian.Onde histórias criam vida. Descubra agora