Youngblood - WangXian.

Capítulo 6

  Havia ânsia e certa fome naquele beijo, sua boca permanecia perdida sobre a do outro, queimando intensamente enquanto a devora, o aperto de sua mão sobre os cabelos de Wei eram firmes planejando manter aquele contato enquanto ainda houvesse ar em seus pulmões, havia esperado um bom tempo só para apreciar aquele doce momento, o suave gosto daquele lábios tinham ficado em sua mente e prová-los novamente era como estar no paraíso.

Quando finalmente se afastou e observou a face de Wei, pode ver seu belo olho brilhando da mesma forma que brilharam a cinco anos atrás quando ele lhe roubou aquele beijo.

— Agora consegue se lembrar, Wei Wuxian? — foi a primeira coisa que disse quando suas bocas afastaram-se — Diferentemente de você, eu não pude esquecer. Na verdade, fiz questão de lembrar.

— Cinco anos atrás, eu roubei você — desdenhou — Não é mesmo, Lan Wangji? Jamais imaginaria que você se lembraria de mim.

— Aquele foi um roubo um tanto diferente, afinal além de roubar minhas jóias — cruzou suas mãos abaixo de seu queixo, sorrindo lindamente — Você me roubou um beijo. Foram três furtos naquele dia.

— Três? — ergueu uma sobrancelha — Na minha conta são apenas dois.

Wangji limitou-se a dar de ombros, se Wei não tivesse entendido, não seria ele a lhe explicar, deixaria para que o tempo lhe desse a resposta para aquela questão.

— Bom, de qualquer forma — o encarou — Veio até aqui só para me beijar ou está pretendendo me cobrar pelas jóias também? Porque isso eu não tenho como devolver.

— Não me importo com aquelas jóias, tenho muitas daquelas — ajusta-se sobre o banco — Posso lhe dar quantas quiser, basta me pedir.

— Eu não preciso, tenho dinheiro também e muito por sinal — debocha — Se é apenas isso, melhor ir embora, bonitão.

Tão cedo assim? Ele queria ouvir mais de Wei, queria realmente conversar com ele e apreciar o quão belo aquele homem estava mesmo depois de tanto tempo, aquela camisa preta colada sobre o corpo malhado e as tatuagens que subiam por seu braço esquerdo acompanhados por algumas cicatrizes, o fazia desejar tê-lo montado sobre o seu colo enquanto trocavam um beijo quente, mas definitivamente teria uma arma apontada para seu queixo se fizesse isso agora, Wei Wuxian era um homem difícil de se ter e de domar.

— Quer tanto assim se livrar de mim? Não sentiu nem um pouco minha falta? — fez uma expressão triste — Estou decepcionado.

— Cínico — riu suavemente, preparando um segundo drink o empurrando para o outro — Veio aqui beber não é? Me prometeu uma boa gorjeta e eu vou cobrar, pela bebida — aproximou seu rosto do outro — E pelo beijo.

— Acha justo me cobrar pelo beijo? Afinal você me roubou primeiro — mantêm seus olhos presos aos de Wei — O que fiz foi mais que justo, não?

— Depende, no meu ponto de vista, não foi.

— Você me roubou Wei, não só as joias mas o beijo também — murmurou — Isso foi quase como uma dívida, cinco anos lhe dão bons juros. Eu poderia facilmente cobrar todos.

Uma risada escapou pelos lábios do outro, ecoando suavemente pelo bar vazio. E caralho! Como aquele homem conseguia ficar tão sexy, apenas fazendo algo tão simples como aquilo.

— Ah Wangji, você tem um bom senso de humor — suspira — Cobre a dívida de quem me contratou para roubá-lo, não de mim.

— Seu alvo eram minhas jóias, não minha boca — ergue uma sobrancelha — Você decidiu levá-lo como um bônus. E isso não fazia parte do acordo, tenho certeza.

— Digamos que tenha razão, mas não estou tentando ser justo aqui — dá de ombros — Pague pelos drink e pelo beijo, ou eu vou pendurar uma conta aqui pra você — sorri docemente — Imagine só, um homem tão importante com uma dívida em um barzinho, que feio.

As coisas realmente estavam sendo bem interessantes,Wangji pagaria aquele gorjeta de qualquer forma, mesmo que ele não pedisse, porém queria estender aquilo máximo possível.

— Ter uma dívida com você não me parece ruim — insisti — É interessante vê-lo novamente.

— O bar é do meu irmão, não meu — segue com aquela pequena provocação entre eles — Tenho certeza que jamais vai querer ter uma dívida com ele.

— Foi você que me atendeu não ele, fugindo de suas obrigações, Wei Wuxian? — e mais uma vez, aquele sorriso está em seus lábios.

— Você não desiste.

— Não mesmo.

Do que dependesse de sua perseverança, Wei teria muito dele dali pra frente, depois de tanto tempo lutando para encontrá-lo não deixaria que ele sumisse tão fácil assim de suas vistas, mas por hora precisava ir.

— Infelizmente tenho que ir — olha para o relógio em seu pulso — Prometo voltar quando puder — deixa a gorjeta sobre o balcão — Até mais — afasta-se em direção a porta.

— Ei, aqui só tem metade — Wei grita para ele — Acha mesmo que eu estava brincando, vou pendurar uma conta aqui até me pagar. Meu irmão vai amar saber que tem um cliente que bebe e sai sem pagar.

Wangji virou-se para Wei, um ar de confiança em sua face enquanto o observa antes de respondê-lo.

— Alguém virá pagar a dívida com seu irmão, não se preocupe quanto a isso — agora seus lábios são preenchidos por um sorriso arrogante — Quanto minha dívida com você, eu mesmo o procurarei para pagar.

Ele pisca para o outro antes de ir. Wei Wuxian era mesmo um homem quente como havia imaginado, não só quente como sexy, adentrou o carro que já o esperava com um sorriso bobo em seus lábios o que acaba assustando seu motorista que apenas acelera em direção a mansão Lan, estranhando a expressão de seu chefe. Xichen que permanecia na sala a sua espera o encara com desconfiança, provavelmente o ar de satisfação estampado em sua face seja um bom motivo para que o mais velho possa provocá-lo como sempre faz, mas nada poderia estragar seu bom humor naquela noite tão agradável que teve.

— Pelo visto, as coisas acabaram bem para você essa noite — Xichen murmurou, bebendo calmamente seu chá — Sua jóia preciosa estava mesmo lá?

— Sim, Ruohan não estava enganando ou mentindo, era realmente ele — deitou-se sobre o sofá, ao lado Xichen encostando sua cabeça sobre as coxas do mais velho — Nunca tive uma noite tão agradável. Wei Wuxian é um homem em tanto.

— Oh Deus, apaixonadinho irmãozinho? — aperta as bochechas de Wangji — Não esqueça que ele roubou você, sei que tinha ordem para isso mas não anula o fato.

— Não estou preocupado com isso, não fui prejudicado de qualquer forma — fecha seus olhos — Além do mais, sinto que o ministério não gosta muito deles. Acredita que ninguém naquela região sabe o nome de nenhum deles?

— Então, eles estão se mantendo no escuro — suspira — Aquele roubo era importante para o ministério, a partir do momento que eles "falharam", isso complica o plano dos malditos velhos. O que me leva a questionar, como eles receberam pelo serviço?

— Acha que o ministério não pagaria eles? — pergunta.

— Tenho certeza, lembra de Su She? Ele foi morto depois de falhar em uma missão — deixa a xícara sobre a mesa de centro — Com certeza fariam o mesmo com o seu ladrãozinho e a gangue dele. Estou curioso agora, o que eles fizeram para sair vivo?

— Bom, eu não me importo mesmo, fique a vontade se quiser investigar — se levanta, batendo suavemente sobre a testa de Xichen — Eu vou dormir, me conte o que descobrir depois.

Xichen quer provocá-lo sobre aquele bom humor, mas apenas fica em silêncio, limitando-se a revirar seus olhos enquanto o vê subir as escadas, parando apenas alguns degraus antes de chegar ao corredor.

— Ah, você tem uma dívida — diz — Com o irmão de Wei, apareça lá para pegá-la depois.

— Como assim uma dívida? Wangji...— o encara com indignação.

— Não se esqueça, o irmão dele odeia devedores — acena antes de sumir pelo corredor, ouvindo o outro xingá-lo.

Ele se joga sobre a cama, suspirando feliz ao se lembrar do beijo.