Capítulo 10

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 Às vezes apenas precisamos escolher bem em que vamos confiar, dependendo de quem será esse alguém toda nossa vida pode ser colocada em risco, não podemos confundir confiança com lealdade e respeito com servidão, afinal você pode confiar em mim mas eu posso não ser leal a você, da mesma forma que você pode me servir mas não me respeitar, uma balança com dois pesos diferentes jamais fica equilibrada.

Ele havia aprendido desde cedo que confiança é algo que vale muito naquele ramo, quanto menos pessoas em que confiar mais chances de ser esfaqueado pelas costas você tem, por isso sempre escolheu a dedo aqueles que o acompanhariam naquela caminhada e seguiriam ao seu lado, cada um de seus homens o conheciam bem, sabiam jamais poderiam falhar porque caso isso acontecesse não haveria misericórdia, entretanto aquele pequeno feixe manchado com sangue brilhando diante de seus olhos, lhe fazia pensar que havia feito uma escolha errada, era como uma piada ruim que é contada apenas uma vez porque ninguém jamais irá rir dela novamente por ser ofensiva, a não ser que você seja sujo ao ponto de entendê-la e achá-la engraçada.

Wangji não era um homem tolo, Wei também não.

Como se fosse nada, ele havia vindo até ali e jogado aquela verdade em sua face, sem se importar com o peso de suas palavras e ações, não ligando totalmente para o que poderia acontecer logo em seguida, de certa forma parecia que Wei sabia como poderia reagir e era isso queria, uma reação exagerada ou altura do Lan mais temido daquela cidade, e Wangji daria aquilo a ele.

Havia apenas duas coisas que poderiam despertar sua fúria e uma delas era ser traído por quem tinha dado sua confiança.

Devagar abaixou-se para pegar o pequeno feixe azul, subindo as escadas em direção ao seu escritório após pedir que Xichen fosse chamado, assim que chegou a sala no final do corredor, a adentrou, e permaneceu alguns minutos apenas rodando o feixe em seus dedos enquanto observava a vista através da enorme vidraça, lembrando-se do breve resquício do perfume adocicado de Wei e de seu belo sorriso, que permaneceu em sua face mesmo depois de dizer aquelas palavras, seu irmão apareceu alguns minutos depois batendo na porta antes de entrar para anunciar sua chegada, surpreendendo-se pela face nada amigável do outro.

— O que há de errado my bunny? — perguntou aproximando-se para sentar em uma das cadeiras de frente para a mesa de Wangji — Parece estressado.

— Você e esse excelente senso de humor — encarou o mais velho, jogando sobre a mesa o feixe azul — Algum de nossos homens perdeu isso?

— Sim, eu perdi — o segura em sua mão — Mas ele não estava manchado com sangue, não pelo o que eu me lembre — encarou Wangji — Onde o encontrou?

— Xichen...está falando sério? Isso é seu? — suas palavras soaram incrédulas — Como perdeu isso e quando?

— Três noites atrás, enquanto eu checava uma entrega que recebemos — dá de ombros — Rolou uma confusão e eu perdi. Como sabia que não ia encontrar, apenas deixei para lá. Mas é interessante que isso tenha viajado longe o suficiente para ser manchado com sangue.

— Você não achou que seria interessante me dizer isso? Nem um por segundo considerou me contar? — Xichen novamente deu de ombros — Pois saiba que esse feixe foi entregue a mim, por Wei. A casa dele foi invadida e um dos homens carregava isso.

Seu irmão o encarou por minutos que pareceram horas e logo depois riu, às vezes Wangji realmente odiava a personalidade de Xichen, o mais velho costumava a pensar e agir pior do que ele quando queria.

— O que é engraçado? — suspirou.

— Wangji para isso ter chegado até alguém que supostamente invadiu a casa do seu ladrãozinho, um de nossos homens precisa ter o levado — disse de maneira simples — Nós matamos todos que estavam lá, não sobrou ninguém além de nós vivos. Então teoricamente falando, alguém aqui dentro encontrou o feixe e deu para o cara que invadiu a casa de Wei, ou ele mesmo fez isso e agora está morto.

— Um traidor? — Xichen assentiu — Droga!

— Não se pode confiar em ninguém, não é mesmo? — sorriu — Me deixa cuidar disso por você, prometo descobrir quem é o traidor.

Ah, ele poderia facilmente deixar seu irmão cuidando aquilo e não perder tempo, mas estava com raiva e precisava de alguma forma colocar aquilo para fora, nada melhor que torturar algumas pessoas que estão testando seus limites e sua paciência ao mesmo tempo.

— Eu deveria ter colocar nas ruas depois de ter perdido isso — murmurou — Seja mais responsável, tem pessoas que realmente querem seu pescoço.

— Ah, eu não ligo muito, você sabe, faz parte de quem eu sou — rodou o feixe sobre a mesa — Você me tirou das ruas umas três vezes, disse que eu estava sendo extremo demais. Mas my bunny, eu não gosto de caras que machucam garotas ou a obrigam fazer coisas que elas não querem.

— Por isso os arrastou pela rua? Grande ideia, o ministério sempre está se queixando que o mais velho dos Lan age como um psicopata — sorriu docemente, batendo sua mão sobre a cabeça de Xichen — Não ajuda nem um pouco com nossa fama.

Xichen costuma ceder ao extremo facilmente, sua personalidade mais receptiva e amigável facilmente engana as pessoas, o ministério havia proibido sua presença nas reuniões que aconteciam mensalmente após ele decidir fazer um pequeno show nada agradável, desde então Wangji estava sempre medindo as ações de seu irmão mesmo que as suas também chegassem a um tipo extremo.

— Como se ligasse para nossa fama — suspirou — O que pretende fazer? Afinal sei que seu ladrãozinho está esperando você agir?

— Vamos reunir todos nossos homens no galpão ao anoitecer. Antes vou falar com Ruohan, ele que cuida das fichas dos nossos "funcionarios". Quanto a você, querido irmãozinho, me faça um favor — apoiou-se sobre a mesa — Descubra tudo que puder sobre Wei e o grupo dele.

— Sempre fico com o trabalho mais chato — resmungou — Irei dar uma volta por aí, e falar com algumas pessoas, não prometo nada. Na verdade estou bem interessado na dívida que me arrumou.

— Não se esqueça de pagá-la, pelo o que eu ouvi de Wei, seu irmão odeia devedores — rir suavemente — Fale com A-Qing, peça para ela te acompanhar. Ficarei cuidando de tudo por aqui.

— Tanto faz, mas eu farei do meu jeito — apontou para face de Wangji — Nada de reprimendas depois. Agora me diga como estava seu bandido?

— Lindo, absolutamente cativante — sorriu ao se lembrar — Wei é um homem de classe, sempre está bem vestido, hoje estava usando uma camisa social vermelha com um colete preto e uma calça social também escura. Sempre que o vejo, ele está usando roupas mais formais, e convenhamos — mordeu seu lábio inferior — Wei fica muito sexy assim.

— Argh, você me faz querer vomitar — fez uma expressão de nojo — Ele parece ter toda sua atenção, me pergunto o que Wei vai achar quando souber aquele detalhezinho que só eu e você sabemos.

— Bom, eu tenho um ponto sobre isso — dá de ombros — Estou completamente tranquilo — coloca-se de pé — Me deixe buscar por Ruohan, quero resolver isso logo, quanto mais rápido eu acabar com isso mais rápido verei Wei.

— Wei, Wei e Wei — levantou-se também — Ah, você está aos pés desse cara, quando eu menos perceber vai estar fazendo tudo que ele pedir.

— Não se preocupe, logo, logo estará quem nem eu — o abraçou pelos ombros — Agora farei o que sei fazer de melhor. Boa sorte na sua busca.

Wangji afasta-se pelo corredor deixando Xichen para trás. O mais velho ainda permanece alguns segundos parado, ele havia notado aquele brilho nos olhos do outro.

Youngblood - WangXian.Onde histórias criam vida. Descubra agora