Capítulo 5

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 — Preciso que fique no bar, enquanto eu e Norami vamos no fornecedor hoje a noite — Cheng disse assim que ele colocou os pés no restaurante naquela manhã — Não podemos ir durante o dia, porque grande parte do pessoal do ministério fica naquela área nesse horário.

— E sobra pra mim no final cuidar de tudo sozinho — suspira — Pelo menos sabe se estarei livre?

— O que exatamente você vai fazer? Ficar em casa assistindo novela? — revirou seus olhos — Me poupe né, faça isso pelo seu irmãozinho.

— Não estou muito afim — cruzou seus braços — Aqueles velhos adoram flertar comigo, não me sinto disposto a aguentá-los.

— Vamos lá, Wei — o encarou — Só por hoje, prometo te recompensar. Agora me deixe ir pegar minha moto, Norami vai me matar se eu demorar mais um pouco.

Cheng piscou para si, afastando-se da área da cozinha e indo em direção a porta da entrada o deixando sozinho, fazia algumas semanas que o estoque de bebida permanece comprometido, infelizmente a área de reabastecimento dos pequenos negócios era muito movimentada pelas pessoas do ministério, e o único momento que podiam ir era a noite.

Realmente não era para ele um problema cuidar do bar sozinho, não abriria a área do restaurante de qualquer forma, sentia-se cansado pela má noite de sono que teve, passou grande parte da madrugada bebendo enquanto assistia um programa ruim da madrugada, seus pesadelos haviam pertubado seu sono tranquilo no início da noite assim como a onda de calor que havia se estabelecido em Gusu, tinha optado até mesmo por usar roupas mais leve deixando seus braços amostra, uma regata preta de gola alta e um suspensório de cor branca apenas para manter seu estilo mais formal habitual, suas vizinhas tinham feito questão de gritar o quão bonito ele estava usando aquelas roupas assim que deixou o prédio naquela manhã, era reconfortante saber que apesar das cicatrizes deixadas em seu corpo ao longo dos anos ainda era um homem atraente.

— Gostoso — Norami o abraçou pelas costas, arrancando-o de seus pensamentos — Tentando seduzir alguém? Esse braço tatuado é um charme perigoso, sabia?

— Se fosse realmente perigoso, eu teria seduzido você — brincou — O que faz por aqui? Pensei que iria para outro lado da cidade com o Cheng.

— Eu curtos caras mas não pego amigos, e tenho uma preferência por garotas também — sorriu — E vou, estou apenas esperando ele buscar a moto dele — afastou-se, encostando sobre o balcão — Tome cuidado enquanto estivermos fora, feche o bar mais cedo se for preciso, não quero algo aconteça com meu WeiWei.

— Ainda preocupado com o ministério? Ou com o Lan? — a encarou — Não deveria pensar tanto nisso. Faz muito tempo já.

— Os dias parecem estranhos, Wei — suspirou cansada — Sinto que algo está errado, mesmo que já se faça cinco anos, aquele roubo...nunca deixou minha mente. Você não se perguntou o porquê do Lan está lá? Nós vimos o carro saindo, mas ele estava lá, esperando.

— Eu admito que na época fiquei curioso, mas depois preferi esquecer — deu de ombros — Talvez foi apenas um erro e o Lan acabou voltando. A-Cheng nos avisou antes mesmo de irmos, que algo parecia estranho e que deveríamos ter pedido um pouco mais tempo, nós falhamos também de certa forma. Só esqueça isso.

— Tudo bem, eu vou indo — levantou-se — Estaremos de volta amanhã, tente não morrer ou entrar em algum problema.

— Não se preocupe comigo. Para de agir como se o Lan ou alguém do ministério fosse aparecer na minha frente a qualquer momento.

Norami não se limitou a respondê-lo apenas despediu-se o deixando sozinho para cuidar de tudo, um longo suspiro escapando pelos lábios finos assim que ela sumiu por entre a porta, aquele parecia ser um longo dia.

Quando a noite finalmente caiu, Wei abriu o bar para poder receber os seus fiéis clientes, o movimento estava bem menor do que o normal, então não teve muita dificuldade em atender e servir as mesas ao mesmo tempo, as cantadas e as tentativas de flerte eram jogada sobre si algumas vezes e como sempre ele apenas ignorava tudo, concentrando-se em fazer seu trabalho e evitando manter-se em problemas como Norami havia lhe pedido, nenhum cliente verdadeiramente interessante havia aparecido e sentia-se entediado observando as horas passarem, em um certo momento o bar havia ficado completamente vazio restando apenas ele e as mesas no salão de tamanho médio, já se passavam das dez e começava a considerar fechar o bar e seguir em direção ao seu apartamento, para passar o resto da noite assistindo tv e bebendo mais uma vez, qualquer coisa parecia melhor do que está ali sozinho sentado esperando alguém aparecer.

Entretanto para sua surpresa o som da porta se abrindo acabou deixando aqueles planos para depois, virou-se de frente para o salão encarando o cliente que havia acabado de entrar, alto, ombros largos, um rosto bonito com traços firmes e delicados, cabelos compridos assim como o seus presos para trás, um terno de cor clara e um sobretudo carvão que destacavam os belos olhos dourados que brilhavam intensamente na baixa iluminação do bar, aquilo definitivamente era algo interessante para sua noite sem graça, mas ainda assim havia uma aura realmente estranha naquele homem.

— Desculpe-me, mas estamos fechando — disse, ajeitando sua postura — Volte amanhã.

— Não pode abrir uma exceção, vim de longe para beber aqui — sentou-se em um dos bancos do balcão — Garanto que não irá se arrepender.

— Se veio aqui hoje, pode muito bem voltar amanhã — sorriu gentilmente — Sinto muito decepcioná-lo, Senhor. Como eu disse, amanhã estaremos abertos.

— Me faça pelo menos um drink rápido, lhe darei uma boa gorjeta — persistiu — Pelo menos faça valer a pena minha vinda até aqui.

Os olhos dourados queimaram sobre os seus, e ele moveu-se para preparar um drink rápido, o deslizando sobre o balcão em direção ao tal homem que o segurou entre seus dedos, permitindo uma bela visão das tatuagens que subiam pela base de sua mão e iam até o braço coberto pelo terno caro.

— Está a muito tempo aqui? — perguntou como quem não quer nada — Parece ser um bar antigo na região. Mesmo sendo minha primeira vez aqui.

— Não costumo falar sobre minha vida, suas perguntas vagas não terão uma resposta — se encosta sobre o balcão — Porque não diz logo o que quer, ninguém viria de tão longe só para beber. Há muitos bares por aí em Gusu.

— Nenhum com um barman tão lindo — sorriu suavemente, desfrutando calmamente de seu drink — Andaria milhas apenas para ter essa visão, que estou tendo agora.

— Essa colaria se eu fosse um pouquinho mais ingênuo — riu — Vamos lá bonitão, cartas nas mesas.

— Você é um cara difícil — deixou o copo sobre o balcão — Me diga, o quão difícil você é?

Aquela conversa não estava o levando a lugar algum, aquele homem parecia apenas querer provocá-lo para levá-lo ao limite, mas isso não funcionaria, tinha aprendido a manter a calma independente da situação que se encontrava.

— O suficiente — respondeu — Se quiser desistir, fique à vontade. Termine seu drink e vá embora, não terá nada de mim.

Uma risada escapou da boca do de olhos dourados, que levantou-se tomando um longo gole de sua bebida, a terminando de uma vez só, ele apoiou-se sobre o balcão encarando sua face diretamente enquanto mantém aquele sorriso em seus lábios.

— Wei Wuxian — disse pausadamente — Pelo visto você se esqueceu de mim. Não o culpo, já fazem cinco anos.

— Nos conhecemos? Eu realmente não lembro de você — ficou levemente apreensivo — Há cinco anos atrás...eu...— por alguns segundos as palavras de Norami passaram em sua mente, aquelas orbes douradas que o encaravam com um certo cinismo fizeram desejar ter realmente fechado o bar mais cedo — Porra! — murmurou entredentes.

— Conseguiu refrescar sua memória? — segurou uma mecha dos cabelos do outro entre seus dedos — Se não, me deixe ajudá-lo.

Antes que pudesse reagir, teve seus lábios tomados pela boca do maior.

Youngblood - WangXian.Onde histórias criam vida. Descubra agora