Capítulo 1

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5 anos depois - Gusu.

Seus longos cabelos caíram por sua face enquanto levanta-se para começar mais um dia, o relógio marca que já havia se passado das oito e ele precisa seguir em direção ao seu restaurante, seu irmão definitivamente já estava lá tomando conta da área do bar junto de Norami, que havia o chamado mais cedo, a mais velha desistiu de tentar acordá-lo assim que percebeu que ele não levantaria, o deixando descansar.

Espreguiçou-se seguindo diretamente para o banheiro, para fazer sua higiene pessoal antes de se arrumar e sair. Algumas pessoas o olham enquanto deixa o apartamento em que mora, talvez as cicatrizes que tem expostas em seu braços e sobre seu olho direito chamassem a atenção, ou as pessoas apenas acham que ele é um criminoso, algo que já havia deixado de ser a um bom tempo. Wei apenas ignorou os olhares, fumando seu cigarro enquanto caminha tranquilamente pelas ruas de Gusu, fumar não era realmente saudável mas tinha se tornado um hábito com o passar dos anos, o ajudava a relaxar quando sentia-se estressado e cansado pelo trabalho no restaurante, às vezes considerava-se velho demais, cansado-se fácil, havia uma certa saudade dos anos em que corria por aí junto dos outros.

Um suspiro escapou de seus lábios quando avistou o restaurante de cores neutras, não muito longe do centro da cidade, apagou seu cigarro jogando-o em uma lixeira antes de adentrar no enorme salão já limpo e organizado para o dia, seu irmão e Norami estão na área do bar, discutindo sobre alguma coisa que ele não deseja saber, passou por eles acenando com sua mão, antes de se jogar em um dos bancos que ficam de frente para o balcão.

— Vocês saíram cedo — murmurou — Pra que tanta pressa?

— Diferentemente de você, gostamos de ser pontuais — Cheng o provocou — E as melhores informações recebemos pela manhã. Gosto de me manter informado.

— Não somos mais criminosos, para que se manter informado — suspira — Aquele tempo passou e agora estamos aqui, aproveitando de uma boa vida. O ministério é passado.

— Nem tudo é assim tão simples — Norami fala — Sabe muito bem que o ministério gostaria de nos achar, aquela missão que "falhamos" não foi esquecida. E o tal Lan que roubamos pode estar a nossa procura.

Por mais que Norami tivesse uma certa razão, Wei acreditava que aquela teoria era impossível, afinal as jóias tinham sido entregues para seus contratantes e eles haviam recebido a grana pelo trabalho, mesmo que para isso tiveram que jogar sujo já que foram passados para trás.

De qualquer forma já se haviam passado cinco fucking anos, porque exatamente o tal Lan lembraria de si? Aquela jóias com certeza não iam fazer tanta falta assim e o beijo que acabou roubando como um bônus, não foi realmente grande coisa, além dos mais ele mal tinha conseguido ver seu rosto apenas um breve reflexo de seus olhos, não precisava se preocupar com o fato dele vindo procurá-lo já que isso nunca aconteceria, quanto ao resto, isso era algo que podia lidar facilmente, por mas que não fosse o mesmo cara de antes, ainda consegue se lembrar de como segurar uma arma, morrer sem algum tipo de reação não fazia seu estilo.

— Vocês estão apegados demais nisso, fazem cinco anos, ninguém mais lembra de nós — deu de ombros — Não é como se o Lan durante todo esse tempo tivesse movendo um exército para me achar. E o plano do ministério falhou porque eles foram incompetentes.

— A gente também vacilou, eu sabia que tinha algo estranho rolando — Cheng diz — As informações que recebi pareciam incompletas, mas ainda assim confiei que os velhos sabiam o que estavam fazendo, ledo engano meu.

— Ainda não entendi o que eles pretendiam roubando o Lan — Norami ajeita sua roupa — Nada mudou, lembro que na época teve um escândalo que um cara influente tinha sido roubado, mas ficou só nisso.

— Ah por favor — Wei queixou-se, prendendo seus cabelos enquanto seguia para cozinha — Parem de falar sobre isso, esqueçam aquele cara. Vão acabar trazendo azar pra gente.

Cheng e Norami riram suavemente do outro, desde que haviam deixado o mundo do crime Wei tinha se dedicado a aquele restaurante, esquecendo completamente a vida que algum dia eles levaram.

Na época ficaram um bom tempo sem rumo, vagando aleatoriamente pelas cidades até voltarem para Gusu dois meses depois, decididos a mudarem de vida e começarem de novo, juntos montaram aquele restaurante e o bar. onde passaram a dedicar completamente seu tempo, deixando para trás as armas, a correria e adrenalina que tomavam suas veias sempre que se encontravam de frente para linha de fogo, agora eram apenas pessoas comuns vivendo com um passado sujo que somente eles tinham conhecimento, desejando passar o resto de seus dias em paz exatamente como estavam naquele momento.

— Vamos focar no turno de hoje, o restaurante tem estado lotado ultimamente — sorri suavemente, ajeitando as panelas sobre o fogão — Podemos aproveitar a boa onda e tirar uma grana, quem sabe fazer umas reformas aqui e ali.

— Seria uma boa ideia, queria deixar essa cozinha mais espaçosa — Norami se coloca ao seu lado — Os funcionários sempre reclamam que é difícil andar por aqui. Então, podemos dar uma olhada no nosso rendimento depois e ver se rola uma mini reforma.

— Eu vou para meu bar, a cozinha é de vocês mesmo — suspirou — Não se esqueçam de levar meu almoço, é difícil sair do bar quando o almoço começa.

Wei assentiu colocando o avental sobre sua cintura, começaria a preparar os temperos e a carne para deixar o trabalho adiantado de alguma forma e ser mais fácil lidar com o fluxo de clientes.

— Cheng — chamou o outro antes que ele se afastasse — Bem, começamos o assunto e não terminamos, me diga que tipo de informação você recebeu.

— Pensei que não queria saber — debochou.

— Fala logo.

— Uns caras que estão sempre rodando por aí, falaram algo sobre o pessoal do ministério estar bem infeliz — deu de ombros — O tal Lan, pegou um deles durante uma das reuniões e arrastou até o fundo de sua mansão, torturou e matou para depois enviar o corpo retalhado de volta.

— Deus, mas porque ele fez isso? — Norami perguntou, enquanto prendia também seu cabelo — Isso foi bem cruel.

— Hum, pelo o que me falaram, esse cara do ministério disse algo sobre alguém — ponderou por alguns instantes — Não me disseram sobre quem exatamente, mas o tal Lan não ficou nada feliz. Ele atirou na perna do cara na frente de todo mundo e desafiou aqualquer um lá presente, tentar impedi-lo logo depois de começar a arrasta-lo pela sala, o que foi é bem foda na minha opnião, já que ninguém se moveu.

Aquilo era curioso, Wei tinha ouvido algumas coisas sobre o Lan na época que planejaram o roubo, algumas pessoas falaram que apesar dele transparecer ser alguém tranquilo podia acabar sendo completamente cruel se fosse provocado, poucas coisas costumavam tirá-lo do sério, seja lá o que tivesse sido dito sobre esse suposto alguém, Wei podia afirmar facilmente que era uma pessoa realmente muito importante para o Lan.

— Ninguém sequer tentou impedir? — perguntou — Ele é alguém tão poderoso assim?

— Não acho que seja uma questão de poder, e sim, de crueldade — Norami o encarou — Imagina alguém que não se importa com o que faz e que método vai ser usado, ele apenas pensa e faz. Não mede o tamanho de seus atos ou suas ações, o que realmente importa é apenas o resultado final.

— Resumindo — Cheng completa — Ou você se ajoelha ou faz as pessoas se ajoelharem, e o tal Lan não parece ser muito afim de se ajoelhar para alguém. Agora imagine só, o Lan completamente interessado por uma pessoa e aí ela é colocada em risco.

— Wow, ele mataria metade da cidade por ela — Norami acompanha o raciocínio de Cheng — Isso é o que chamamos de viver perigosamente.

— Vocês são muito idiotas — revirou seus olhos, ouvindo ambos rirem — Vão trabalhar — disse movendo-se pela cozinha.

Matar metade da cidade por alguém? Isso é o que as pessoas consideram fazer tudo por amor?

Wei pensou.

Youngblood - WangXian.Onde histórias criam vida. Descubra agora