Em outro ponto da cidade, dentro de uma casa modesta, uma jovem se preparava apressadamente para a escola. A luz do amanhecer entrava pela janela, iluminando o quarto com um brilho suave. Púrpura Peixoto, com sua pele negra e olhos de tons diferenciados de roxo, violeta ou púrpura, destacava-se no reflexo do espelho.
Ela vestia a camiseta da escola particular, ajustando a saia roxa e as meias brancas na altura das canelas. Com um suspiro determinado, começou a amarrar os cabelos em duas maria-chiquinhas, utilizando cadarços brancos. Ao terminar, encarou seu reflexo, a expressão resoluta.
Enquanto ela se apressava, seu pai, Pablo Peixoto, entrou no quarto mancando levemente. Ele havia sido policial, mas se aposentara após um confronto que deixara uma marca permanente em sua perna. Mesmo assim, sua postura firme e olhar amoroso demonstravam a força que ainda carregava.
- Filha, vá com calma. Se chegar atrasada de novo, não tem problema — disse ele, com um tom preocupado.
Púrpura pegou a mochila e respondeu apressadamente:- Na última vez, entrei no segundo tempo da aula e você foi notificado.
Pablo se aproximou, colocando uma mão carinhosa no ombro da filha.- Mesmo que eles me notifiquem mil vezes, eu sei que você tenta chegar cedo e não está andando por aí. Eles que são insistentes por ser escola particular, é assim mesmo.
Púrpura, já se dirigindo para a porta, respondeu rapidamente enquanto calçava os sapatos:- Eu tô indo correndo para chegar pelo menos na hora, já que é distante daqui de casa. E agradeço, pai, por pagar minha escola agora. Mas não posso chegar atrasada novamente... E o mais estranho, meu amigo Arthur falou para não ir para escola hoje.
- Pelo menos você comeu? — perguntou Pablo, preocupado.
Abrindo a porta, Púrpura lançou um sorriso rápido para o pai.- Não, mas comerei na rua, não se preocupa. Te amo, pai. –ela bota fone de ouvido e vá em direção a escola escutando a música tempo perdido de legião urbana.
Ela fechou a porta atrás de si com um aceno rápido. Pablo, observando a filha partir, murmurou uma bênção:
- Que Deus te acompanhe, minha filha.
O sorriso de despedida de Pablo lentamente desapareceu enquanto ele se virava para a casa vazia. Sua expressão revelava uma mistura de orgulho e preocupação enquanto observava Púrpura sair para enfrentar o mundo, já sentindo a ausência de sua presença na casa silenciosa.
Na lanchonete modesta, o relógio se aproximava do meio-dia e o lugar começava a se encher com o burburinho da hora do almoço. O aroma de pastéis fritos e caldo de cana pairava no ar, criando uma atmosfera acolhedora e familiar.
A porta da lanchonete se abriu com um som estridente, e Púrpura Peixoto entrou correndo, ofegante. Seus cabelos presos em maria-chiquinhas balançavam enquanto ela se dirigia rapidamente ao balcão.
- Um pastel, por favor! — pediu, com um sorriso apressado ao atendente.
Do outro lado da lanchonete, sentado perto do balcão, estava um homem de terno. Era Luis, observando atentamente a cena enquanto segurava um copo de caldo de cana na mão. Ele parecia alheio ao movimento ao seu redor, imerso em pensamentos profundos.
Um rádio velho em um canto da lanchonete tocava músicas variadas, criando uma trilha sonora eclética para a agitação do meio-dia. De repente, a música "Time After Time" começou a tocar, preenchendo o ambiente com sua melodia nostálgica.
Luis, incomodado, virou-se para um dos funcionários atrás do balcão.
- Não tem como mudar a estação de rádio, não? — perguntou, com um tom de leve irritação.
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Noites Sombrias: Volume II
Mystery / ThrillerLogo após o termino do primeiro livro. Começa de onde parou, Johnny é uma pessoa amada e odiado por muitos pelas coisas que faz nas ruas durante a noite, mas quer ter paz. Kimberly o ajuda dando conselhos, mas não funciona até que decide salvar pess...