Penúltimo Capítulo

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— Como nunca mais apareceu? Achei que ela estivesse aqui durante esses dias que não foi me ver

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— Como nunca mais apareceu? Achei que ela estivesse aqui durante esses dias que não foi me ver. — Digo irritado e Cida engole seco.

— Não, senhor. Ela apenas nos ligava dando as instruções para Sara lhe acompanhar, eu preparar sua chegada, Percy e Clark cuidarem de sua segurança e ligou para seus amigos virem cuidar do senhor. — Cida explicou mas não era isso que eu queria ouvir.

— Onde. Any. Está? — Pergunto pausadamente entre dentes cerrando meus punhos.

— Não... não sei, senhor. — Cida responde meio nervosa.

— Josh pare com isso, você não pode se exaltar. — Sina adverte e isso só me deixa com mais raiva ainda.

— Não me trate como um doente.

Respondo com raiva e passo por eles a passos rápidos subindo as escadas, meu peito lateja um pouco mas não me importo e continuo a subir as escadas, andando pela mansão até chegar a meu quarto. Entro no mesmo e fecho a porta com força me jogando sentado na cama com meu rosto entre as mãos e meus cotovelos apoiados nas pernas.

Que merda! Eu só faço merda.

Any viu a desgraça dessa minha doença e se assustou, pelo visto ela quer ficar o mais longe possível de mim. O mais longe possível desse filho da puta de coração fodido que se recusa a viver e não restará nada a mais que 2 à 3 anos de vida, eu não a julgaria se ela quisesse se desvencilhar desse problema.

No caso, eu sou o problema.

Poucos minutos depois ouço batidas em minha porta mas não me dou trabalho de ver quem entrou.

— Quero ficar sozinho. — Digo ríspido ainda com meu rosto entre as mãos.

— Mas vai ter que me ouvir. — Ouço Noah dizer mas não lhe olho.

Sinto o lado da cama afundar ao meu lado e uma mão surge sobre meu ombro.

— Gosta muito dela né? — Noah pergunta e eu lhe olho.

— Acho que... que é algo a mais. — Respondi sincero. — Mas pelo visto ela me deixou, não quis segurar o fardo de ficar ao lado de um homem que está se condenando a morte. — Digo fitando o chão.

— Any jamais te deixou, Josh. Talvez ela esteja apenas confusa, ela fez questões de nos ligar e contar tudo para que viessemos cuidar de ti. Ela se importa contigo, se preocupa. — Noah explica.

— Ela disse que... que me ama. No hospital ela disse que me amava e que estava magoada por eu ter mentindo para ela sobre a doença e pelo que estou fazendo. — Contei.

— E ela tem toda a razão, assim como eu e Sina também estamos mau com isso. Josh você está se enterrando vivo, fazer esse tratamento é a tua salvação... — Eu o interfiro.

— Não sei se eu mereço salvação depois de tudo que aconteceu, Noah. Minha mulher e meu filho morreram por minha... — Noah me interrompe.

— Nada disso, nem venha com essa história. Josh pelo amor de Deus, fatalidades acontecem todo o tempo. Nada do que tu fizesse poderia evitar a morte deles. — Meu amigo rebate.

—  Mas eu havia brigado com eles.

— Assim como vocês poderiam estar de bem, pessoas morrem toda a hora e não há nada que possamos fazer para evitar. — Noah argumenta. & Mas a tua pode ser evitada, Josh. Tua vida tá nas tuas próprias mãos, cara. —Noah respira fundo. — Josh eu sei que tudo que eu disse pode não mudar teus pensamentos, mas pense bem. Você está abrindo mão da tua vida por pessoas que já se foram, você os amava mas não os pode trazer de volta e nem sabe se vai para o mesmo lugar que eles, enquanto que aqui tem esse mundo todo pra deslumbrar, tua empresa que sempre fez parte de ti, tem a mim e a Sina, seus melhores amigos. E agora tem a Any.

— Ela desistiu de mim.

— Não, acho que com certeza não fez isso. Pela voz dela quando nos ligou percebi que ela se importa contigo, e agora sei que tu gosta por demais dela. Acho que algo tão bonito e singelo não pode ser apagado assim.

Noah diz e eu apenas permaneço calado pensando ao fitar o chão.

— Pense bem meu amigo, se dê uma última oportunidade.

Noah dar uns tapinhas em meu ombro e logo sai de meu quarto, me levanto e ando até minha varanda observando o jardim lá fora ao redor da piscina e a área de lazer.

Um sorriso de canto aparece em meus lábios ao me lembrar das vezes que chegava mais cedo da empresa e lá estava Any toda suja de terra vestindo avental, chapéu, botas e luvas de jardinagem. Eu ficava longos minutos a lhe observar enquanto ela podava e cuidava das plantas com uma delicadeza e carinho de se impressionar, a mesma delicadeza e carinho que cuidava de mim por diversas vezes.

Any jamais me pediu algo grandioso mesmo sabendo que eu, como seu senhor, lhe daria o mundo se ela pedisse. Mas não, Any era simples e graciosa, e se adapta rápido as coisas.

Lembro-me de nosso primeiro evento juntos que ela estava super nervosa mas agiu como uma verdadeira lady e depois agiu como uma puta enquanto entrelaçavamos nossos corpos na cabine do banheiro.

"Uma lady para a sociedade e uma puta na cama de seu senhor"

A mulher perfeita que foi encontrada em condições precárias, trabalhando como stripper e morando em um cubículo para poder sobreviver e pagar a faculdade de botânica, algo que eu muito me impressionei. Afinal, outras pessoas escolheriam uma profissão pelo dinheiro mas ela não, Any preferiu passar a vida fazendo o que gosta do que por dinheiro.

É difícil admitir algo depois de meu relacionamento traumatizante com Savannah, mas com Any é tudo intenso mas com delicadeza e carinho, um teor de loucura mas com graciosidade. Por isso, não sei se uma mulher tão especial merece essa confusão interna que eu sou, Any com o tempo pode me ver como um fardo a carregar.

"Se dê uma última oportunidade", não sei se mereço.

Ainda observando a vista externa de meu quarto, ouço batidas novamente em minha porta e logo a ouço abrir.

— Acho que será uma perda de tempo tentar me convencer de algo novamente, Noah. — Digo ainda de costas supondo ser meu amigo.

— Acho que Noah não tem um cheiro tão bom de lavanda de rosas.

Aquela voz, rápido eu me viro e lá está Any com um sorriso de lado meio receoso e as mãos nos bolsos de traz da calça jeans. E realmente não a mais ninguém nesse mundo com aquele cheiro de lavanda de rosas que só ela tinha, só de entrar em meu quarto todo o ambiente já tem seu cheiro. O cheiro inconfundível que eu gostava de sentir sobre seus cabelos enquanto acordavamos juntos após uma noite intensa e suada.

Mas então Any fica séria e respira fundo olhando para o chão e depois novamente para mim.

— Precisamos conversar, Josh.

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