Capítulo 1

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Hora de começar tudo de novo. As arrumações. Hábitos. Rotina.

Você consegue Alice!

Foco na sua carreira. É só isso que realmente importa.

Respiro fundo me escorando na porta de entrada do meu novo apartamento. Tem caixas por todos os lados. Dentro delas estão tantas lembranças e momentos da minha vida. Faço um rabo de cavalo e penso por onde devo começar. Ligo o notebook e coloco a playlist no aleatório. Sem música nenhuma faxina funciona comigo. Coloco cada caixa em seu devido lugar, se todas ficarem na minha sala não terei onde trabalhar. Ou descansar.

A cozinha e o banheiro foram os primeiros a ficarem arrumados. Primeiro por realmente ter poucas coisas. Estou começando a sentir dor nas costas quando chego no quarto. Tenho certeza que passarei mais tempo na sala do que aqui, mas fazer o que. Não se pode alugar um apartamento decente sem pelo menos um quarto. Procurei o menor possível, mas esse loft foi o que chegou mais perto do que queria.

Afinal, para que um lugar gigante para quem é sozinha?

Organizo as caixas por prioridades, meu estômago já está se revirando por uma pausa. Estou na cozinha pensando no que comer, quando escuto um grito vindo do corredor. Claramente eu e meu hábito de me preocupar com os outros. Saio de casa desesperada atrás do barulho. Bato na última porta do longo corredor de apartamentos, é de onde vêm os gritos. Já perguntei umas duas vezes se está tudo bem, mas a resposta não vem, no lugar disso um fantasma aparece. Ou pelo menos é isso que o homem na minha frente parece com essa máscara de skincare no rosto. Sendo então a minha vez de gritar com o susto que levo. Realmente não esperava por isso.

- Mata aquela coisa pelo amor de Deus! -o mascarado implora se colocando atrás de mim e apontando para dentro do apartamento.

- Que coisa? -olho para dentro mas não encontro nada.

- O bicho que voa, atrás da mesa na cortina. -respondeu me empurrando para dentro do apartamento.

Olho um pouco torto para ele, que pessoa estranha. E escandalosa levando em consideração a distância entre nossos apartamentos, com o fato de ter ouvido nitidamente seu berro. Vou até onde disse estar o inseto. A mesa está uma bagunça completa de instrumentos musicais eletrônicos. Pelo visto o susto foi grande.

- É uma mariposa. -explico e aponto para o inseto assim que o acho.

- E daí? -dá os ombros. - Nós dois não podemos, em hipótese nenhuma, viver no mesmo ambiente e eu não pretendia sair da minha casa.

- Abre a janela e espera ela sair.

- Isso vai ser imediato? Porque também não pretendo esperar a noite toda acordado esperando a boa vontade dela. -cuza os braços fazendo uma careta debochada para mim.

- Oxe, olha o seu tamanho e o dela! -reclamo indo abrir a janela.

Mexo na cortina para que a mariposa voasse e notasse a abertura. Ela passeia pelo apartamento enquanto o fantasma vem gritando na minha direção em busca de proteção. Espanto ela com um ser humano perseguindo cada passo meu. Quando me livro dela também suspiro aliviada, meus ouvidos principalmente.

- Pronto, está livre! -anúncio massageando meus ouvidos.

- Muito obrigado de verdade, não sei o que faria se não tivesse aparecido. -agradece fazendo uma reverência. - Meu amigo que geralmente me ajuda nessas horas está viajando.

- Chama seus amigos aqui para matar insetos? -olho incrédula.

Socorro não tem como ficar mais estranho.

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