[ UDG ] SEGREDOS: Sem Querer, Querendo

5 - OUTRA VERSÃO DE UMA ANTIGA CONFUSÃO - Pte. 2

- E então, Tesouro - Dona Florinda pergunta inquieta ao ver seu entrando em casa - Você encontrou o papel?

- Sim, mamãe, - Quico diz ainda irritado - ele tava com a Chiquinha.

Enquanto Florinda, toda sorridente abre o bilhete e começa a ler, Quico diz indo para outro cômodo da casa, fora de cena:

- Com licença, papi. Digo... professor.

- Tem toda, Quico! - Professor Girafale diz quando Florinda pergunta:

- Um momento, professor! O que significa isto?

Então... É assim que o senhor, me imagina?

- Sim, Dona Florinda! - Ele diz sorrindo, quando ela diz perplexa:

- Dois quilos de segunda com osso, duas pernas de galinha...

- O quê?

- Dois pés de porco...

- Como?

- E um quilo de língua! É assim mesmo que o senhor me imagina?

- Perdão, Dona Florinda, mas eu... - Girafales diz se aproximando para tentar ver o bilhete, quanto ela grita irritada:

- Grosseiro! Malcriado! Agora eu percebo que o senhor também pertence à gentalha!

- Mas eu... Mas eu...

- Sim mamãe! - Quico diz entrando em cena, porém indo até a casa do Seu Madruga, onde o empurra e grita: - Gentalha, gentalha! Prrrr!

- E leve essas porcarias de flores! - Florinda grita expulsando o professor de casa diante de todos no pátio da vila.

- E também essa porcaria de chapéu! - Quico grita saindo da casa de Seu Madruga e pegando o chapéu do Professor Girafales que está caído ao chão, junto com seu ramalhete de flores vermelhas.

Professor Girafales então se levanta e sai da vila cabisbaixo, porém ele já está no portão, quando dá de cara com Chiquinha chegando correndo à vila junto com Chaves. Ele fica intrigado ao notar que ambos conversam sobre o açougueiro estar irritado com um bilhete que Chiquinha entregou para ele, a mando de seu pai.

- Estão falando do bilhete que eu escrevi para Dona Florinda? - Professor Girafales questiona irritado - Mas por que motivo, razão ou circunstância ele foi parar nas mãos da Chiquinha?

Minutos depois... Na sala da casa de Seu Madruga...

- Apresentei a pistola... - Chaves diz lendo o bilhete, porém totalmente errado.

- A presente epístola! Seu Madruga interrompe intrigado e continua, pedindo para que Chaves o entregue Espera um pouco, Chaves! Por acaso você não viu as iniciais que estão em baixo da carta?
Um P e um G. Sabe o que significa isso?

- "Professor Girafales" - Professor Girafales em pessoa diz parando na porta entreaberta da casa.

- Exatamente, - Seu Madruga concorda e se assusta - Foi ele que... Nossa!

- Isso quer dizer que fui eu - Girafales diz entrando e tomando a carta da mão de Seu Madruga - Quem escreveu esta carta!

- Ah, - Chaves intervém - Então eu vou lá dizer pro açougueiro quem é que manda recadinho assim, pra ele!

- Um momento, Chaves. - Dona Florinda também adentra a casa de Seu Madruga perguntando - Você poderia me dizer quem escreveu este outro papel?

- Ora essa! - Chiquinha diz entrando em cena - Meu papai.

- Urr... PÁFT! - Dona Florinda da um tabefe em Seu Madruga.

- Pode me dizer que diabo me bateu?

- Cale essa boca! - Girafales grita irritado.
- Mas que diabo...
- Cala a boca! - Quico grita entrando em cena, mas dando pausa - Não é?

Horas depois, Seu Madruga caminha pelo pátio da vila, quando encontra os dois famigerados bilhetes causadores de toda aquela confusão, bem ali, caídos no chão, perto do barril do Chaves, quando escuta alguma coisa estranha lá dentro.
- Mas o que tá acontecendo? - Ele questiona se aproximando enquanto na escuridão do fundo do barril...

Uma mão muito pequenina fecha algum tipo de escotilha que vista mais de perto dá para algum lugar iluminado e cheio de objetos, ( uma mobília, talvez?) metálicos.

Ao ouvir o barulho de algo muito grande se aproximando a mão que acaba de fechar a pequena porta no fundo do barril... Simplesmente aumenta centenas de vezes de tamanho e o que acontece a seguir é...

- TÃIM! - Seu Madruga da de cara com a cabeça de Chaves que acaba de sair do barril.

- Tinha que ser... - Madruga resmunga irritado - Tinha que ser o Chaves mesmo.

- Mas a culpa foi sua enfiando a cara onde não devia!

- Toma!

- Pipipipi... - Chave choraminga ao tomar um cascudo, mas ao ver o bilhete que o vizinho deixa cair no chão o avisa - O senhor deixou cair isso, ó!

- Me dá isso aqui, moleque. - Seu Madruga diz tomando o bilhete, e indo para casa, enquanto Chaves sussurra pulando para fora do barril e pegando um pequeno triciclo do Quico ali perto para andar:

- Ufa! Essa foi por pouco!

- Como é, Chaves? - Dona Clotilde o surpreende chegando da vendinha com suas cesta cheia de compras.

- Aí, não! - Chave diz abandonando o triciclo e correndo para o outro pátio da vila - A Bruxa do Setenta e Um.

- Outra vez? - a Vizinha grita nervosa. - Volte a me chamar de bruxa!

- Bruxa! - O menino diz parando e olhando para ela.

- Como?

- Mas foi a senhora que pediu!

- Ora seu... Moleque abusado! - a velha carrancuda diz entrando Chaves sai de cena correndo.
- Um dia desses te transformo em um sapo! - ela grita enquanto entra em sua casa batendo a porta com força.