9 - UM SOPRO E UMA TRAGÉDIA

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Sob a luz pálida da lua, a Vila do Chaves se encolhia como um espectro fantasmagórico, envolta em uma névoa úmida que carregava o aroma acre de medo e desespero. A maldição de Dona Clotilde pairava sobre o local como um corvo agourento, sugando a alegria e a cor da vida dos seus habitantes.

Guiados por um mapa antigo e envelhecido, Chiquinha, Chaves, Quico, Dona Florinda e Seu Madruga se aventuraram nas profundezas da noite, em busca do segundo ingrediente para a poção mágica que libertaria a vila: o "Sopro do Vento".

O silêncio era cortado apenas pelo ranger dos galhos secos sob seus pés e pelo sussurro fantasmagórico do vento que soprava entre as árvores retorcidas. O ar era pesado e opressivo, como se carregasse o peso de mil segredos sombrios.

No coração de Chiquinha, a chama da esperança ardia com força, impulsionando-a a seguir em frente, mesmo diante do medo que apertava seu peito. Já em Dona Florinda e Seu Madruga, a paixão proibida florescia como uma flor venenosa em um jardim macabro, alimentando seus desejos e atormentando seus corações.

De repente, um grito agudo rasgou a noite, ecoando pelas ruas desertas da vila como um lamento fúnebre. Os moradores se entreolharam, seus rostos pálidos à luz da lua, o terror estampado em seus olhos.

Atraídos pelo som, eles se depararam com uma cena macabra: a casa de Dona Clotilde, não mais uma simples moradia, mas sim um castelo sombrio e imponente, erguendo-se majestosamente sobre a névoa. As torres góticas perfuravam o céu noturno como dedos ossudos, enquanto as janelas escuras pareciam olhos que os observavam com maldade.

Com o coração batendo forte no peito, Chiquinha ergueu a mão e apontou para o castelo.

- É lá que o "Sopro do Vento" está escondido - disse ela, sua voz firme apesar do medo que sentia.

Os moradores se entreolharam, hesitantes. Mas Chiquinha tinha razão. Eles precisavam do "Sopro do Vento" para completar a poção mágica, e a única maneira de encontrá-lo era entrar no castelo de Dona Clotilde.

Um a um, eles se aproximaram da imponente estrutura, seus passos ecoando no silêncio da noite. A porta de ferro rangeu ao ser aberta, revelando um interior escuro e úmido. O ar era frio e pesado, e o cheiro de mofo pairava no ar.

Com lanternas na mão, os moradores se aventuraram pelas masmorras do castelo, seus rostos iluminados pelo fraco brilho da luz. As paredes de pedra úmida estavam cobertas de teias de aranha e musgo, e o chão era irregular e escorregadio.

De repente, um som estranho ecoou pelas masmorras: um lamento fantasmagórico, como se o próprio castelo estivesse chorando. Os moradores se entreolharam, seus rostos pálidos de terror.

- O que foi isso? - perguntou Quico, sua voz trêmula.

- Não sei - respondeu Chiquinha, tentando manter a calma. - Mas vamos continuar. O "Sopro do Vento" deve estar por perto.

Eles seguiram em frente, seus corações batendo forte no peito. O lamento fantasmagórico se intensificava a cada passo, e a névoa dentro do castelo parecia se tornar mais densa e opressiva.

De repente, eles chegaram a uma grande sala circular. No centro da sala, havia um altar de pedra, e sobre ele, flutuando no ar, estava um frasco de vidro contendo um vento prateado: o "Sopro do Vento".

Chiquinha correu para o altar e pegou o frasco.

- Conseguimos! - ela gritou, seus olhos brilhando de alegria.

Mas antes que pudessem se afastar, um monstro disforme e horrendo surgiu das sombras. Era uma criatura gigantesca, com tentáculos longos e viscosos e uma boca cheia de dentes afiados.

[ UDG ] SEGREDOS: Sem Querer, QuerendoOnde histórias criam vida. Descubra agora