Prólogo

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1820, seis anos antes de nossa história começar de fato. Onde nosso querido herói Thomas Worthington acabara de perder o pai para uma gripe fatal que o pegou no inverno daquele ano, mas Worthington deixaria de ser como era lembrado pois agora como primogênito se tornou o Marquês de Townshend.

(...)

Acabara de voltar do sepultamento de seu pai o tão querido, agora falecido Marquês de Townshend. Augustus era um ótimo pai, sempre fora para Thomas e Georgina, ele os amava de verdade, diferente da recém viúva Dorothea, a Marquesa de Townshend, ela sempre fora uma mulher amarga com a vida, nunca amou o Marquês de fato só casou-se com ele por pura conveniência, os pais deles eram amigos e queriam consagrar um matrimônio entre as famílias e daí veio essa conveniência.

Enquanto Augustus fazia de tudo para agradar a esposa, ela o desprezava, e o Marquês assistia todos os dias de seu casamento ela apenas o tolerar, até que foram abençoados por Thomas, o primogênito do casal, Augustus de fato ficou feliz em ter um filho, era seu sonho, ser pai, já Dorothea apenas ficou contente por ter dado um herdeiro homem para seu marido.

Voltando aos tempos atuais, Thomas acaba de passar pela porta de seu novo escritório, mesmo ainda não conseguindo ficar alí sem deixar lágrimas cair por suas bochechas, aquele lugar tinha a essência de seu pai, e não importa onde ele esteja agora, tinha certeza que estava olhando por ele nesse exato momento. Thomas sai de seu transe com sua mãe chamando a atenção, ela estava parada ao lado da mesa no centro do escritório e encima da mesa havia vários papéis, então a Marquesa se pronuncia.

— Que bom que chegastes Thomas, achei que passaria o dia inteiro encarando aquele túmulo. — Dorothea mantém a expressão sem emoção que sempre tivera com o filho.

— Diferente da senhora, eu fui ao sepultamento ver meu pai sendo coberto de terra o que ele não merecia de fato. — Thomas olha com fúria para mãe, sabia que eles não se davam bem, mas não ter empatia nem pelo marido morto, já passara de todos os limites.

— Todos nós nessa vida passaremos por isso Thomas não seja um tolo dramático. — pôde ver a Marquesa revirar seus olhos enquanto chegava para o lado. — Afinal estava com uma tremenda enxaqueca por isso não compareci ao sepultamento e tive que vir de volta à casa. — colocou a mão direita sobre a testa a massageando.

— Que enxaqueca mais conveniente não acha? — havia um tom de sarcasmo na fala de Thomas o que fez sua mãe o olhar com fúria.

— Apenas certifique-se que irá assinar os documentos. — ela aponta para os papéis sobre a mesa.

Thomas direcionou o olhar até os papéis, sabia que esse dia chegaria, o dia de assinar os papéis como o novo Marquês da propriedade Townshend, só não sabia que seria aos seus vinte anos de idade onde ainda tinha uma vida inteira pela frente.

— Pode ficar tranquila mamãe. Assinarei todos neste instante. — com um aceno de cabeça ele vai até a mesa se sentando na poltrona já pegando a pena e passando no tinteiro.

Ao posicionar a Pena sobre o papel as mãos estavam trêmulas, ele não entendia o porquê, tinha de assinar então por que suas mãos não se moviam? Percebeu a respiração começar a ficar irregular e o que ouviu em seguida foi apenas a voz cruel de sua mãe ao sussurrar no seu ouvido.

— Assina logo, antes que só possa provar o quão inútil é! — Dorothea não tinha remorso em sua fala, ao invés disso sorriu quando Thomas a encarou incrédulo.

Thomas sabia que a mãe o desprezava, mas não esperava que seria assim a vida toda, ele tinha de saber o motivo e agora com o pai morto, há de saber o porquê sua mãe o detesta tanto.

— Por que a senhora me detesta tanto mamãe? — Thomas tentou não deixar a voz falhar.

Dorothea solta uma risada alta que ao ver de Thomas era um tanto quanto maníaca, e continuou, até ela recuperar o fôlego e falar por fim.

— Você me mata de rir Thomas, como não percebeu todos esses anos? — ainda saía risadas não-convencionais enquanto a Marquesa falara.

— Se eu soubesse mamãe, não estaria aqui te questionando. — Thomas fala simplista mas para Dorothea só foi o sinal que precisava para disparar.

— Você nunca foi desejado, Thomas. — o encarou com um sorriso.

Thomas coloca uma expressão de choque no rosto, como era possível? Não, seu pai o amara, amara mais do que tudo nesse mundo, ele tinha sido desejado, sabia disso.

— O papai me amava! — Única coisa que conseguiu pronunciar de seus pensamentos.

— De fato Augustus te amava, tanto você quanto Georgina. Mas quando falo que não foi desejado, me refiro a mim. — Dorothea foi para a frente da mesa e se apoiou olhando nos olhos do filho.

— O que quer dizer com isso? — Perguntou Thomas com um certo receio da resposta.

— Que nunca foi amado por mim, seu imbecil! — Dorothea coloca um sorriso diabólico nos lábios. — Só o tive para ser o herdeiro do Marquesado, apenas por isso. —

— Co-como? — gagueja Thomas ainda chocado.

— Ora por favor Thomas, acha mesmo que iria deformar meu corpo ficando grávida se não tivesse um propósito? Você foi apenas uma conveniência. — Olhou no fundo dos olhos do filho e completou. — Assim como todo esse casamento que tive com seu pai, que enfim se encerrou. —

Thomas encara sua mãe com as lágrimas teimosas escorrendo por suas bochechas, mas tentou ser forte e honrar seu pai, não deixaria ela falar tudo aquilo e sair impune.

— Como novo Marquês de Townshend não permitirei que fale assim de meu pai! — Se levantou batendo na mesa do escritório, mas Dorothea não moveu um músculo. — E se continuar, a mandarei embora desta casa! — disse por fim tentando passar um ar de superioridade.

Dorothea, apenas suspira fundo e chega próximo ao rosto do filho que aos poucos foi surgindo uma expressão de medo.

— O dia que ousar me tirar dessa casa, vai ser apenas quando se casar! Pois não se esqueça que ainda sou a Marquesa. E mesmo não sendo depois de se casar, ainda terei direito ao testamento de seu falecido e tolo pai, sim ele deixou herança para mim também, fazia parte do acordo entre nossas famílias, então terá que me aturar até o dia de sua ou minha morte, caro filho. — sorriu por fim se afastando da mesa e indo até a porta.

Thomas ficou paralisado olhando a figura de sua mãe ao ir em direção a porta, com o a respiração imóvel, precisava de ar mas não conseguia respirar, quando pensou que havia encerrado ela se vira o encarando.

— Agora assine os papéis, o advogado da família vêm buscar ainda hoje, não seja um inútil Thomas. — e se vira saindo pela grande porta do escritório.

O rapaz Worthington, soltou o ar que ficara preso a todo percurso que sua mãe usava ao se retirar da sala, respirou fundo com a mão sobre o peito e se sentou finalmente em sua poltrona. Olhou para a pena ao lado e pingou novamente no tinteiro, posicionou sobre os papéis olhando fixamente e por fim finalmente assinara.

Agora o atual Marquês de Townshend, levantou-se e fora até a janela observando sua propriedade de campo Aurora Hall, e pensou consigo mesmo, nunca acreditaria no amor, como poderia acreditar se nem sua própria mãe o amara? Se um dia há de se casar não seria por amor, não seria por amar sua esposa.

O sentimento amor havia morrido para ele também naquela tarde, para sempre. Prometera pra si mesmo que ainda vingaria a morte do pai, expulsaria sua mãe de casa, só teria de saber como, mas não agora, talvez num futuro próximo.

Virou-se e saiu de seu escritório, precisava descansar agora após toda essa tarde cheia de emoções, mas iria descansar com apenas uma coisa na cabeça.

Nunca acreditaria no amor, novamente.

Um Marquês Apaixonado - Imogen Bridgerton Onde histórias criam vida. Descubra agora