O sol reluzia das poucas frestas da cortina, anunciava que novamente nascia, anunciava que já era dia. Com as mãos trêmulas, afastou os fios de cabelo do rosto pálido e úmido, a respiração descompassada e os lábios arroxeados lhe entregavam uma realidade abstrusa, irreal. Afastado de qualquer resquício de humanidade aumentava os próprios problemas ao ponto de que os engolissem.
O silêncio era barulhento, ruidoso.
─ Como posso ser útil? ─ Vendo o silêncio arrebatador que se apresentava sobre a mesa, Dazai interveio.
─ Certo. ─ Pigarreou. ─ Chuuya Nakahara, seu cliente, está sendo acusado pelo assassinato de Buichirō Shirase, morto às exatas 20:43 da noite passada. ─ Relatava os fatos de forma amadora, vasculhava papéis claramente em branco.
─ E quais as provas? ─ Indagou fatídico.
─ Não há provas, apenas acusações. ─ Osamu o encarou por alguns minutos, quis entender se realmente tratavam do assunto com seriedade.
─ E como estão prosseguindo com uma acusação sem provas?
─ Segundo o porteiro do prédio local, por volta das 19:00h antes do ocorrido Shirase subiu até o térreo acompanhado unicamente de Nakahara, vizinhos do andar de baixo relataram ouvir gritos, algo que se parecia com uma discussão.
─ E o que impede de ter sido um acidente ou até mesmo a existência de uma terceira pessoa?
─ Já disse e voltarei a repetir que para esse caso é essencial que Nakahara dê seu depoimento. ─ Sentiu os olhares se direcionados a si, Chuuya tremia, sentia-se pressionado.
─ É de se esperar que esteja abalado com toda a situação. ─ Osamu relutava contra a vontade de se agarrar ao ruivo e o conforta-lo. ─ De qualquer forma, acredito que não seja necessário. ─ O delegado franziu o cenho.
De dentro de um dos bolsos da calça de alfaiataria, Dazai retirou um pen-drive, o girou em cima da mesa e o jogou para o outro lado. O delegado rapidamente o agarrou e o conectou no pc, sedento por provas que o levasse ao fim do inquérito.
─ Como conseguiu as filmagens da câmera de segurança? ─ Um dos oficiais indagou, mas não houve tempo para respostas.
O vídeo revelava um fim trágico. Com os mesmos gritos, os mesmos diálogos, choros, lamentos. Nakahara revirava o rosto, tapava os ouvidos, se negava a reviver a noite passada.
─ Precisaremos de um tempo para verificar as filmagens. ─ Alienados na tela do pc, davam replay fissurados em cenas gritantes, diálogos dolorosos. Se deleitavam no cenário trágico.
─ Vamos para casa logo, logo. ─ Sussurrou para que apenas o mais baixo ouvisse. Por debaixo da mesa fez um carinho singelo em sua mão, era pouco, mas todo o conforto que poderia o transmitir por agora. Chuuya permanecia inquieto.
Após longos minutos um dos delegados se levantou da cadeira.
─ Perante as provas não temos mais o que investigar, o caso de Buichirō Shirase será constatado como suicídio e o inquérito será fechado.
─ Mas- ─ A mãe de Shirase quis intervir.
─ Sem "mas".─ O oficial transmitia cansaço. ─ Tudo o que a senhora deve saber será dito assim que sair. Vocês podem se retirar.
─continua no capítulo 18.
─notas do autor: dois pitocos me motivaram a continuar escrevendo e cá estou eu.
qualquer dúvida como "Podem ver o Dazai?" acredito que seja explicada no próximo capítulo.
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Cupido ─ Soukoku
Fanfiction─ Por que não posso apaixonar-me por ninguém? ─ Indagou o tom rude e embriagado. ─ É simples. ─ O tom sarcástico o fazia amaldiçoar aquele maldito cupido por toda sua vida infeliz. ─ Você me pertence. • • •Anime: Bungo stray dogs •Shipp: Soukoku (Da...