Capítulo 23: Vinho e pimentas

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A chuva regava as gardênias da varanda. O dia era chuvoso e tempestades ameaçavam cair ao nascer do sol. Fazia tempo em que as madrugadas eram monótonas, enfadonhas. O tempo gélido congelava da ponta de seu nariz até a ponta dos pés, dentre os lençóis, se revirava à procura de aconchego, fugia da manhã congelante.

Ouviu batidas na porta.

─ Dazai? ─ Se espriguiçou.

─ Eu te acordei? Me desculpe. ─ Osamu entreabriu a porta e proferiu as desculpas com um sussurro.

─ Não, não consigo dormir.

─ Conte carneirinhos. ─ Soltou um riso.

Ele adentrou no quarto em passos lentos, bateu a porta e se sentou à beira da cama. Chuuya se levantou.

─ Onde vai?

─ Comprar vinho. ─ Calçou as meias coloridas e os sapatos verde musgo.

─ Vou com você. ─ Se voluntariou.

Nakahara não fez questão de responder, se dirigiu até a porta e a abriu, sentiu a brisa fria congelar seus ossos, respirou o ar gélido da madrugada álgida. As ruas, mesmo vazias, pareciam barulhentas, agitadas.

O sino da porta tilintou ao ser aberta. O vendedor possuía olheiras profundas, um olhar vazio, a pele pálida lhe dava um semblante de quase morte, era encantador.

─ Só isso? ─ O vendedor quis garantir que não faltava mais nada.

─ Pimentas, Chuu, pede pimentas. ─ Dazai se debruçava no balcão, ele não o via.

─ Vocês... Vocês vendem pimentas? ─ Hesitou.

O vendedor soltou um riso fraco, algo como "vinho e pimentas?".

─ Terceiro corredor à esquerda.

Carregava dentro da sacola três garrafas de vinho barato junto à uma cesta de pimentas malaguetas. O percurso pelo caminho de casa foi silencioso, nenhum dos dois se prontificou a quebrar a quietude. O frio era reconfortante, fazia tempo desde que se encorajou a sair na rua, a madrugada era calma, mesmo com um alvoroço interno.

Ao chegar em casa, retirou os sapatos e se deleitou ao sofá agarrado à garrafa de vinho tinto, sua cabeça zunia, mas se fez de desentendido, sentia seu corpo se despedaçar, mas novamente se fez de desentendido.

Osamu mastigava as pimentas, parecia se deliciar com o fruto inerente.

Nakahara se direcionou até a cozinha e procurou por taças, voltou e se sentou no tapete aveludado da sala de estar.

Se serviu da bebida e ofereceu à Dazai, que aceitou.

Chuuya girou a garrafa, sorriu travesso.

─ Verdade ou desafio?

─continua no capítulo 24.

─notas do autor: olha só quem voltou, sentiram saudades em em???

Cupido ─ SoukokuOnde histórias criam vida. Descubra agora