Quinto canto: A melodia

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Quando Irma se vira estava ali seu peão encantado, mas agora ela poderia sentir quente de sua respiração e o profundo azul de seus olhos. Ele não era mais uma fantasia e ela teve essa certeza quando acertou um tapa bem forte no rosto dele. Trindade só pode olhar incrédulo.

-Princesa!?

-Você sabe o quanto eu esperei nessa chuva? O quanto eu tive que ouvir esses meses todos que você nunca viria? Agora você me faz largar tudo e ainda demora? Você acha que sou alguma tola?

Irma não sabe de onde tirou essa reação e no motivo de estar virando às costas depois de tudo e principalmente a razão dele não a impedir de ir.

-Sim, eu acho você uma tola!

A petulância faz com ela pare antes de montar no cavalo. Ela estava sem entender a resposta e não será hoje que Trindade a deixaria sem respostas novamente.

-Como assim?? Você perdeu o juízo??

- Você é uma tola por nunca acreditar quando falo que estou sempre com você.

-Talvez porque eu não precise de uma promessa e sim do homem de carne e osso. O homem que sinto o cheiro, que escuto a voz e que me abrace quando me sinto tão tão perdida sem ele.

Nesse momento Trindade encurta a distância entre eles num abraço forte e molhado pela chuva. Sim, ele era de carne e osso. Principalmente quando ele levanta o queixo dela para um olhar anterior a um beijo cheio de urgência, mas ao mesmo tempo tão íntimo que parece que ele não ficou nem um dia fora.

O tempo que ficaram ali se deliciando deles mesmos foi o suficiente para a chuva parar e surgir um sol tímido por entre as nuvens. Irma não viu, mas com certeza se formou um arco-íris e fim dele eram os dois.

-Achei que era o fim...
-Oh minha princesa, quando falo que nunca terá fim, eu falo sério. Não estou ao seu lado, mas cada vez que pensamos um no outro nosso amor aumenta.

Depois de mais um beijo carinhoso e leve dessa vez, Trindade pega na mão de Irma para que ela gire e ele veja seu vestido. A moça sente um pouco de vergonha por estar assim.

-Você está mais linda do que nunca. Quase sinto pena do pobre que você deixou no altar...

-Eu não saberia continuar...

- Saberia, Irma. Você sempre foi boa em evitar o conflito.

-Você está me chamando de covarde?

-Não, minha princesa. Falo que você é sábia,  mas seu rio quer deixar de calmaria e eu como um pobre criado fiz correnteza com a minha viola.

Irma nunca entendeu como ele a lia tão bem. De forma quase assustadora. Parecia ler cada pensamento e cada vontade.  Ela não era uma surpresa para ele.

-Aí que você se engana, minha prenda. Teu coração de mulher briga sempre com teus sonhos de menina. Nunca é uma coisa só e eu só me deixo guiar como um menino...

Ela segura na mão dele nesse momento e o leva para perto da árvore onde se amaram pela primeira vez e sem medo de nada ela abaixa seu vestido de noiva para o olhar intenso de seu amado que fica surpreso ao ver a pena que deixou grudada próximo ao coração de Irma. Trindade suavemente tira a lembrança do corpo dela e beija com se fosse o próprio seio da mãe de seu filho.

-Minha pele é muito melhor, sabia?

Irma não precisou falar mais nada e logo ele estava beijando seu colo. O corpo dela estava em êxtase por matar a saudade da sensação dos lábios dele e o roçar leve de sua barba. Enquanto ele memorizava sua pele com beijos, ela tirava sua roupa e como ela estava sedenta por ver novamente aquele peito que era na medida para ela e ao chegar na abertura da calça dele notou que ele também estava tão ansioso quanto ela.

-Eu preciso eu preciso....

-Eu também, minha princesa...

Trindade se apoia no tronco da árvore sem se importar com os arranhões em suas costas e com um movimento meio sem jeito ele a penetra com vontade e com ímpeto maior do que imaginava, mas o gemido dela dá conta que ela havia gostado.

Ele tentou ao extremo demorar mais tempo, mas estava com muita saudade de seu amor, ela também estava, por isso quando as paredes dela se fecharam ao redor dele,  Trindade não resistiu mais e a seguiu no prazer. Ali ficaram abraçados por muitos minutos...

-Eu preciso voltar...Antero precisa de mim..
Mas não posso voltar sem você.

-Princesa, ninguém vai me aceitar lá.

-Se não lhe aceitam, não aceitam a mim. Trindade, será complicado, mas só peço que lute por nós...

-Tudo que fiz, foi por vocês, Irma

Ela dá um beijo leve em seus lábios para o assegurar que mesmo difícil, ela entendia que sim.

-Você, como sempre,  está certa. Eu não sei como vou fazer,  mas essa família é minha, é nossa família.

Essas palavras aqueceram o coração de Irma mesmo ela com arrepios pela nudez em que ainda estavam,mas o corpo dela pedia por algo...

-Mas antes de enfrentar esse exército, a gente podia se amar com tranquilidade mais a vez.
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-Seu pedido é uma ordem, amor

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