vigésimo terceiro encanto: A irmã de Irma II

88 5 50
                                    

A roda de estava até mais servida de churrasco e cerveja. Zé Leoncio estava se mostrando para Madeleine e Irma deveria se sentir mal com isso, mas não estava. Zé Lucas estava de olho na Juma abraçada ao Jove e Irma também deveria se sentir mal, mas não estava. O que tirou do sério foi a irmã sentada ao lado do violeiro perguntando coisas idiotas sobre os instrumentos.

-Nossa, você tem mãos enormes e dedos ágeis..

-Madeleine, você está falando como a chapeuzinho vermelho.

-Talvez eu quero conhecer esse lobo mau, Não?

Ele só sorri e continua tocando. Os dois estavam flertando descaradamente. Irma já não aguentava aquela cena patética e resolve puxar assunto com Zé Lucas. Ela sente uma pequena vitória quando nota que Trindade se perde na melodia e Madeleine precisa falar duas vezes com ele.

O papo com Zé era sempre um monólogo, porém, dessa vez, tinha uma serventia. Irma aproveita e segura o braço do peão algumas vezes. Ele nunca foi interessado e hoje ela notou bem, mas tudo era para ver a reação de Trindade. Ela cansou por um momento desse jogo e vai buscar uma cerveja especial na geladeira da sede. Ela leva um susto com ele atrás dela.

-A Princesa conseguiu o que queria, não é mesmo?

-Estou perto e você?

-Eu não quero sua irmã, Irma. Tenho interesse em uma só Novaes. Ela é formosa sim, mas não tem esse jeito seu...

-Que jeito? De trouxa?

-De felino.

-A onça é a Juma. Você está delirando...

-Você é tipo esses gatos da fazenda. Vive ronronando por aí, mas quando está no ataque, mostra as garras. É braba, mas só quer um carinho na barriga e miar no telhado.

-Eu acho que você está me desrespeitando...

-Como você não tem certeza se estou? Porque sabe que estou certo.

-Por que você está me falando isso, Trindade? Volta lá para minha irmã...

-Eu estou falando que estou desistindo de você.

-Como assim? Me enche de elogios para...

-Você saber quem você é. Irma, isso não passa pelo fato da gente estar junto ou não. Eu só queria que você soubesse disso e talvez isso ajudasse nos seus objetivos.

Ele vai em direção ao galpão dos peões e não para o lado de fora.

-Você não vai voltar?

-Não, eu quero estar bem para a missa de amanhã.

-Você não é católico.

-Eu sou. Só um cristão acreditaria tanto que exista o capeta, mas eu acredito fortemente em Deus e no destino. No que você acredita no lugar de crer em você?

-Em várias coisas. Boa noite, Trindade.

-Boa noite, felpuda.

Irma passa o resto da noite agitada pensando nas palavras dele. Em outro momento, ela ficaria feliz por se livrar das cantadas dele, mas ela não estava. Ele falar tão vazio com ela foi inesperado e ao mesmo tempo, revelador.

Madeleine logo a procura no quarto quando ela resolve entrar. Irma estava deitada já e fingindo ler o livro. Meia hora na mesma página.

- Está decorando a história, Irma?

-Não, estou me concentrando ou tentando.

-Papo difícil com o gostoso?

-Zé Lucas?

EncantosOnde histórias criam vida. Descubra agora