Décimo sétimo canto: Ta-hi, eu fiz tudo para você gostar de mim

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A casa estava uma bagunça com todos os preparativos da mais nova maluquice de Jove: um baile de carnaval e pior tudo bateu com a data que seu pai viria para uma visita. Irma estava nervosa com a proximidade nesses dois dias de festa. Geralmente esses eventos causa estresse na ruiva por sua vontade de ver tudo certo, pior ainda se um não tão antigo amor estava de volta

Irma tinha uma estranha sensação quando estava escolhendo quais fantasias iria alugar para esses bailes. Algo a atraiu para as duas escolhas e era mais estranho ainda porque ambas foram devolvidas de última hora porque a pessoa não se sentiu bem  nelas e ela estava melhor que nunca. Eram escolhas que ela nunca teria, mas pareciam sussurrar para a tia de Jove que ela seriam a chave para duas noites maravilhosas.

A cabeça dela estava muito confusa com tudo e ela também não queria logo ver Zé Leôncio. Então Irma resolve almoçar com Gustavo para tentar ter clareza de algumas coisas. O amigo demora um pouco, ela quase pensa que seria um dos muitos foras dele, mas quando a esperança quase acaba, o psicólogo chega.

-Desculpa a demora, um paciente de última hora.

-Madeleine ligou bem na hora que você saiu né?

-Sim, Irma, sim. Falei do paciente para você não pensar como agora.

-Que ela é uma prioridade? Que todos estão sempre disposto a atender a maravilhosa?

-Inclusive você, minha amiga. Ao invés de aproveitar esse belo chopp nessa tarde quente de fevereiro, você está medindo forças com sua irmã caçula e não se engane, se ela ligar pedindo que você busque Jove para resolver qualquer coisa que ela não tem paciência, você vai me deixar aqui sim.

Irma toma um gole da bebida mencionada e pensa como ele tem razão. Ela não queria, mas sempre também estava à serviço da irmã, mas afinal se ela não tiver, ela poderia colocar fogo na casa ou algo assim.

-Eu odeio você, sabe?

-Não, você tem que parar de se odiar e posso adiantar o motivo de tanto nervosismo, além da festa em si: Zé Leôncio. Ele virá e sua irmã passou um bom tempo reclamando disso.

-Ela o odeia.

-Não, ela não o odeia e nem ele a ela. Aliás sua mágoa é essa. Madeleine fez de tudo com ele, mas Zé não esquece esse amor por ela e você finge que o que aconteceu entre vocês foi amor.

-Eu sei que foi, Gustavo e ainda é..Ele só precisa saber que eu estou sempre ao lado dele e eu sou perfeita para ele.

-Quando você sentir a plenitude com alguém, você não terá dúvidas do que fazer. Quem está ao lado dele sempre é aquela moça da fazenda e Irma, não quero lhe magoar, mas se sentisse sua falta, não esperaria um convite do filho. Eu mesmo não sinto tudo isso com Madeleine. É um hábito. Eu gosto muito dela sim, mas no fundo não é o que seria para e eu vou parar porque não estou em uma sessão. Pizza ou batata?

-Vergonha na cara com veneno.

-Não esquece a cobertura de drama. Fritas então...

O papo com o amigo é sempre esclarecedor: ele fala e ela nunca escuta. Irma sente a necessidade de falar sobre a fantasia chamando por ela, mas pensa que talvez seu amigo fosse achar mais estranho ainda. Quando chega em sua casa, a festa estava quase toda montada. A verba do pai de Jove foi bem aplicada por ela. Irma sente que seu papel na vida sempre foi esse:cuidar. Quem cuidará dela? Ela tem o amor de seu filho do coração Jove, a amizade de Gustavo e ela arrisca que, do jeito delas, até mesmo de sua mãe e Madeleine. Paixão? Ela sentiu só uma vez e as palavras de seu amigo ficaram de fato em sua cabeça: era realmente o sentimento que ela pensava ter?

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