Décimo encanto: Manhã de Garoa

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Finalmente a estrela decidiu que já estava tudo bem naquela pequena fazenda e me devolveu a narração. Obrigada, espírito natalino.

O clima festivo ainda estava no ar no entanto. Até dona Mariana estava animada para a roda da virada de ano. Era a primeira na fazenda deles. Nos outros anos, todos iam para a atual fazenda da Filó.

Trindade entendeu bem que os ciúmes e insegurança dele estavam atrapalhando a relação com Irma e ela procurou entender que o mundo dele era diferente, mas ele sempre tenta estar presente em tudo que ela se propõe. Inclusive essa festa. O marido estava muito animado e trabalhando em dobro para atender cada pedido de sua princesa.

Curiosamente, só o menino que proporcionou essa união estava recluso. Mamãe e papai estavam já preocupados com os sumiços constantes do ruivinho. Em um café da manhã em família, a vó resolveu questionar também.

- Antero, por que você anda com tanta porta fechada? Eu até resolvi tomar esse café da manhã de selvagem para agradar e você parece distante...

-Mamãe... Tem nada de selvagem. A gente gosta de tomar café embaixo da árvore. Antero gosta do ar fresco.

-Enfim, a família de vocês anda bem assim. Minha resolução para o ano que vem é meter menos...

Trindade não resiste.

-Amém, Dona Mariana.

-Vai zombando... Porém Antero sempre será um assunto meu também,lidem com isso. Vamos, Tete, qual é a travessura?

O menino achava que poderia se esconder da pergunta com a pequena discussão entre os adultos, mas foi em vão.

-Nada demais, vovó. É uma surpresa para nossa festa e não é um banho de tinta como no ano passado. Aquilo foi ideia da Maria!!

-Nem me lembra disso...Eu não tinha cara para encarar a Filó.

-Foi engraçado... Demorou para tirar da viola, mas foi engraçado.

-Trindade!!!

-Ue, mas foi...Não faça mais isso,viu, filho?

Irma pensa como ela tem duas crianças em casa: uma pequena e outra grande. Uma sensação em seu peito diz que esse número aumentaria, mas ela não tinha tempo para isso. A festa já era no começo da noite e logo após o café, ela precisava ter uma conversa com Trindade.

Quando sobem para o quarto, ele pensa ser uma mais uma sessão de amor. Não era, mas virou. Dificilmente ela resistia ao seu peão encantado. Mesmo com mil coisas para resolver, eles se deram um tempo só namorando após fazerem amor. Porém Irma tinha que falar algo para evitar maiores problemas.

-Amor?

-Fale, minha princesa...

-Amo como agora você me chama de princesa toda hora. Nada como um dia louco...

-Verdade. Fico feliz que a gente se acertou.

-Também..e sobre isso...hoje virão aqui alguns amigos...

-o Zeluca...

-Sim...Não quero que fique pensando nada se eu der um pouco de atenção. Até porque temos que falar sobre a escola.

-Olha, princesa, algumas coisas o coração não manda,sabe? Mas vou tentar por você e pela confiança que tenho em você e no nosso casamento. Ele não me desce porque sei que acha que você me perdoou fácil. Só a gente sabe que não

Irma sabe que ele está certo sobre o que pensa do Zé e isso também anda incomodando a ela, mas ela fica feliz com a percepção dele já ter mudado e nova segurança que ele é seu amor e nada muda isso. Um beijo selou bem aquela parte do papo.

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