Eu Te Dou Meu Coração

Capítulo 6

GULF

Não sei quanto tempo passamos ali, deitados nos braços um do outro. Apenas senti alguém cutucando o meu ombro, me fazendo acordar. Era Jom.

- Desculpa te acordar... Minha mãe está te chamando pra comer. – Ela falava baixinho, já que Mew estava dormindo.

- Já estou indo. – Falei me movendo minimamente.

Com cuidado para não acordá-lo, tirei seu braço da minha cintura, e levantei da cama. O quarto estava silencioso, provavelmente meu celular havia descarregado. Assim que fechei a porta, dei de cara com Tong.

- E então? – Ele perguntou.

- Está tudo bem. Ele tá dormindo.

- Se resolveram?

- Sim. Eu consegui mostrar o que sinto por ele. – Eu disse sorrindo.

- Fico aliviado. Vem, já passa das 23:00. Mas, mamãe preparou um jantar para você. – Falou me puxando para a sala de jantar.

- Querido. Venha. Espero que goste. – A senhora Jong disse sorrindo.

- Eu... Não precisava se incomodar. – Falei envergonhado.

- Ora! Não me incomodo nenhum pouco fazer uma refeição decente para meu genro. Eu já disse. Agora coma, querido.

Eu imaginei que eles fariam de tudo pra que eu não ficasse com Mew, já que a maioria das pessoas, pensariam que eu estaria apenas atrás do dinheiro de uma família rica, cujo o filho era um deficiente. Ou que fossem o tipo de pessoas que pagariam altas quantias de dinheiro, para que o filho tivesse um “namorado”. Mas, a verdade é que eu jamais aceitaria qualquer quantia que fosse, mesmo que ajudasse nos meus estudos. Eu nunca aceitaria ficar com uma pessoa, apenas por interesse.

Apesar do acidente ter afetado uma parte importante e ter lhe tirado o direito de andar, ainda sim, ele era uma pessoa maravilhosa. Um homem gentil, carinhoso, respeitador, fofo, simpático. Quantas noites eu passei acordado estudando, e mesmo negando em fazer vídeo chamada, ele ficou o tempo todo ali, conversando comigo. O jeitinho preocupado dele quando eu fiquei doente, e ele perguntando, se eu estava bem, se tomei o remédio, se eu estava com febre, se fui ao médico.

Se fosse outra pessoa, já não ligaria muito para isso. Já teve outras pessoas, homens e mulheres, que pediam nudes, endereço, sexo online... Mas, Mew nunca pediu isso. E eu não precisei ver ele pra que eu soubesse que o amava. Eu me apaixonei completamente por aquele cara que era capaz de passar a noite acordado, estudando comigo. O cara que se preocupava quando eu estava doente.

MEW

Acordei sentindo a cama vazia e gelada. Não tinha mais o som da música. Senti meus olhos ardendo e inchados, um sinal claro que eu havia chorado. Era apenas mais um sonho. Mas, parecia tão real. O beijo, o sorriso, o abraço, a música...

Resolvi levantar da cama e ir até a cozinha. Assim que saí do quarto dei de cara com Anya.

- Acordou agora? – Perguntou.

- Só porque estou com fome. Prefiro ficar no meu quarto sozinho. – Eu disse um pouco ríspido.

- O que aconteceu?

- Nada. Com licença. – Falei empurrando a cadeira até a cozinha.

- Mew, filho. Venha até aqui. – Minha mãe chamou na sala de jantar.

- Eu só queria fazer um lanche e voltar pro meu quarto.

- Fique aqui. Eu vou trazer um pouco de sopa pra você. – Ela diz indo para a cozinha.