[ 𝟞𝟝 ] 𝑪𝒆𝒎𝒊𝒕𝒆́𝒓𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝒆𝒔𝒑𝒆𝒓𝒂𝒏𝒄̧𝒂𝒔 𝒆𝒏𝒕𝒆𝒓𝒓𝒂𝒅𝒂𝒔

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𓆙 𝟏𝟗 𝒅𝒆 𝒎𝒂𝒓𝒄̧𝒐 𝒅𝒆 𝟏𝟗𝟗𝟖

"Querida, você pode ficar na loja sábado pela manhã? Tenho que ir a Viena resolver algumas coisas com o contador, e só voltarei às onze" Dorothy Bauer diz, quando as duas mulheres estão tomando café da manhã. Seus cabelos vermelhos estão soltos ao redor de seu rosto redondo, suas feições gentis iluminadas pelo sol nascente que passa pelas janelas da cozinha.

"Claro, Dory" Stella concorda, mais do que feliz em ajudar a mulher que literalmente salvou sua vida. Embora, é claro, a mulher mais velha não desconfie disso.

Stella temeu que a oferta que Dorothy havia feito no funeral de Dalila Langster tivesse sido uma mera cortesia, apenas algo educado a se dizer para uma menina órfã. Entretanto, há oito meses a mulher mais velha a recebeu de braços abertos, dando-lhe um novo lar quando Stella não tinha nenhum. E a loira seria eternamente grata a ela.

"Vou indo, senão irei me atrasar" Stella diz, levantando-se da cadeira e puxando a mochila para as costas. Ela inclina-se em direção à Dorothy, que deposita um beijo suave em sua bochecha direita, antes dela sair pela porta da sala.

Stella havia passado os primeiros dois meses em Baden absolutamente paranóica. A garota não saia para nada, e ficou espantada por Dorothy não tê-la expulsado por seu comportamento absolutamente estranho. A verdade é que a jovem bruxa estava aterrorizada com a possibilidade de que sua localização fosse descoberta. Ninguém, exceto Draco, sabia sobre Baden. E ela não confiava mais nele.

Doía pensar em Draco. Pensar em seu rosto bonito, ou na forma como ele sorria para ela de um jeito que não sorria para mais ninguém no mundo. Ele havia derrubado todas suas barreiras, esgueirando-se para as profundezas de seu coração e fazendo Stella o amar perdidamente. E, mesmo agora, após ter deliberadamente mentido pra ela, ela ainda o amava. E isso só fazia doer mais.

Também doía pensar em seus amigos. Frequentemente, ela se via pensando no último aniversário de Draco, quando eles ficaram bêbados e correram de Filch pelos jardins. Mas, em seguida, as memórias do dia que eles a prenderam no dormitório invadiam sua mente, fazendo seu coração doer e lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

Mas, surpreendentemente, doía mais pensar em Severus Snape. Snape sempre soube toda a verdade sobre Draco, e nunca o ajudou ou contou nada a Stella. O homem que foi como um pai para ela durante todos seus anos em Hogwarts, o homem que sua mãe havia confiado para protegê-la, e que agora é um assassino.

Por isso, Stella lutou para manter cada uma dessas memórias cuidadosamente escondidas de si. Em uma seção de sua mente totalmente proibida de ser acessada.

Porém, havia uma parte de sua mente que ela não podia controlar. Durante à noite, o mesmo pesadelo arrastava-se até seu sono como um inferis. No sonho, Gilbert Mountbatten estava em frente a casa de Dorothy Bauer, acusando Stella de ser uma mentirosa. Ela então corria desesperada para longe dele, tentando escapar. Mas ele sempre a alcançava, e quando isso ocorria ela acordava gritando e ofegante.

Com o tempo, porém, Stella começou a acreditar que não seria encontrada. Se Draco tivesse dito a alguém sobre Baden, certamente já teriam a encontrado. Então, lentamente ela se permitiu a voltar a viver, e Dorothy a matriculou no colégio. E, pouco a pouco, ela foi se acostumando com a ideia de viver escondida para sempre.

Entretanto, Dorothy havia sido irredutível sobre Stella frequentar o ensino médio. Foi quase cômico voltar a uma escola trouxa após anos estudando poções e feitiços, mas o ato foi reconfortante. Lembrava Stella de sua vida com Dalila em Londres, quando sua única preocupação era se tiraria um A na prova de matemática. Bom, ela certamente tirou A em todos seus exames até agora.

INIMIGOS • draco malfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora