[ 𝟛𝟝 ] 𝑼𝒎 𝒑𝒐𝒖𝒄𝒐 𝒅𝒆 𝒄𝒐𝒓𝒂𝒈𝒆𝒎

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𓆙 𝟑𝟏 𝒅𝒆 𝒂𝒈𝒐𝒔𝒕𝒐 𝟏𝟗𝟗𝟓

O chão está congelando sob seus pés, a mansão inteira silenciosa. Draco pode ouvir os pássaros cantando lá fora, em um grande contraste com os roncos com os quais ele normalmente acorda em Hogwarts. Nenhuma luz entra pelas cortinas que pendem de suas grandes janelas, mas ele tem certeza de que se as abrir, estará claro.

Draco se arrasta em direção ao banheiro, escovando os dentes, a mesma sensação de aperto no estômago que está lá há semanas, desde o início das férias de verão. Assim que despediu-se de Stella naquele último dia de aula na Torre de Astronomia, ele soube o que precisa fazer, e tem refletido sobre isso dolorosamente durante todas as suas férias de verão.

Ele precisa terminar seu relacionamento com Stella Langster.

"M-Mestre Draco?" Soa uma voz baixa e estridente do lado de fora da porta de seu quarto. "A Senhora Malfoy solicita sua presença na sala de jantar, senhor."

"Um momento, Mippy" Draco retruca.

"Sim, Mestre Draco. Mippy avisará a Senhora Malfoy que o Mestre Draco demorará um momento" ele ouve a elfa doméstica dizer antes que haja um pequeno estalo.

Draco se força a descer as escadas da mansão, suas mãos segurando o corrimão por instinto. Uma vez, quando era mais jovem, ele caiu e machucou gravemente o tornozelo. Ele se lembra de soluçar no tapete abaixo, clamando por sua mãe, apenas para que seu pai o encontrasse. Um pouco de magia consertou seu tornozelo, mas as palavras que seu pai cuspiu nele o ferem mesmo agora.

"Mãe?" Draco chama ao entrar na sala de jantar.

Ele encontra uma mesa com comida suficiente para cerca de oito pessoas, frutas e doces e jarras de suco esperando para serem consumidas. Narcissa Malfoy está sentada na ponta da mesa, vestida tão elegantemente como sempre, mas Lucius Malfoy não está à vista. Draco não pode evitar, mas quase suspira de alívio.

Ele nem sempre esteve tão tenso com seu pai, mas isso foi quando ele era mais jovem e mais ingênuo. Ele cresceu querendo ser igual a ele, querendo ser forte e poderoso e que as pessoas corressem atrás dele assim como fazem com Lucius, e foi apenas recentemente, durante o quarto ano, que ele começou a se ressentir de seu pai.

Ressentido por nunca ter experimentado o amor paternal. Como nada que ele fazia era bom o suficiente para Lucius, ou como seus amigos e companheiros de casa recebiam duas cartas no final de cada semana, enquanto Draco recebia apenas uma de sua mãe.

E depois de se apaixonar por Stella, seu ódio por seu pai apenas se intensificou.

O medo o atinge, pois sabe que nunca acabará bem. Ele pode imaginar a expressão no rosto de seu pai se ele descobrir que Draco está namorando Stella Langster. Uma sonserina, com certeza, mas uma nascida trouxa. Draco está com medo do que seu pai fará com Stella se descobrir a verdade.

Se ele descobrir que Draco nutre sentimentos por ela, sentimentos tão fortes que a princípio ele confundiu a vibração de seu coração com dor no peito e a dopamina fluindo em suas veias como algum tipo de feitiço, os dois estarão mortos. Seu pai nunca poderá saber como ele se sente.

Nem mesmo Stella pode.

Porém, ele foi fraco. Ao vê-la lá em seu aniversário, tão linda e angelical rodopiando lindamente pelo salão de espelhos, com a aura de poder que parece acompanhá-la, ele não conseguiu segurar as palavras que pareciam desesperadas para escapar de seus lábios.

Draco Malfoy ama Stella Langster. Mas não deveria.

Merlin, ele se lembra da sensação que o percorreu quando ela disse que o ama. No fundo, ele temia que ela não correspondesse aos sentimentos dele, embora parecesse ficar atordoada toda vez que ele a olhava. No fundo, Draco ainda teme que algum dia Stella irá acordar e perceber que é boa demais para alguém como ele. Draco sempre acreditou que ninguém jamais o amaria de verdade, ele acabaria com alguém que amava seu dinheiro e seu status, alguém que era sangue puro e bom o suficiente para ele aos olhos de seu pai.

INIMIGOS • draco malfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora