INIMIGOS • draco malfoy

[ 𝟜𝟝 ] 𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒑𝒆𝒓𝒗𝒆𝒓𝒔𝒂

𓆙 𝟏𝟓 𝒅𝒆 𝒋𝒂𝒏𝒆𝒊𝒓𝒐 𝒅𝒆 𝟏𝟗𝟗𝟔

Quando Stella e Draco adentraram de mãos dadas pela primeira vez no Salão Principal após retornarem à Hogwarts, todos pareciam incapazes de desviar os olhos do rei e da rainha da Sonserina. Além disso, agora todos já sabiam a verdade sobre Stella. Gilbert havia feito questão de garantir que todos soubessem sua identidade, tendo em vista que ele não suportaria que continuassem acreditando que ela era uma sangue-ruim.

"Neville" Stella começa, na primeira aula após o recesso, assim que senta-se no assento ao lado do amigo com quem sempre dividiu a carteira nas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas. Ela foi uma das primeiras a chegar, junto com alguns outros grifinórios, e subitamente sente-se muito insegura. Havia planejado conversar com ele sobre seus pais, e tinha repassado seu discurso na sua cabeça inúmeras vezes. "Eu gostaria de..."

"É melhor nos afastarmos, Stella" Neville interrompe educadamente, reunindo seus pergaminhos antes de levantar-se de sua própria carteira para mudar de assento.

"Neville..." Stella começa, a expressão contorcida em dor enquanto também põe-se de pé. Neville tem os lábios firmemente contraídos, os olhos verdes brilhando de tristeza. "Neville, eu sinto m-".

"Fique longe, Stella" Dino Thomas ordena, surgindo ao lado de Neville, e Stella pisca surpresa.

"E-eu..." Stella começa, sua voz trêmula, notando a expressão de dor no rosto de Neville, agora incapaz de olhá-la nos olhos. Contudo, Rony Weasley a interrompe bruscamente:

"Você é filha do assassino dos meus tios e do responsável por deixar os pais de Neville permanentemente incapacitados. O mínimo que você pode fazer é se afastar de todos nós, sim?" Rony vocifera, e a revelação que os Prewett eram tios de Rony faz Stella cambalear. Seu estômago se contorce dolorosamente, a bile ácida ameaçando irromper por sua garganta.

De repente, Stella tem total consciência de todos os olhares dos alunos queimam sobre si e os cochichos que explodiram pela sala lotada. Todos a olham como se ela fosse uma criminosa.

A filha de um Comensal da Morte. A filha de um assassino.

Antes que tudo se torne absolutamente insuportável, Stella rapidamente corre em direção à saída da sala, sentindo as lágrimas escorrendo por seu rosto. Só então ela registra Harry Potter parado na porta, tendo assistido à cena com os olhos arregalados, porém antes que ele possa falar algo Stella já está correndo para longe.

Qualquer resquício de esperança que havia nutrido durante o Natal, de que talvez pudesse se recuperar após toda a dor que enfrentou, agora desapareceu. Tudo que Stella consegue sentir é desespero, enquanto inúmeras cenas passam como flashes em sua mente, fazendo-a querer gritar a plenos pulmões enquanto cambaleia sem rumo pelos corredores de Hogwarts. Severus Snape anunciando que Dalila Langster está morta. O caixão contendo o cadáver de sua mãe. Lucius Malfoy dizendo que seus pais são Comensais da Morte. Seu pai, um assassino que fugiu de Azkaban. Sua mãe, também morta. Ela, para sempre quebrada.

Stella tem certeza que nunca será feliz novamente. Na verdade, em seu âmago, ela sente que não merece experienciar a felicidade.

Por isso, ela passa o restante do dia escondida chorando em um armário de vassouras apertado e escuro, incapaz de olhar qualquer pessoa nos olhos.

Nos próximos dias, os rumores que acompanharam Stella rondavam sobre o fato dela ser filha do assassino Gilbert Mountbatten, responsável pelo assassinato dos irmãos Prewett e pelo atentado a Alice e Frank Longbottom. Stella ouvia a forma como todos diziam que agora fazia sentido a forma como ela agia. Sua perversidade com Mary Anne. Todo seu desprezo pelos outros alunos ao longo dos anos. A forma cruel como havia ousado sentar-se ao lado de Neville mesmo sabendo que seu pai era responsável por deixar seus pais insanos.