4 anos atrás...
Formigine, Itália
Felicite Vezzini sempre foi a pessoa que sabia ler as outras pessoas muito bem. Para ela, sempre pareceu algo fácil como respirar.
Também sempre foi muito fácil para ela se expressar.
Para a italiana cada cor representava um sentimento. O que deixava tudo ainda mais interessante quando Felicite precisava definir uma pessoa e cada ideia que ecoava de sua mente tinha a sua própria essência.
Por exemplo, para ela, o amor era vermelho. A frustração era cinza. A tranquila, verde-água. A melancolia, azul anil... E assim por diante. Eram muitos sentimentos e todos eles representavam uma cor do espectro para Felicite.
Não apenas os sentimentos tinham cores para ela, as situações também.
A passagem do tempo tinha todas as tonalidades do espectro. Para Felicite, a manhã era dourada, o meio dia era laranja, a noite era azul cristalino e a madrugada era numa tonalidade sombria de violeta.
Naquela noite, o tom sombrio de violeta tinha se transformado em um tom horrível de cinza — que já começava a aparecer em seus dias, desde que recebera a notícia que ela nem sabia e a perdera tão rápido quanto — e a pessoa que ela considerava a própria definição de vermelho, desde que colocara os olhos nele pela primeira, perdia as suas cores.
— ... Então, é isso? — A voz dele ecoava pela grande casa dos Vezzini, localizada em Formigine, na Itália. — Você quer jogar tudo realmente fora?
— O que seria esse "tudo"? — Felicite retrucou, passando as mãos pelos cabelos castanhos. — Nem nós sabemos...
— E parece que você também não quer saber, Felicite.
A maneira como ele dissera o nome dela, fez o coração de Felicite doer. Ele nunca a chamava daquela maneira.
— Você vai mesmo jogar o fracasso disso tudo em cima de mim? Eu nem sabia! Não tem como me culpar sobre uma perda que eu nem sabia. — Ela estava incrédula. — Quer saber, vai embora! Só vai e finge que nós nunca fizemos parte da vida um do outro.
Naquele momento, com as palavras duras e sem filtro, Felicite soube que tinha matado algo dentro dele.
Mas, ele também matara algo dentro dela.
— Você sabe mesmo como fazer uma bela cena, Felicite. — Disse o garoto, que não era tão mais velho do que a italiana...
E era isso, eles eram jovens, imaturos e irresponsáveis, com o fardo de algo que nem sabiam antes de acontecer e que não compreendiam o quanto o peso das palavras poderiam ferir.
— E você sabe bem como despedaçar alguém. — Retrucou ela.
Os olhos dele vacilaram.
Felicite precisou engolir em seco para impedir o bolo subir por sua garganta.
— Foi um erro.
— Nós dois? — Disse Felicite de modo retórico. — Sim, foi. Desde o começo, talvez o que aconteceu foi para nos mostrar que não daríamos certo de qualquer maneira. E agora, eu quero você fora da minha vida.
— Se eu sair por aquela porta, eu não irei mais voltar.
— Ótimo, porque eu não quero que você volte. — A italiana foi incisiva.
Se ele não conseguia perceber o quão mau os fizeram nos últimos meses, então que saísse de vez da vida de Felicite.
O problema era que Felicite também não enxergava que estava fazendo o mesmo com eles, esse tempo todo.
Eles mantiveram os seus olhos conectados por um minuto, tentando compreender qualquer que fossem os sentimentos ou qualquer coisa que demonstrasse que aquela era uma péssima ideia.
Mas, Felicite simplesmente perdera a sua habilidade de ler as pessoas e se antes ela enxergava as cores, naquele momento, tudo o que ela via era uma camada profunda e escura de cinza...
Como se mais nada existisse.
Felicite virou-se, quebrando as conexões deles e não podendo fazer aquilo.
Se ela estivesse de costas seria mais fácil vê-lo partir.
A italiana escutou um longo suspiro.
Pela última vez, ela escutou os passos dele saindo da casa dos Vezzini.
E, pela última vez, Felicite Vezzini se permitiu desabar e chorar por alguém.
Olá, amores da minha vida! Espero que todo mundo esteja bem!
Sejam bem-vindos oficialmente a nova versão dessa história. Para quem lia Synesthesia, The Last Time é uma reescrita da Felicite e do Charles.
Lari, por que você não continuou com Synesthesia?
Bom, eu eu estava bem animada com a história, mas ela já era escrita pela terceira vez naquela enredo e algo não parecia encaixar. Foi quando eu decidi descartar aquela ideia e usar os elementos bases para colocar no enredo de The Last Time (que era uma outra história que eu tinha planejado), e dessa vez, a escrita fluiu muito mais fácil do que em Synesthesia.
Então, vamos com The Last Time até o último capítulo.
E esse prólogo, hein? Já dá para tirar algo dele? Contem para mim!
Eu espero que vocês gostem de The Last Time assim como eu amei muito escrever e conhecer todos esse enredo e redescobrir os personagens.
O que podemos esperar por aqui é um Charles um pouco melancólico nesse começo, uma Felicite um pouco desiludida com umas coisas da vida, cenas envolvendo piano, a Ferrari com muitos problemas e um campeonato em jogo, alta velocidade, dois corações machucados pelas perdas e algumas coisinhas fofas que fazem os nossos corações ficarem quentinhos...
E, claro, um pouquinho de drama e sofrimento, porque a Fizzy e o Charles não são pessoas fáceis e nem a história deles será fácil.
Mas isso, eles te contam no próximo capítulo, espero que tenham gostado e até lá!!
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The Last Time
FanfictionSe você tivesse a chance de mudar o passado, o que seria capaz de fazer? Felicite Vezzini tinha uma resposta rápida e fácil para a questão: não entregar o seu coração para quem apenas iria despedaçá-lo no final. Já Charles Leclerc tinha uma respos...