Se você tivesse a chance de mudar o passado, o que seria capaz de fazer?
Felicite Vezzini tinha uma resposta rápida e fácil para a questão: não entregar o seu coração para quem apenas iria despedaçá-lo no final.
Já Charles Leclerc tinha uma respos...
Você pode perder tudo, a verdade é que nunca se sabe (...)
Nunca sabemos quando
Quando o nosso tempo irá acabar
Então eu vou te amar como se eu fosse te perder" - Like I'm Gonna Lose You (Meghan Trainor feat. John Legend)
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Charles
Budapeste, Hungria
A atmosfera da equipe não poderia ser melhor ao final da décima terceira etapa, que também marcava o fim da primeira parte do campeonato. Entrávamos nas férias de verão com a Ferrari estando no primeiro lugar do Campeonato Mundial de Pilotos e comigo na liderança o de Pilotos, e Carlos vinha em terceiro lugar, com chances reais de levarmos a dobradinho no final do ano.
Eram motivos para comemorar e foi aquilo que a equipe da comunicação da escuderia organizou naquela noite, quando todos foram liberados de suas funções no paddock. A maioria dos voos seriam na tarde do dia seguinte, então era uma desculpa para comemorarmos. A pequena festa acontecia em um dos salões do hotel, já que chovia forte na cidade húngara e sair do hotel deixara de ser uma opção ao final da etapa.
O time de comunicação organizou uma comemoração com direito a quase todos os membros da equipe reunidos, bebidas e comidas à vontade para todos, música para todos os gostos e Mia tinha conseguido arrumar um karaokê. Este quando foi liberado fez o pessoal realmente ficar empolgado na cantoria, e alguns até mesmo se arriscaram no microfone, arrancando algumas risadas e piadas de todos.
O meu time de engenheiro desafinaram uma música do Coldplay, enquanto o time de Carlos arriscou uma do Arctic Monkeys.
O pessoal da comunicação nos agraciou com uma performance bem teatral da música de Titanic.
Até mesmo Carlos e Fizzy nos presentearam com a apresentação de um reggaeton. Na verdade, Carlos apenas fazia a segunda voz e Felicite levava a música muito bem, monopolizando toda a minha atenção nela.
Depois de nossa conversa franca dias atrás, sobre o passado, a nossa perda e as nossas dores, as coisas pareciam ter ficado melhores entre nós. Pelo menos, não estávamos mais pisando em ovos um com o outro. Não existia mais o assunto inacabado entre nós.
Nós perdemos um bebê anos atrás, um que nem sabíamos que poderíamos ter. E as coisas que aconteceram depois, foram uma série de decisões erradas e dois corações machucados pela perda e de duas pessoas imaturas demais para encarar aquilo de frente. Foi o que causou o nosso fim doloroso e que deixou marcar enormes em nós.
Mas depois que conversamos e passamos um bom tempo juntos nos jardins dos Ferrari, apenas conversando e nos braços um do outro, era como se tivéssemos decidido, de maneira silenciosa, colocar uma pedra em nosso passado e apenas pensar no presente, mas sem a certeza do futuro.
