27 | Poderíamos ser o suficiente?

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"Você poderia nomear um lugar e hora

Não há nenhum lugar que eu não iria

Contanto que seja apenas você e eu

Parece que estou indo para casa" - Going Home (The Aces)

Parece que estou indo para casa" - Going Home (The Aces)

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Charles

Monte Carlo, Mônaco

Era loucura voltar para Mônaco quando a última etapa havia sido nas Américas e a próxima também seria. Foi o que Mia me dissera quando eu lhe pedi para reservar um voo para o principado, depois que eu desci do primeiro lugar do pódio no México.

Mas, eu precisava ir para casa e ficar um pouco sozinho para colocar os meus pensamentos no lugar e compreender algumas coisas que estavam acontecendo... E as que não estavam acontecendo.

Tudo estava um completo caos, mas eu precisava fingir que estava tudo bem e sob controle.

Só que nada estava sob controle.

A próxima etapa do campeonato poderia ser a mais importante de toda a temporada. A etapa que me consagraria campeão mundial pela primeira vez. Onde eu levaria todas as glórias que um piloto desejaria receber desde o momento que entrava em um carro de corrida pela primeira vez. Uma glória que poucos foram capazes de escrever na história da Fórmula 1.

Era uma grande responsabilidade, que eu tinha grandes chances de conquistar no Grande Prêmio do Brasil. Eu apenas precisava chegar entre os cinco primeiros. Não era algo difícil, eu apenas precisava estar focado e com os pensamentos no lugar.

O problema era que os meus pensamentos estavam em qualquer lugar, menos na próxima etapa. Assim como eles não estiveram concentrados nas duas etapas anteriores. Eu não sabia como conseguira levar um segundo lugar em Austin e o primeiro lugar na Cidade do México. Eu estava funcionando no automático desde o evento da Ferrari em Milão, quando eu compreendi que poderia ter pedido o amor da vida para sempre, porque, talvez, o destino não estivesse querendo que nós ficássemos juntos.

Por isso, voltar para casa antes da etapa do Brasil havia sido a melhor decisão que eu tomara em semanas. Pois, eu teria um tempo completamente sozinho para deixar os meus problemas e desapontamentos com o resto do mundo de lado, depois de muito ficar pensando neles e tentar entendê-los.

Outro motivo para eu não ter contato para ninguém, além de Mia, que estava de volta em casa por alguns dias. Os meus irmão — principalmente Lorenzo — iriam aparecer, e a minha mãe também, que estava muito preocupada comigo desde que eu contara tudo a ela sobre Felicite e eu.

Suspirei profundamente ao pensar em Fizzy. Apoiei os meus dedos em cima das teclas do piano, cessando a melodia pesada que ecoava pelo meu apartamento.

Desviei os olhos para a janela da sala. Era final de tarde e estava nublado e cinzento, como se fosse chover a qualquer instante no principado. Parecia que até mesmo o clima estava se compadecendo com os sentimentos conflituosos e sem esperanças, que assolavam o meu peito. Parecia que não havia nada que poderia ser feito a respeito daquilo, a não continuar aceitando que o caos sempre faria parte da minha vida e que eu perdera Fizzy mais uma vez, só que para sempre.

The Last TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora