VI - Perto da verdade

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Chichi estacionou o aerocarro na porta da casa da amiga, ajudou o seu filho caçula a descer, apertou o botão para que virasse cápsula de novo, viu Goten correr até a porta feito um louco enquanto enfiava a cápsula na bolsa.

- Goten... Não corra, filho, você pode cair e se machucar – advertiu ela enquanto caminhava atrás dele.

- Que nada mãe! Eu sou um sayajin.

O garoto apertou o interfone. Passados uns segundos, Bulma apareceu na porta escancarada.

- Que bom que veio, Chichi.

A mulher de cabelos azuis afastou-se para que a morena entrasse.

- Tia Bulma, onde está o Trunks? – perguntou ansioso o pequenino.

- No quarto, querido. Pode subir.

Bulma acariciou os cabelos rebeldes do garoto e algumas lembranças das suas aventuras com o seu amigo vieram à sua mente. Afinal, aquele garotinho era uma cópia exata de Son Goku quando se conheceram. Suspirou fundo, a ver o garotinho correr.

- Goten-kun, não corra na casa dos outros!! – Chichi gritou tão alto que Bulma teve que tapar os ouvidos. Os pássaros das árvores do quintal saíram alvoroçados, subindo pelo céu afora. A seguir, baixou o tom de voz: – Tenha modos, filho.

- Deixa ele, Chichi. Só esta ansioso para brincar com o Trunks...

Bulma olhava-a com tristeza, as olheiras eram visíveis sob os olhos inchados de tanto chorar, mostrava que a mulher tinha dormido pouco e chorado muito. Chichi respirou fundo, não queria apelar a melodrama, nem carregar no ponto que magoava mais Bulma. Haveria de resolver aquele assunto rapidamente e perguntou direta:

- Onde está a pequenina?

- Está com a minha mãe. Mas antes quero que venha comigo

Bulma entrou no seu quarto, agarrou no bilhete e mostrou-lho. Chichi leu linha por linha. Baixou a mão que segurava o pequeno pedaço de papel que tantos tormentos tinham causado à cientista e encarou-a com um sorriso singelo.

- Parece um bilhete comum, daqueles que uma mãe escreve quando não tem condições de cuidar do filho.

- Não é um bilhete comum, Chichi. Leia de novo – insistiu Bulma apontando nervosamente para a mão da amiga. Os olhos estavam aguados.

Chichi fez-lhe a vontade e deu mais uma leitura. Pelo sim, pelo não, releu as poucas linhas uma terceira vez, arqueando uma sobrancelha, pois continuava sem encontrar qualquer indício ou prova de culpa ou sequer uma ténue explicação naquelas palavras manuscritas.

- Continuo sem perceber...

- Aí está escrito, com todas as letras, que Vegeta é o pai da criança.

- Mas, eu não vejo nada que aponte isso.

- Como não?

Bulma tomou o bilhete com raiva da mão de Chichi e começou a explicação, apontando a unha pintada para as primeiras linhas.

- "Para que nunca te esqueças"... Está diretamente relacionado com o pai da criança que deixou a mulher abandonada. Para que ele nunca se esqueça do erro que cometeu, agora fica com a responsabilidade de criar o erro. "Quero que saibas que nunca me esquecerei de ti, minha doce filha"... Esta será tanto para o pai, como para a menina. A mãe nunca se vai esquecer da filha, mas também nunca se vai esquecer do pai. O que quer dizer que ela ainda o ama, ao maldito que a abandonou com a criança. "Adoro-te, és a minha vida"... Outro recado para o miserável do pai. Depois de tudo o que ele lhe fez, ela ainda tem esperança que ele regresse... Vê se isso tem cabimento, Chichi! Quem vai querer que alguém que tenha magoado assim tão fundo, regresse? Eu não o quero nunca mais aqui, na minha casa! Aquele saiyajin marrento... Ontem, ele passou a tarde toda fora e não me quis dizer onde esteve. Como é possível? Tenho certeza que ele aprendeu algo com o verme do Yamcha.

Tempestade de PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora